Euro Seleção italiana

‘It’s coming to Rome’: Itália cala Wembley e conquista o bicampeonato europeu

Depois de 53 anos, a Itália conseguiu: está no topo da Europa novamente. Assim como no título de 1968, uma geração sólida conduziu a Nazionale à glória ao resistir às dificuldades na decisão do torneio. Em Wembley, os azzurri jogaram contra a Inglaterra e o público da casa, driblaram problemas físicos e, após um empate por 1 a 1, levaram a melhor nos pênaltis.

A Itália mal teve tempo de respirar. Com dois minutos de partida, Kane recebeu na linha central e inverteu o jogo com Trippier. Emerson não cortou o espaço, Chiellini também não dobrou na pressão e o lateral levantou a cabeça para cruzar na medida para Shaw. Nas costas de Di Lorenzo, sem ser incomodado por qualquer italiano, o atleta do Manchester United completou de primeira para o fundo da rede, punindo os azzurri com a troca de corredor que tanto gostam. Foi o gol mais rápido de uma final de Euro.

Nesse momento, ficaria claro que a escolha de Southgate em deixar Saka no banco e voltar ao 3-4-2-1 tinha sido acertada. E iria piorar para a Itália, pois todo o primeiro tempo foi condicionado pelo gol inglês. Nos minutos seguintes, uma Squadra Azzurra atordoada não conseguia encaixar seus passes e progredir num campo molhado pela tradicional garoa londrina.

Já a Inglaterra, com a proteção de sua linha de cinco, evitava o jogo de um contra um dos pontas italianos e logo após avançava com velocidade, levando vantagem com Trippier pela direita, nas costas de Emerson. O volume inglês era alto e o segundo tento poderia ter sido marcado.

A Nazionale suportou esse momento e, pouco a pouco, foi assumindo o controle total da posse de bola, circulando de um lado a outro do campo e matando as boas transições inglesas. O maior sofrimento tinha passado. Contudo, um novo desafio se apresentou: romper a última linha de marcação dos donos da casa.

O gol de Bonucci deu início à reação azzurra (IPA)

O time de Mancini rodou bastante a bola, trabalhou as aproximações, tentou com paciência, mas falhou em encaixar o último passe. O melhor apareceu com a insistência de Chiesa, que sempre acredita e sempre tenta chegar ao gol adversário. Na individualidade, criou a melhor chance da Squadra Azzurra no primeiro tempo, mas o chute passou à esquerda da meta defendida por Pickford.

Na volta para a segunda etapa, Mancini optou por não realizar trocas de peças na equipe. Com uma postura um pouco mais agressiva, a Itália tentou empurrar cada vez mais a linha de defesa da Inglaterra, mas o encaixe defensivo era muito bem executado. Observando isso, Mancio decidiu que era o momento de trocar: sacou Barella e Immobile para colocar Cristante e Berardi em campo. Insigne passou a jogar centralizado no comando do ataque e, com sua movimentação, ajudou a tirar o melhor acerto defensivo dos donos da casa, fazendo a Nazionale crescer.

Gelado: Donnarumma defendeu dois pênaltis e deu o título para a Itália (imago)

A cada minuto que passava, a pressão ia aumentando e a Inglaterra continuava sem encontrar uma saída para o campo ofensivo. Dessa forma, o empate italiano terminou sendo inevitável: em escanteio cobrado para a área, houve muita disputa no centro da defesa e Verratti finalizou como deu. Pickford se esforçou, a bola tocou na trave e sobrou na medida para Bonucci empatar o confronto. Depois disso, a partida passou a ser completamente da Squadra Azzurra e Chiesa brilhou muito. Com seus dribles, abria o campo e criava espaço. O jogador da Juventus lesionou o tornozelo perto do fim do tempo regulamentar e a Itália sentiu muito sua saída.

Mancini teve de abrir mão de Insigne e Verratti por problemas físicos e colocou jogadores descansados em campo. Porém, a prorrogação foi dominada pela Inglaterra, que empurrou a linha de defesa italiana e tentou marcar o gol que valeria o título na base da força, dos cruzamentos laterais. Não marcou. E nem iria marcar, enfrentando uma zaga composta por Bonucci e Chiellini com um altíssimo nível de concentração e dedicação, apropriado para a final. Assim, os pênaltis novamente entraram no caminho da Itália.

Chiellini e Bonucci tiveram atuações estupendas na decisão europeia (imago)

Berardi começou cobrando e marcou. Kane veio na sequência e igualou. Chegou a vez de Belotti, que telegrafou a finalização e facilitou a defesa de Pickford. Maguire marcou e deu a vantagem à Inglaterra, mas, logo na sequência, Bonucci converteu para a Itália e Rashford acertou a trave esquerda de Donnarumma. Bernardeschi chutou no centro do gol e jogou a pressão para os donos da casa. Depois desse momento, apareceu a estrela de Donnarumma.

Primeiro, o novo goleiro do Paris Saint-Germain defendeu a penalidade de Sancho. Jorginho teve a bola do bicampeonato em seus pés, mas diferentemente do que fez Simon na semi, Pickford não caiu na finta da cobrança do volante do Chelsea e conseguiu evitar o gol: desviou a plota, que depois encontrou a trave. Saka tinha a obrigação de converter para manter a Inglaterra viva. O jovem de 19 anos partiu para a cobrança e Donnarumma pulou para entrar para a história como o melhor jogador da Euro. E como campeão continental.

Mancini chegou, recuperou peças abaladas pelo fracasso de 2018, introduziu jovens ao elenco e ao time titular. Redefiniu a forma de jogar de uma seleção que tinha bons nomes, mas não era bem treinada. Levou amigos dos tempos de Sampdoria, vice-campeã europeia em Wembley, para trabalhar consigo – Vialli, Evani, Lombrdo e Salsano, que se juntaram a Oriali e a De Rossi na comissão técnica. Agora, colheu os frutos: soma 34 partidas seguidas sem conhecer uma derrota e, no mesmo estádio em que chorara a perda da Copa dos Campeões, em 1992, levou a Itália ao bicampeonato europeu. No, it’s not coming home. It’s going to Rome.

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