Voltemos nosso relógio para a última semana, quando os italianos entraram em campo por Liga dos Campeões e Copa Uefa. Brevemente vamos tentar fazer nosso fuso acompanhar o do calcio.
Enquanto isso, agradecemos a paciência de você, leitor.
CSKA Moscou 1-2 Inter
Derrota incontestável o primeiro tempo, vitória da mesma forma no segundo. Assim foi a Inter no primeiro jogo envolvendo algum time italiano na terceira rodada da fase de grupos da Liga. Que fique bem entendido: um time italiano, mas sem qualquer carcamano na escalação. Entre os quatorze nerazzurri que jogaram, seis eram argentinos. No banco, apenas o jovem Puccio dava garantia uma (mínima) representatividade italiana no jogo. Vitória indiscutível, mas graças a uma infelicidade sem tamanho do goleiro Mandrykin, que substitui um Akinfeev lesionado há cinco meses e ainda sem previsão de retorno.
Mancini surpreendeu ao sacar do time titular Stankovic para pôr em campo Vieira logo do início. O francês se recuperava de lesão muscular e retornava logo numa partida no frio de Moscou. O risco não valeu a pena. Vieira deixou o campo lesionado logo com quinze minutos de partida, e perderá no mínimo mais dois meses de jogos. Do lado do CSKA, a surpresa ficou por conta de Vágner Love no banco, enquanto Daniel Carvalho formava dupla de ataque com Jô e Dudu Cearense comandava a armação do time.
Jô abriu o placar driblando Córdoba para encobrir Júlio César dentro da grande área. Sem Dudu e Aleksei Berezutski, perdidos por lesão ainda no primeiro tempo, os russos tornaram-se presa fácil. No retorno para o segundo tempo, Crespo aproveitou-se de uma bola mal rebatida pela defesa para empatar, dentro da grande área. E Samuel, no fim do jogo, cabeceou para o gol uma falta cobrada por Figo, pela direita. E contou com um frango no mínimo hilário de Mandrykin, que até então fazia uma bela apresentação e poderia ter segurado ao menos um ponto em casa para o bom CSKA.
Com a vitória, a Inter se aproxima das oitavas-de-final da Liga dos Campeões. Os nerazzurri possuem seis pontos, um a frente do Fenerbahçe e dois a frente do PSV. O CSKA, lanterna, possui apenas o ponto de um empate com os turcos em Moscou.
Roma 2-1 Sporting Lisboa
Uma Roma de enfermaria cheia e sofrendo com improvisos sofreu para bater os portugueses, e o resultado só se tornou realidade graças a uma jogada esplêndida de Vucinic no segundo tempo. Sem Perrotta, Taddei, Aquilani e Esposito, Cassetti foi escolhido para começar a partida como esterno, ao lado de Giuly e Mancini. Da defesa que havia levado quatro gols do Napoli na última rodada do italiano, Curci, Cicinho e Ferrari deram lugar a Doni, Panucci e Juan. Já seria confuso o suficiente para não ser necessária a lesão de Totti após uma dividida com Liédson – que poderia ter sido evitada por Norbert Haug, árbitro da partida.
O Sporting de Paulo Bento também foi a campo com uma formação inesperada. Miguel Veloso foi recuado para a zaga, o que derrubou o meio-de-campo lisboeta. Sem sua presença, Moutinho teve pouca participação ofensiva na partida, e Romagnoli – outra vez – não conseguiu fazer o papel que dele se esperava. Resultado de uma pressão inicial romanista foi uma falta cobrada por Totti onde Liédson, a menos de cinco metros do lance, conseguiu chegar à bola antes do capitano e tirá-lo de campo (e também dos clássicos contra Milan e Lazio, na seqüência).
Em cobrança de escanteio surgiu a primeira grande oportunidade da Roma. Mexès emendou rebote do goleiro Tiago para desferir um chute a queima-roupa defendido com maestria pelo português. Em outro escanteio, Pizarro cobrou com perfeição para Juan antecipar-se ao lance e cabecear pro fundo das redes. A gioia do Olimpico durou pouco. Izmailov cruzou para Liédson empatar, aproveitando indecisão entre Mexès e Cassetti. No segundo tempo, pouco mudou. A má partida de Mancini encontrou seu expoente num pênalti defendido por Tiago. Já a de Giuly foi silenciosa, mas não menos dolorosa.
Coube a Vucinic encantar uma platéia acostumada a espetáculo. O montenegrino deixou Abel no chão antes de cortar Tonel na pequena área e mandar pro gol. Espetacular. Na comemoração, Vucinic correu, antes de tudo, para Bruno Conti, seu maior incentivador dentro da comissão técnica giallorossa. A derrota para o Manchester em Old Trafford não deve abalar a caminhada da Roma para a próxima fase. O grupo deve ser decidido no próximo dia sete, quando os italianos encontrarão o Sporting, em Lisboa.
Werder Bremen 2-1 Lazio
A Lazio larga atrás de seus concorrentes. Seu elenco é reduzido e os titulares não possuem substitutos à altura. E vários jogadores importantes iniciam a temporada no departamento médico, o que invariavelmente prejudicará seus rendimentos a médio e longo prazo. Os três grandes reforços prometidos por Lotito seriam fundamentais caso a Lazio busque não só chegar às oitavas-de-final da Liga dos Campeões, mas também tentar a classificação para a próxima temporada.
Texto válido para a situação atual da Lazio, mas escrito em 29 de agosto (veja aqui). A péssima fase do time de Delio Rossi era bastante previsível e, após dois empates, a Lazio voltou a ser derrota em âmbito europeu. Os desfalques desta vez foram tantos que Rossi teve de optar por mais outra alteração tática. Zauri fez as vezes de zagueiro, Behrami voltou a ser recuado na direita, Meghni testado de esterno sinistro e um miolo composto por Mutarelli e Mudingayi. As melhores opções no banco resumiam-se a Makinwa, Del Nero e De Silvestri. Do outro lado, um Werder ainda em fase de recuperação, mas com fôlego de sobra.
Entre os improvisados, quem mais sofreu foi Zauri na função de stopper. Ele e Ballotta estiveram perto de entregar o ouro para o Werder, mas foi Diego quem o extraiu com sutileza ao encobrir Stendardo com um passe açucarado. Sanogo só teve o trabalho de tirar as chances de defesa de Ballotta, atleta mais velho a atuar numa Liga dos Campeões – e contando. Uma Lazio destroçada fisicamente sofria com a velocidade do Werder. E o segundo tempo não poderia vir numa hora melhor.
Na prática, a teoria foi outra. A entrada de Del Nero apenas deixou a equipe mais confusa, e um cruzamento de Fritz pela direita foi o suficiente para permitir a Hugo Almeida ampliar o placar. A Lazio continuou lutando, mesmo sem muita organização, e o gol chegou a amadurecer com Pandev. Mas foi Manfredini que, no apagar das luzes, descontou a vitória após rebote de Wiese. Muito tarde, porém. Para os biancocelesti é cada vez mais difícil passar de fase. E o próximo dia seis poderá ser fatal. Até mesmo para Delio Rossi.
Villarreal 1-1 Fiorentina
No reencontro de Giuseppe Rossi com um time italiano, começa com um empate a aventura da Fiorentina na Copa Uefa. Os toscanos chegaram a abrir o placar com o interminável Vieri após jogada de Mutu, mas o submarino amarelo respondeu com uma cobrança de falta de Beppe Rossi que encontrou a cabeça de Capdevilla nos minutos finais. Ambos os times, com um ponto, estão empatados com o Elfsborg e o AEK de Atenas, que empataram no outro encontro da rodada.
Poupando vários jogadores para o campeonato nacional (Gamberini, Pasqual, Montolivo, Donadel e Pazzini), a Fiorentina demorou a se encontrar e o primeiro tempo acabou modorrento, mesmo com pelo menos duas boas oportunidades do time viola. Na ripresa a Fiorentina partiu pra cima e não deu espaços para o Villarreal. Além do tento de Vieri, o árbitro Lannoy anulou de forma errônea um gol de Mutu dez minutos antes do empate espanhol. Se não foi um resultado que provou o que foi o dia, será útil para a continuidade na competição.
PS: Sobre Milan 4-1 Shakhtar uma postagem especial amanhã pela noite, traçando uma análise um pouco mais detalhada da situação rossonera.