O vexame pelo qual a seleção italiana passou nesta Copa das Confederações pode ser considerado o maior dos indícios de que parte da geração que deu o tetracampeonato mundial ao país, há três anos, não tem mais condições de atuar pela Azzurra. Se, desde a Euro 2008, quando a seleção italiana ainda era comandada por Roberto Donadoni, alguns heróis da conquista de 2006 davam sinais de que não tinham mais físico para atuar em alto nível por partidas inteiras, agora a situação está agravada, embora Marcello Lippi ainda demonstre confiança em seu grupo de jogadores.
A imprensa italiana bombardeou o técnico de Viareggio após a eliminação na África do Sul, questionando-o sobre o processo de renovação. Lippi surpreendeu ao convocar o jovem garoto Santon, mas decepcionou ao deixá-lo no banco durante toda a Copa das Confederações. Durante toda a coletiva, Lippi buscou se defender, mostrando uma postura resistente e irônica com os repórteres. No entanto, não é só a mídia que pressiona o treinador pela renovação do elenco: enquetes dos maiores sites esportivos do país apontam que o povo também quer renovação e não é de se estranhar que setores dentro da federação italiana clamem por renovação. Por isso, o treinador da Azzurra deve mudar gradativamente sua lista de convocados.
Lippi pode dar início a uma transição já deveria estar sendo feita desde depois da Euro, com a inserção de nomes mais experientes da Serie A, que tem mostrado qualidade suficiente para desbancar gente como Zambrotta, Grosso, Legrottaglie, Camoranesi, Toni e Pepe – este não por idade avançada, mas por não ser suficientemente bom para a Azzurra. Gente como D’Agostino e Maggio, Montolivo, Pazzini e Rossi, que já foram convocados após a Euro, têm capacidade para ganhar ainda mais espaço na seleção.
Além disso, Lippi tem o dever de mostrar que está a par do que a Itália tem produzido de melhor. os jovens mais promissores do país, que têm quebrado a antiga tradição italiana, que diz que os jovens explodem mais tarde. No Genoa, Criscito e Bocchetti foram titulares durante toda a temporada e se mostraram extremamente competentes. Palladino, por sua vez, cresceu durante a temporada e ganhou a titularidade. Outros nomes interessantes são fáceis de apontar: Giovinco, Marchisio, Balotelli, (o já convocado) Santon, Acquafresca, Matri e Cossu. Por fim, há ainda a possibilidade de apostar em algumas agradáveis surpresas desta Serie A, como o experiente Matteo Ferrari – que fez uma temporada brilhante pelo Genoa e já tem passagens pela seleção.
Fantantonio
Durante a Copa das Confederações ficou nítido um problema de criatividade por parte do time italiano. Pirlo vive um dos piores momentos na carreira e o 4-3-3, sobretudo quando os pontas são Camoranesi e Iaquinta, não tem dado frutos. Daí se entende o fato de que cada vez mais se fala em Antonio Cassano, ou Fantantonio, como é conhecido. O que tem faltado para a Itália é um jogador capaz de dar um toque de fantasia ao time, e, atualmente, apenas Cassano parece ser o homem indicado para estar tarefa. Está na hora de Marcello Lippi chamar o Peter Pan para uma conversa franca, porque , em momentos de crise, não se pode prescindir dos mais talentosos. Não se pode também esquecer: a África do Sul é logo ali.
Conversava outro dia com um amigo fanático pelo Calcio sobre o atual momento da Azzurra e nossa principal dúvida residia sobre qual é o maior problema desta seleção.
Para mim, além do envelhecimento da geração campeã em 2006, há uma questão de postura tática que não pode ser ignorada.
Aquela versão da Azzurra atuou na reta final do Mundial num fortíssimo 4-4-1-1, onde a marcação no meio-campo era a chave para a impenetrabilidade da defesa.
Hoje, Lippi monta seu time num 4-3-3 típico da Espanha ou da Barcelona. Um esquema que, embora seja usado por algumas equipes da Serie A, nem de longe representa a formação que os atuais atletas convocados receberam.
Além disso, atuar com uma defesa em linha e tão adiantada quanto na partida contra o Brasil me parece suicídio.
Isso sem falar que a qualidade da atual geração ofensiva não justifica a escalação de três atacantes. É muito!
Nunca pensei que escreveria isso, mas a solução para a Azzurra é a volta ao bom e velho catenaccio.
Abraços.
Meio que discordo de você, Michel. Acho que o problema não tá no 4-3-3 em si, mas nos jogadores que tão inseridos nele. Parece que Lippi montou um esquema que tá na moda e só depois se preocupou em encaixar algumas peças nele. Camoranesi e Iaquinta, por exemplo, tavam perdidaços nos lugares que poderiam ser de Cassano e Quagliarella.
Nem mesmo aquele 4-4-1-1 da Copa daria certo hoje, porque não há um Totti disponível. O mais perto disso é justamente Cassano, que não é convocado nem a pau.
E não importa o esquema, não vai dar certo com Zambrotta e Toni. Em 2006, uma equipe experiente deu certo porque a Itália precisava cerrar os dentes e jogar com o sangue para salvar seu nome. Agora, não mais. Passou da hora de mudar, reformular, ou mudar de vez.
Braitner, eu concordo com você que é hora de mudar, mas eu acho que jogar num 4-3-3 não é a melhor forma de começar está mudança, (mas não no caso da Azzurra). Tudo que a Azzurra ganhou até hoje foi jogando defencivamente, marcando bem, ocupando os espaços e explorando os contra-ataques com qualidade. Fora a mudança tática é preciso também algumas mudanças no elenco, tá na hora de rejuvenecer a seleção. A Itália tem jogadores de qualidade que ficaram fora desse time da Copa das Confederações, como, Giovinco Cassano, Balotelli, D'Agostino entre outros. O Lippi tem um para mudar esse time, e eu espero que esse espírito de mudança esteja nele também.
Quando eu escrevi que o Lippi tem UM PARA MUDAR o time eu quis dizer UM ANO.
Braitner, concordo que Zambrotta e Toni já não tem mais condições de serem titulares, mas, mesmo assim acho que o esquema tático atual (o esquema da moda, como lembrou tão bem) não é o ideal para a escola italiana.
Quanto ao trequartista do 4-4-1-1 tbém fico com o Cassano e Rossi na reserva.
Abraços.
Pois é, mas acho que o Lippi não liga muito pra própria escola italiana… Lembra daquela semifinal fantástica contra a Alemanha? Quatro atacantes na prorrogação, ainda que não tenha sido o padrão durante a competição.
Agora, quanto aquilo do Cassano contaminar o grupo, que parece ser a grande desculpa não acho que importe mais num trabalho em curto prazo. Que é o que o Lippi vai ter de fazer agora pra salvar a pele em menos de um ano.
Alguns jogadores do time campeão do mundo em 2006, como, Buffon, Cannavaro(que está sempre em grande forma), De Rossi, Amelia e o Gattuso, esses eu acho que tem vaga. O tempo que a Itália perdeu com o Donadoni atrapalhou muito essa renovação, mas ainda tem tempo. E eu tenho certeza que a Azzurra não vai me decepcionar, vai chegar no mundial renovada e pronta para disputar o título.
FORZA AZZURRA!
Braitner,
Penso, que a prorrogação daquela semifinal não pode entrar nessa equação.
Naquele momento, Lippi foi (no máximo) ousado numa tentiva de matar um rival que já havia passado por uma dura prorrogação diante da Argentina, tomando essa decisão para não ir para os pk's.
Quanto ao Cassano, acho que Lippi perdeu uma grande oportunidade de testá-lo na Copa das Confererações. Se o barês aprontasse ali, teria um bom álibi para nunca mais convocá-lo.
Abraço.
Vivendo na Itália e seguindo a seleção italiana por muitos anos eu pude perceber as condições em que vive a seleção italiana vista com olhos diferentes.
A Itália aponta muito em cima da seleção sub-21, onde tem ótimos jogadores como: Balotelli, Giovinco, Marchisio, Acquafresca, Motta, De Ceglie, Andreolli, etc.. estes embora fossem desde já a altura de jogar na seleção, vão fazer parte só quando tiverem 22 anos.
Países como Brasil e Espanha colocam logo os seus talentos na seleção "maior", assim quando os jogadores chegam a ter seus 22 anos já estão com experiencia suficiente para participar para alguma Copa. Vejam a carreira de Ronaldo, Pato e outros.. um italiano com menos de 22 anos é muito difícil participar de alguma competição importante.
Tudo isto sem falar da mentalidade "tradicionalista" italiana, com seu esquema retranqueiro, e a mentalidade de Lippi que convoca em base as suas simpatias.
Se a Azzurra tivesse entrado com a sua mentalidade "tradicionalista", não teria dado aquele vexame. É assim que eles sabem jogar é assim que eles ganharam títulos é assim que tem que ser.
A Itália está cometendo os mesmos erros que a França cometeu depois das grandes vitorias, não renovou. Temos muitos ótimos jovens, não precisa continuar convocando Grosso, Toni, Gattuso…
Sobre Cassano, li um artigo interessante da Gazzetta dello Sport, segundo a "rosa" as informações que Lippi recebeu de Mazzarri, ex-técnico da Sampdoria, não são das melhores, Cassano teria criado vários problema no vestiário "blucerchiato" a última temporada…
O relacionamento de Cassano com Del Neri é ótimo. Aliás, o treinador já elogiou o talentino, pelo fato de ele ter sido o primeiro a iniciar os treinamentos para a temporada seguinte.
Nada a ver que Cassano crie confusões no vestiário, muito pelo contrario. Palombo, Pazzini, vários jogadores e pessoas que trabalham no clube disseram que Cassano foi uma ajuda e não um problema para a Sampdoria, e que seus comportamentos mudaram muito respeito ao passado.
O problema é que Marcello Lippi convoca em base as simpatias, que conhece a sua carreira sabe disto. Foi assim quando ele treinou a Inter, mandou embora Pagliuca e Panucci porque não gostava deles, mandou embora Baggio pelo mesmo motivo. E assim foi sempre durante toda a sua carreira. Hoje, como técnico da seleção, prioridade é convocar jogadores da Juventus..
Cassano nunca será convocado porque Lippi não gosta dele, não porque cria confusões. Esta é a verdade que toda a Itália sabe.
Isto é bom para o Brasil e todo o mundo.
Freddy, da uma olhada aqui:
http://www.goal.com/it/news/772/mondiali-2010/2009/06/24/1344132/macch%C3%A8-nuovo-cassano-lippi-avrebbe-ricevuto-ben-altre
tradução: Nada de Cassano mudado, as indicações que Lippi recebeu de Genoa são diferentes
A Gazzetta dello Sport escreveu: "O técnico da seleção italiana foi informado sobre as "cassanatas" (besteiras que Cassano faz) cometidas a temporada apenas concluída, mesmo se o comportamento no gramado foi de jogador maturo. Lippi recebeu informações (de Mazzarri) pouco tranqüilizantes sobre o comportamento de Cassano em Genoa, um outro secreto mal guardado…"
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Esse foi o artigo da Gazzetta, segundo o jornal de Milão a Sampdoria não quis divulgar publicamente os problemas ocorridos durante os treinos.
Qual seja a verdade eu não sei…