Nesta quarta, 12 de abril, o Milan, atual campeão da Serie A, e o Napoli, virtual vencedor do scudetto nesta temporada, fizeram o primeiro duelo entre times da Bota no mata-mata da Champions League desde 2004-05. No início do mês, os rossoneri passearam no último confronto direto com os azzurri e, com a vitória por 4 a 0 pelo Campeonato Italiano, apimentaram o encontro continental. Na noite europeia, os comandados de Stefano Pioli não golearam, mas voltaram a se impor sobre a trupe de Luciano Spalletti.
Este confronto entre Milan e Napoli serve como um bom indicativo da recuperação do futebol italiano em nível continental – e vale lembrar que a maior competição de clubes da Europa só permite jogos entre times do mesmo país a partir das quartas de final. O Diavolo, detentor de sete taças da Champions League, retornou ao pelotão dos oito melhores após uma ausência de 11 anos. Já os azzurri adicionaram mais um feito a uma temporada histórica: além de liderarem a Serie A com larga vantagem e estarem próximos do seu terceiro scudetto, os partenopei têm uma das melhores campanhas da Liga dos Campeões e jamais haviam chegado tão longe no torneio.
O jogo
Para o confronto desta quarta, Pioli tinha à disposição todos os jogadores do elenco elegíveis para a Champions League – entre os atletas do plantel, apenas Ibrahimovic não tinha condições físicas de jogo, mas o sueco não foi inserido pelo Milan na lista da competição. Spalletti, por sua vez, precisava lidar com sérios problemas: o artilheiro Osimhen e Simeone, seu substituto direto, se lesionaram e desfalcavam o Napoli.
Antes que o Milan se entendesse em campo, o Napoli já o sufocava. Com menos de 1 minuto, o time azzurro efetuou boa jogada pela direita e Kvaratskhelia recebeu um presentão dentro da área. Sem a mesma felicidade encontrada no restante da temporada, o georgiano não foi bem na finalização e chutou em cima da defesa. Pouco depois, Anguissa exigiu que Maignan fizesse a primeira intervenção da partida.
Enquanto se fechava, o Milan esclarecia a sua estratégia: segurar o ímpeto napolitano com um bloco compacto bem fechado e buscar os contra-ataques pelos lados, explorando os espaços deixados pelo adversário. Rafael Leão era a principal arma do time na partida, mas o sistema de Spalletti não permitia que os mandantes criassem grandes chances.
No lado partenopeo, Kvaratskhelia chamava a responsabilidade e criava as melhores chances pelo lado esquerdo, sendo o principal responsável pela pressão napolitana. Com a marcação alta, em bloco bastante alto, ocupando o campo do Milan, o time visitante buscava o roubo da posse para surpreender a defesa desprotegida. Em uma dessas ocasiões, Zielinski exigiu mais uma boa participação de Maignan.
Quando conseguia passar da primeira linha de marcação do Napoli, o Milan levava algum perigo. Rafael Leão efetuou um drible meio sem querer sobre Rrahmani, mas o seu gesto foi suficiente para ganhar do zagueiro. Assim, o atacante passou a conduzi a bola em alta velocidade e, na entrada da área, emendou uma finalização rasteira, que passou muito perto da meta de Meret.
A partir de meados da segunda etapa, o Milan passou a equilibrar a posse de bola e o jogo começou a ser mais disputado no meio-campo. Quando isso ocorreu, o time da casa encontrou o seu gol, aos 40 minutos, se valendo de uma de suas principais armas – a transição em velocidade.
No centro do gramado, Díaz efetuou um giro entre dois adversários, quebrando totalmente o sistema defensivo do Napoli, e arrancou rumo à meta adversária. O Milan chegou a ter uma superioridade de cinco contra três e não a desperdiçou: o espanhol passou para Rafael Leão, que inverteu a bola para Bennacer concluir com um balaço rasteiro. Meret chegou a tentar rebater com o pé, mas não conseguiu desviar o suficiente e a pelota morreu no fundo das redes.
Ainda na primeira etapa, o Milan assustou novamente. Em escanteio pelo lado esquerdo, Kjaer conseguiu um cabeceio potente, que explodiu no travessão e bateu quase em cima da linha. O Diavolo não foi para os vestiários com uma vantagem ainda maior no confronto, mas voltou do intervalo com confiança visivelmente superior à do adversário.

Enquanto Calabria efetuou boa marcação sobre Kvaratskhelia, Maignan mostrou habitual solidez quando requisitado (AFP/Getty)
Precisando buscar o empate, o Napoli emendou finalizações e escanteios nos primeiros 10 minutos da segunda etapa. O jogo, que era mais corrido, até por conta da permissividade do árbitro Istvan Kovacs, começou a ganhar clima mais tenso e as divididas mais ríspidas começaram a ganhar protagonismo, já que os duelos no meio-campo tinham muita intensidade. Os cartões demoraram a aparecer, mas vieram em sequência a partir dos 65, quando o juiz resolveu adotar outra postura no aspecto disciplinar.
Nervoso, o Napoli foi vendo seus atletas serem advertidos: Di Lorenzo e Anguissa receberam cartões amarelos aos 70. O volante camaronês, aliás, levou o segundo três minutos depois do primeiro e deixou o time, precisando do resultado, com um jogador a menos – além de, claro, desfalcá-lo para o jogo de volta. Aos 78, foi a vez de o pendurado Kim cometer outra falta boba e ganhar a suspensão para o confronto no Diego Armando Maradona.
Com um a menos em campo e dois de seus grandes nomes na temporada suspensos para a partida de volta, o Napoli já via a derrota pelo placar mínimo ficar barata. Afinal, o Milan poderia tentar ampliar a vantagem e não o fazia. Pelo contrário: mesmo sem imprimir a mesma pressão que buscou durante todo o jogo, o time visitante conseguiu driblar a ineficácia de Kvartskhelia, bem contido por Calabria, e ameaçar a segurança dos mandantes em algumas ocasiões.
Quando conseguiu trabalhar bem a bola, o Napoli entrou na área rossonera pelo lado direito do ataque. Politano fez boa jogada e cruzou para Di Lorenzo, que dominou e fez o giro antes de finalizar para a boa defesa de Maignan – a terceira importante no duelo. Depois, Olivera chegou a receber um lançamento na medida, na altura da pequena área, mas cabeceou por cima da baliza. No fim das contas, o Milan assegurou a vitória.
Com a sua segunda vitória sobre o Napoli num espaço de menos de 15 dias, o Milan vai para o jogo de volta com o moral elevado pelos resultados sobre o adversário e com a vantagem do empate. Sem Anguissa, mas podendo contar com Osimhen, que retornará ao onze inicial, o time da Campânia segue muito vivo no confronto: atuando em casa e empurrado por sua fanática torcida, precisa de um triunfo por dois gols de diferença para se classificar ou de um sucesso por um tento para levar o confronto para a prorrogação. O que prevalecerá?