Coppa Italia

Com dois de Lautaro, a Inter virou sobre a Fiorentina e garantiu sua nona Coppa Italia

Nesta quarta, 24 de maio, a Inter faturou mais uma vez a Coppa Italia. Em um jogo elétrico no Olímpico de Roma, a Beneamata viu a Fiorentina abrir o placar logo no início e precisou ir atrás do prejuízo. Com seus dois gols, Martínez foi o herói do segundo título consecutivo da equipe no torneio. Agora, os nerazzurri detêm nove troféus da competição.

Apesar das diferenças de elenco e, inclusive, de investimento financeiro, a decisão valia muito para ambas as equipes. Do lado da Inter, seria a chance de conquistar mais um título nacional – os nerazzurri já haviam conquistado, no começo de 2023, o bicampeonato da Supercopa Italiana. Para a Fiorentina, em sua primeira final em quase uma década, havia a chance de quebrar um jejum de 22 anos sem levantar o troféu.

Como se não bastasse, ambas as agremiações disputarão decisões continentais: a Inter chegou à final da Liga dos Campeões depois de 13 anos e a Fiorentina disputará o título da Liga Conferência, quebrando um jejum de mais de três décadas sem alcançar uma finalíssima em torneios da Uefa. São semanas mais do que especiais para as duas equipes e a Coppa Italia seria a primeira missão para as duas.

Em relação às escalações iniciais, nem Simone Inzaghi nem Vincenzo Italiano alteraram seus típicos estilos de jogo. O técnico violeta escalou um 4-2-3-1, com Castrovilli um pouco mais à frente de Amrabat e Bonaventura. No ataque, Ikoné e González foram para as pontas, enquanto Arthur Cabral era a referência. Já o técnico nerazzurro manteve seu clássico 3-5-2, mas com o capitão Handanovic debaixo das traves, como nas outras partidas da copa em que o esloveno esteve disponível. Apesar disso, muitos interistas torceram o nariz para a escolha – e queimaram a língua pela exibição do eterno Batman da Beneamata, que salvaria o time em momentos importantes da decisão.

O jogo

Nem deu tempo de piscar e já tinha rede balançando no Olímpico. Aos 2 minutos de jogo, Ikoné cruzou rasteiro para González abrir o placar para a Fiorentina, que começou com tudo. Mais avançados, os pontas violetas atrapalharam – e muito – a vida da Inter no início da decisão. Sem conseguirem investir nos contra-ataques, seu principal cartão de visita, os nerazzurri recuavam e apostavam na maior posse de bola. Mesmo assim, a equipe gigliata tinha as melhores chances no ataque. Isso só começou a mudar na casa dos 20, quando Lautaro deu um presente em forma de passe para Dzeko. O bósnio ficou cara a cara com o goleiro Terracciano, mas chutou por cima da baliza.

A chance perdida por Dzeko foi a melhor da Inter até então, já que a Beneamata ainda tinha dificuldades para se impor ofensivamente. Ainda assim, os nerazzurri passaram a encaixar contra-ataques rápidos – e, de tanto tentarem, conseguiram balançar as redes aos 28 minutos. Acerbi roubou a bola da zaga toscana e tocou para Dumfries, que tabelou com Brozovic. O meia croata deu um lindo passe para Lautaro, que, livre dentro da área, chutou rasteiro e cruzado, empatando a peleja.

Com gol precoce de González, a Fiorentina saiu na frente na final da Coppa Italia (AFP/Getty)

O empate fez com que os nerazzurri se empolgassem e conseguissem criar mais jogadas. Dito e feito: aos 36, Çalhanoglu cruzou de direita, com a zaga adversária tirando o perigo. Porém, a bola sobrou para Barella, que matou no peito e botou de novo a pelota na área. Lautaro aproveitou e, se antecipando à marcação, emendou um lindo voleio para anotar o seu segundo gol. Com os tentos na decisão, o argentino agora chegou aos 101 e está a apenas cinco de se tornar um dos dez maiores artilheiros da história da Inter – o atual 10° lugar é de Ermanno Aebi, com 106.

Do outro lado, a Fiorentina sentiu a virada. No entanto, isso não fez com que os violetas baixassem a cabeça. Na segunda etapa, a Viola foi com tudo para buscar empatar o jogo novamente. Só que isso abria espaços na defesa – tudo o que a Inter mais queria. Inzaghi, então, resolveu fazer as primeiras alterações: De Vrij tomou o lugar do amarelado Bastoni, e Lukaku substituiu Dzeko, que reclamou com o técnico de não ter permanecido em campo por mais tempo.

As mudanças logo surtiram efeito: aos 66, o atacante belga recebeu um lançamento, girou e chutou firme no gol. Terracciano defendeu, mas deu chance para o rebote. Dimarco apareceu na área e tentou finalizar, com o goleiro violeta espalmando mais uma vez. No fim, o lance não deu em nada, pois o assistente marcou impedimento do ala da Inter.

Vendo o tempo passar, Italiano decidiu arriscar de vez: colocou Jovic no lugar de Amrabat e montou um 4-2-4, com Sottil e González nas pontas, Mandragora e Bonaventura na sustentação e um comando de ataque formado pelo sérvio e Arthur Cabral. A pressão da Fiorentina se estabeleceu, mas a Inter se aproveitava de suas linhas baixas para contragolpear.

Com isso, o jogo ficou mais aberto, com chances para as duas equipes. Aos 73 minutos, Biraghi quase fez um golaço de fora da área, mas a bola foi por cima da baliza. Do outro lado, Lukaku disparou pela ponta e cruzou rasteiro para Gosens, que, pressionado por Dodô, não conseguiu concluir para as redes. A torcida da Inter quase morreu de susto aos 77, quando Handanovic subiu para defender um balão e foi tocado por Arthur Cabral. O goleiro soltou a pelota, que caminhou perto da linha, mas o árbitro Massimiliano Irrati pegou falta do brasileiro.

Consolidado como ídolo interista, Lautaro virou a partida e garantiu o troféu para os nerazzurri (AFP/Getty)

A Viola não desistiu um minuto sequer e teve sua maior chance no segundo tempo: Bonaventura deu um lindo passe para Jovic, que se desvencilhou da marcação e chutou de pé esquerdo, parando na excelente defesa de Handanovic. Em seguida, o ritmo diminuiu um pouco, porque a Inter passou a travar mais o jogo, mas a Fiorentina voltou a ter ótima chance com seu atacante sérvio, que perderia uma chance ao, sozinho, cabecear para fora. Apesar da luta, a equipe de Florença não conseguiu empatar a peleja e a vitória ficou com a Beneamata.

Logo após o derradeiro apito, os jogadores nerazzurri correram para celebrar mais um título. Dimarco e Lautaro – eleito o melhor da final – saíram pulando do banco de reservas. Do outro lado, os atletas violetas ficaram devastados, depois de tanta entrega. Alguns chegaram a chorar de tristeza, mas a torcida reconheceu e protagonizou uma das cenas mais bonitas da decisão: os gigliati seguiram cantando e balançando suas bandeiras, em apoio ao elenco.

Apesar de a derrota doer, os torcedores reconhecem os grandes feitos da equipe, que chegou a duas finais importantes no segundo ano de trabalho de Italiano e, de quebra, disputará a próxima Supercopa nacional, num formato com quatro participantes. Depois de décadas de ostracismo, há bastante o que se comemorar em Florença. E, diante do West Ham, no dia 7 de junho, uma taça continental poderá ser levantada.

Foi o terceiro bicampeonato da Inter na competição – o primeiro foi obtido em 2005 e 2006, e o segundo, em 2010 e 2011. O nono título deixa os nerazzurri com o mesmo número de conquistas que a Roma e atrás apenas da Juventus, com seus 14 troféus de Coppa Italia. Inzaghi, por sua vez, abocanhou sua terceira taça do torneio e a quarta em sua gestão na Beneamata.

O título da Inter ainda mexeu com a tabela da Serie A: estendeu a zona de classificação para as competições europeias, através do campeonato, até a sétima posição. Assim, garantiu matematicamente que Milan, Atalanta e Roma disputarão torneios continentais na próxima temporada. A Juventus, que será no mínimo sétima colocada, ainda corre o risco de ser suspensa pela Uefa e ficar de fora – de modo que terminar o certame no oitavo lugar, atualmente do Monza, pode ser bom negócio. A Fiorentina está dois pontos atrás dos biancorossi e, além de aguardar esta definição, terá a chance de se classificar para a Liga Europa em caso de conquista da Conference League.

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