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Meia cerebral, Robert Prytz defendeu Atalanta e Verona durante sua passagem pela Itália

Em uma época em que os holofotes apontavam para astros como Diego Armando Maradona, Marco van Basten e Roberto Baggio, Robert Prytz, um meio-campista baixinho e atarracado, parou no futebol italiano depois de ter se destacado na Suécia, seu país de origem, e também em Escócia e Suíça. Jogador cerebral, Prytz sempre foi o regente nas equipes em que atuou, inclusive na Atalanta e no Verona, as duas agremiações que defendeu enquanto morou na Velha Bota.

Talento sueco

Robert Prytz estreou profissionalmente no futebol em 1977, aos 17 anos, pelo Malmö, clube localizado em sua – homônima – cidade natal, no extremo sul da Suécia. Em um espaço de duas temporadas, se tornou titular indiscutível e atuou na decisão da Copa dos Campeões de 1979, conquistada pelo Nottingham Forest, da Inglaterra, que venceu pelo placar mínimo.

Por terem sido campeões, os ingleses tinham direito de participar da Copa Intercontinental, mas optaram por não disputarem o torneio. Com isso, o Malmö, vice, enfrentou o Olimpia, clube paraguaio que havia faturado a Copa Libertadores. No primeiro confronto, na Suécia, os anfitriões foram batidos por 1 a 0. Na derradeira partida, em Assunção, o Olimpia abriu o placar e os escandinavos buscaram a igualdade, mas os sul-americanos venceram por 2 a 1 e ficaram com o caneco.

Na virada da década, Prytz foi um dos protagonistas no título da Copa da Suécia, em 1980, e mostrou seu faro de goleador um ano depois, quando marcou 16 vezes. Cobiçado por vários clubes, fechou com o Rangers, da Escócia. Passou um biênio em Glasgow e conquistou duas vezes a Copa da Liga Escocesa.

Os suecos Prytz e Strömberg se destacaram na Atalanta do fim da década de 1980 (imago)

Em seguida, após um breve regresso para o país de origem para atuar pelo IFK Göteborg, embarcou para a Suíça em um biênio bem-sucedido, ganhando a taça do campeonato nacional e sendo eleito o melhor jogador estrangeiro em 1986, ano em que também foi condecorado pela federação sueca com o Guldbollen, prêmio dado ao melhor nome do futebol de seu país.

Em 1987, venceu a copa nacional helvética e na temporada seguinte se transferiu para o Uerdingen, da Alemanha, que era patrocinado pela Bayer na época. Foi um ano positivo para Prytz em nível individual, já que ele atuou 34 vezes e anotou nove gols. O bom desempenho fez com que clubes italianos o observassem, e ele fechou com a Atalanta.

Em Bérgamo, foi companheiro de equipe de Glenn Strömberg, seu compatriota. Os dois, aliás, figuravam, ao lado de Glenn Hysén, entre os principais nomes de uma seleção sueca que não engrenava e que, durante a década de 1980, não disputou a Euro ou a Copa do Mundo uma vez sequer.

Na Bota, porém, o novo contratado rapidamente se tornou um dos pilares do time treinado por Emiliano Mondonico, que conduziu a Dea às semifinais da Coppa Italia e a um surpreendente sexto lugar na Serie A – nessas campanhas, Prytz balançou as redes quatro vezes, no total. Graças ao desempenho no campeonato nacional, a equipe nerazzurra garantiu vaga na Copa Uefa do ano seguinte.

Prytz teve um ano positivo na Atalanta e só não ficou mais tempo porque foi trocado com o Verona por Caniggia (imago)

De Bérgamo para Verona

Na temporada 1989-90, a direção dos orobici enviou Prytz para o Verona em troca do promissor goleador Claudio Caniggia. O escambo entre estrangeiros era necessário porque cada time italiano só podia ter até três atletas nascidos fora da Bota naquela época.

Pelo novo clube, o sueco continuou com as boas atuações, mas não foi capaz de impedir o rebaixamento. O grande momento dos gialloblù naquela campanha foi uma vitória diante do Milan por 2 a 1 na penúltima rodada, que tirou os rossoneri da disputa pelo scudetto, que ficou com o Napoli. Novamente, o Hellas era fatal para o Diavolo, tal qual ocorrera na década de 1970.

Para Prytz, um momento especial foi em seu retorno a Bérgamo, quando foi recebido com aplausos pela torcida nerazzurra. O encontro terminou com triunfo da Dea, graças a um gol anotado por Armando Madonna. Apesar de ter sido um dos poucos a terem se salvado no time treinado por Osvaldo Bagnoli, o sueco jogou bem menos do que em seu ano de Atalanta – 28 aparições contra 40 pelos lombardos.

Prytz permaneceu para a disputa da Serie B, agora sob o comando de Eugenio Fascetti. Foi uma temporada prolífica para o sueco, que foi às redes 11 vezes e se tornou vice-artilheiro do time, e feliz para o Verona, que regressou à primeira divisão. À época, vale destacar, o meia já havia se aposentado da seleção de seu país e perdido a chance de representá-la na Copa do Mundo de 1990, disputada em solo italiano.

Apesar de ter sido importante no Verona, o sueco teve de disputar a segunda divisão duas vezes (L’Arena)

O Hellas durou pouquíssimo na primeira divisão – um ano, mais exatamente. Em 1992, os gialloblù amargaram mais um descenso, ainda que contassem com o próprio Prytz e nomes como Alessandro Renica, Luca Pellegrini, Marino Magrin, Pietro Fanna, Dragan Stojkovic e Florin Raducioiu. Apesar de ter sido o artilheiro da equipe, com seis gols, Robert definitivamente não teve motivos para comemorar. Sua última temporada pelos scaligeri foi em 1992-93, quando o time concluiu a segundona com um insosso 12º lugar e ele foi, novamente, o seu goleador máximo, com seis tentos.

Em 1993, encerrou a sua militância pelo Hellas após 133 partidas e 24 gols. Robert retornou para casa, para nova passagem pelo Malmö, e depois jogou atuou outra vez com a camisa aurinegra do Young Boys, na Suíça. Nos últimos lampejos de sua carreira, Prytz peregrinou pela Escócia e defendeu diversos times pequenos – Kilmarnock e Hamilton Academical foram os maiores –, até se aposentar em 2001, aos 41 anos.

Como tantos outros, se arriscou como treinador, e definiu como foi esta etapa em sua vida em entrevista concedida ao site TuttoMercattoWeb: “as coisas não correram mal, mas depois preferi me afastar do futebol profissional”. Há alguns anos, o ex-jogador vem trabalhando no mercado cervejeiro, mais especificamente com limpeza e instalação de torneiras de cerveja. Para Prytz, a Itália é, hoje, apenas uma lembrança entre notas de lúpulo.

Robert Prytz
Nascimento: 12 de janeiro de 1960, em Malmö, Suécia
Posição: meio-campista
Clubes: Malmö (1977-82 e 1993-95), Glasgow Rangers (1982-85), IFK Göteborg (1985), Young Boys (1986-87 e 1995-97), Bayer Uerdingen (1987-88), Atalanta (1988-89), Verona (1989-93), Kilmarnock (1997), Dumbarton (1997), Cowdenbeath (1997), East Fife (1997-98), Pollok (1998-2000) e Hamilton Academical (2000-01)
Títulos: Campeonato Sueco (1977), Copa da Suécia (1978 e 1980), Copa da Liga Escocesa (1984 e 1985), Campeonato Suíço (1986), Supercopa da Suíça (1986) e Copa da Suíça (1987)
Seleção sueca: 56 jogos e 13 gols

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