Liga dos Campeões

A Inter levou virada do Atlético de Madrid e, nos pênaltis, caiu na Champions League

Não foi a noite da Inter. Em um dos piores jogos de sua brilhante temporada, a equipe de Simone Inzaghi até teve chances de manter a vantagem sobre o Atlético de Madrid no confronto de oitavas de final da Champions League, realizado na Espanha. Porém, desperdiçou grandes oportunidades, recuou demais e acabou sucumbindo à atuação agressiva dos comandados de Diego Simeone. O resultado? Virada e a primeira derrota em 2024, por 2 a 1, que levou a eliminatória para os pênaltis. Na marca da cal, os colchoneros erraram menos: com o 3 a 2, mandaram os nerazzurri para casa e deixaram a Itália sem representantes nas quartas do maior torneio de clubes da Europa.

Simeone fez duas mexidas no time em relação ao jogo de volta – uma forçada e outra por opção tática. A lesão de Giménez fez com que Savic fosse alçado ao lado direito da defesa do Atleti, com Witsel sendo deslocado ao centro. Além disso, o técnico argentino escolheu Morata como parceiro de Griezmann no ataque, o que levou o versátil Llorente ao meio-campo, com a passagem de Saúl ao banco. Na Inter, a única mudança na equipe titular foi a entrada de Dumfries na vaga de Darmian, num rodízio habitualmente realizado por Inzaghi.

Como o Atlético de Madrid precisava do resultado, tentou imprimir um ritmo forte no campo ofensivo desde o início. Aos 5 minutos, inclusive, teve a primeira chance do jogo, com Samuel Lino. O brasileiro avançou em velocidade, ganhou de Pavard e De Vrij na dividida e chutou em diagonal, parando numa boa defesa de Sommer.

O primeiro tempo até teve bons momentos para a Inter, que abriu o placar com Dimarco (AFP/Getty)

O Atleti marcava alto e tentava forçar o erro de saída de bola dos adversários. Assim, na casa dos 13 minutos, a Inter ficou perto de ser frustrada por um erro de Pavard na defesa, mas a recuperação de Çalhanoglu, a abertura de calcanhar de Thuram e o passe em profundidade do turco inverteram a situação em poucos segundos. A sequência de acontecimentos permitiu a Dumfries buscar duas finalizações, mas ambas pararam em Oblak.

Aos 22, uma Inter mais cautelosa do que o habitual, por conta da pressão aguerrida do time de Simeone, conseguiu um bom contra-ataque. Dimarco tentou encontrar Thuram, mas Witsel efetuou um corte providencial. Foi pelo mesmo lado que, na casa dos 33, o ala nerazzurro abriu o placar para a Beneamata, em uma grande jogada em velocidade pelo lado esquerdo, com muitas trocas de posições entre as suas peças. Assim, o camisa 32 apareceu dentro da área para receber de Barella e, de direita, mandar para a rede, finalizando no contrapé de Oblak.

O Atleti tentou reagir logo após o gol sofrido e conseguiu. Após a saída de bola, os colchoneros trocaram passes e, da meia-lua, o capitão Koke buscou um apoio em profundidade. Não parecia exatamente perigoso, mas Pavard errou o corte e permitiu que Griezmann recebesse a pelota em condições de deixar tudo igual praticamente de imediato, na casa dos 35 minutos. O francês nerazzurro se redimiria aos 43, ao efetuar um bloqueio providencial em arremate de seu compatriota e levar o jogo empatado para o intervalo.

O estilo agressivo do Atlético de Madrid resultou em esperadas dificuldades para a Inter, que foi sufocada em períodos da partida (AFP/Getty)

Em grande parte da segunda etapa, o ritmo do jogo foi bastante inferior ao da primeira. Em sua metade inicial, por exemplo, só foi registrada uma boa chance de gol – e do Atleti. Na casa dos 52 minutos, Llorente deu um chapéu em Dimarco e cruzou rasteiro para Griezmann chegar finalizando. Sommer, entretanto, fez uma importante defesa em dois tempos.

Aos 73, Inzaghi fez duas alterações. Uma habitual, ao sacar Dumfries para colocar Darmian. A outra, mais conservadora, consistiu em por Acerbi no lugar de Bastoni, que auxiliava muito na saída de bola pela esquerda. Apesar de menos consistente na criação e ainda mais cautelosa do que no momento inicial da peleja, a Inter teria duas enormes chances de matar o confronto.

A primeira dessas oportunidades ocorreu na casa dos 76 minutos, quando a Inter engatou contragolpe fantástico com Lautaro, após escanteio do Atleti. Mesmo em desvantagem numérica, os nerazzurri saíram na cara do gol por conta da decisão correta e do passe perfeito do argentino para Thuram. O francês, entretanto, mandou por cima. Martínez fez o mesmo com Barella aos 81, mas o meia finalizou de forma central e desperdiçou grande chance perante Oblak. Pouco antes dessa ocasião, Darmian desarmou Depay na pequena área, quando o holandês ia girando para marcar.

Lentidão de De Vrij na marcação a Depay permitiu que o Atleti virasse o jogo no fim do tempo regulamentar (Getty)

Se as alterações de Inzaghi pioraram a Inter – e isso seria ainda mais evidente depois que Bisseck rendeu Dimarco e deixou a equipe ainda mais defensiva –, Simeone acertou em suas três primeiras mudanças. Riquelme, pela esquerda, passou a ganhar embates que Samuel Lino não ganhava, enquanto Correa colocou fogo no meio-campo e Depay passou a ser fonte constante de perigo para os nerazzurri.

Em pouco tempo em campo, Memphis, que ingressou no jogo no lugar de Morata, aos 79, teve três ocasiões sanguíneas. Após a primeira, já citada, carimbou a trave com um chute surpreendente de fora da área. Já aos 86, finalmente balançou as redes: recebeu na área de Koke e, mal marcado pelo compatriota De Vrij, girou para virar o placar. Este gol foi apenas o terceiro que a Inter sofreu após os 75 minutos em toda a temporada. Os outros dois haviam saído na prorrogação das oitavas da Coppa Italia, contra o Bologna. E, assim como naquela situação, os nerazzurri deixariam o gramado eliminados.

Com o momento do jogo a seu lado, o Atleti só não definiu a eliminatória nos acréscimos do tempo normal por um detalhe. Sozinho, Riquelme recebeu de Griezmann e perdeu chance incrível de marcar o terceiro gol, finalizando por cima da baliza.

Lautaro isolou sua cobrança de pênalti e definiu a queda da Inter na Champions League (Getty)

A prorrogação, como tem sido hábito em diversas eliminatórias acirradas, teve poucas chances claras. A primeira delas, aos 94, foi da Inter: Bisseck colocou na cabeça de Thuram, que mandou longe. Pouco depois, Riquelme cruzou rasteiro para Depay, que finalizou como deu – Sommer também defendeu de qualquer jeito. Já aos 97, na última oportunidade digna de nota de toda a peleja, Çalhanoglu cobrou escanteio e Lautaro cabeceou para fora.

Nos pênaltis, o Atlético de Madrid foi mais eficiente – assim como em toda a partida. Enquanto apenas Saúl parou em Sommer, a Inter desperdiçou três cobranças: Sánchez e Klaassen cobraram à meia altura e viram Oblak rebater os seus arremates. A bola decisiva ficou a cargo de Lautaro, que nunca foi um especialista a partir da marca da cal. O argentino mostrou isso ao isolar a sua finalização e decretar a eliminação nerazzurra.

Embora tenha sido inferior ao Atleti de Simeone no Civitas Metropolitano, a Inter poderia ter se classificado mesmo com o que produziu na capital espanhola. Bastava Thuram e Barella terem calibrado seus arremates. Ou, claro, ter aproveitado as chances de ter construído um placar mais elástico na ida, em Milão. A dura queda no confronto mais equilibrado das oitavas da Champions League deixa a Itália sem representantes entre os oito melhores da temporada europeia, mas certamente não é um drama para a trupe de Inzaghi. O vigésimo scudetto está próximo e, agora, a equipe deve tentar buscar recordes na Serie A.

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