Seleção italiana

Guia: Copa das Confederações

A Copa das Confederações nunca foi lá muito levada a sério. E nunca faltou motivo para isso. O fato é que, ainda que tenha sua importância esportiva bastante questionável, é uma competição que é tratada como algo sério desde que lançada pela Fifa. Lançada em 1992 como Copa Rei Fahd e oficializada pela Fifa em 1997, só em 2001 é que a Copa das Confederações ganhou alguma “finalidade”: viraria uma espécie de teste, um ano antes da Copa do Mundo, para quem a sediasse.

Ainda que não seja muito importante, a edição deste ano é a que mais chama atenção em sua história, sem dúvidas. Três das melhores seleções nacionais (Espanha, Brasil e Itália) entram na disputa com o que têm de melhor, o que dá uma boa legitimidade ao público – ainda que, a quatro dias da estreia, menos de 70% dos ingressos tenham sido vendidos, o que a Fifa considerou vergonhoso. O torneio deste mês vai distribuir 14 milhões de euros em prêmios a seus participantes: só a seleção campeã leva três.

Quem vence a Copa das Confederações não tem conseguido repetir o feito na Copa do Mundo, muito pelo contrário. O Brasil campeão em 1997 perdeu na final de 98 para a França. Já a França campeã de 2001 deu vexame e caiu na primeira fase na Ásia. Em 2005, foi a vez do “quarteto fantástico” brasileiro humilhar a Argentina na final para depois ser batido pela França nas quartas-de-final da Copa alemã.

Dos oito times deste ano, três fazem sua estreia: Itália (campeã da Copa do Mundo-06), Espanha (campeã da Euro-08) e Iraque (campeão da Copa da Ásia-07). O Brasil (campeão da Copa América-07), maior participante da história do torneio, vai a campo pela sexta vez em oito edições para defender seu título. Também estão na disputa África do Sul (organizadora da Copa do Mundo-10), Egito (campeão da Copa Africana de Nações-08), Estados Unidos (campeões da Copa Ouro da Concacaf-07) e Nova Zelândia (campeão da Copa das Nações Oceânicas-08).

Ah, Itália!
Na preparação para a Copa das Confederações, a Itália jogou sem sustos. Mesmo testando novas opções (Rossi, Santon, Palombo), além de jogadores que nem foram convocados para a África do Sul (Brighi, Pellissier, Esposito), os azzurri passaram fácil pela Irlanda do Norte e só tiveram alguns problemas contra uma animada Nova Zelândia, mas nada fora do roteiro.

O time que Lippi deve mandar a campo mantém a espinha dorsal do campeão em 2006, ainda que sem Totti e Perrotta, duas de suas principais referências. Mas como o 4-4-1-1 se transformou num 4-3-3, a ausência da dupla não deve ser tão sentida. A Itália vive uma fase particular, mantendo um grupo forte e experiente ao mesmo tempo em que busca novos fôlego com a inserção gradual de alguns bons jovens em seu elenco.

Um ponto que pode pesar a favor é o momento difícil do futebol italiano após a saída de Kaká para o Real Madrid e as várias especulações que pareciam levar Ibrahimovic para o Barcelona. Em 2006, a Nazionale buscou a superação num momento em que precisava tirar da lama o futebol imerso no escândalo de manipulação de resultados que relegou a Juventus à Serie B. Neste ano, jogará para provar que o país pode continuar forte no cenário futebolístico internacional.

O time que deve estrear contra os Estados Unidos tem Buffon no gol; Zambrotta, Legrottaglie, Chiellini e Grosso na defesa; Gattuso, De Rossi e Pirlo no meio; e no ataque Camoranesi e Iaquinta pelos lados e Gilardino no comando. No decorrer da competição, o capitão Cannavaro deve voltar à defesa. A maior dúvida fica no ataque, com Gilardino largando na frente de um Toni de pouca inspiração nos últimos jogos da seleção.

Totti, Cannavarro, Zambrotta…
Goleiros
1. Gianluigi Buffon (Juventus) – 92 jogos
12. Morgan De Sanctis (Galatasaray-TUR) – 3 jogos
14. Marco Amelia (Palermo) – 9 jogos

Defensores
2. Davide Santon (Internazionale) – 2 jogos
3. Fabio Grosso (Lyon-FRA) – 42 jogos, 3 gols
4. Giorgio Chiellini (Juventus) – 18 jogos, 1 gol
5. Fabio Cannavaro (Juventus) – 124 jogos, 2 gols
6. Nicola Legrottaglie (Juventus) – 13 jogos, 1 gol
13. Alessandro Gamberini (Fiorentina) – 6 jogos
19. Gianluca Zambrotta (Milan) – 84 jogos, 2 gols
22. Andrea Dossena (Liverpool-ING) – 9 jogos

Meio-campistas
8. Gennaro Gattuso (Milan) – 67 jogos, 1 gol
10. Daniele De Rossi (Roma) – 45 jogos, 7 gols
16. Mauro Camoranesi (Juventus) – 44 jogos, 4 gols
18. Angelo Palombo (Sampdoria) – 10 jogos
20. Riccardo Montolivo (Fiorentina) – 6 jogos
21. Andrea Pirlo (Milan) – 56 jogos, 8 gols

Atacantes
7. Simone Pepe (Udinese) – 7 jogos
9. Luca Toni (Bayern-ALE) – 44 jogos, 16 gols
11. Alberto Gilardino (Fiorentina) – 32 jogos, 12 gols
15. Vincenzo Iaquinta (Juventus) – 23 jogos, 5 gols
17. Giuseppe Rossi (Villarreal-ESP) – 5 jogos, 1 gol
23. Fabio Quagliarella (Napoli) – 13 jogos, 3 gols

É muito mais díficil. Mesmo.
África do Sul: em 1997, os Bafana Bafana caíram na fase de grupos da Copa das Confederações. Doze anos depois, o buraco é mais embaixo. Sob o comando de um ousado Joel Santana, o time tem a obrigação de pelo menos chegar às semifinais para dar tranquilidade a uma torcida que pode ver o país-sede cair pela primeira vez na fase de grupos de uma Copa do Mundo, no ano que vem. Sem sua maior estrela, o atacante McCarthy, o time aposta em uma pá de jogadores locais liderados pelo meia Modise.

Brasil: contra o grupo de Dunga, a Itália fará o clássico dos nove títulos mundiais na última partida da fase de grupos. O time tem mostrado bons avanços desde a decepção no Mundial, passado, mas a fase opaca de Kaká tende a derrubar a fluidez do jogo brasileiro. A instabilidade do lado esquerdo, de Robinho e Kléber, também é um problema a se resolver. Mas a defesa com a tríade Júlio César, Lúcio e Juan está em fase espetacular e deve se garantir em jogos complicados.

Egito: segundo adversário italiano na fase de grupos, os africanos vão entrar com muita sede. Apesar da má fase recente, os resultados obtidos sob o comando de Hassan Shehata fazem do Egito um forte adversário – o maior problema é a dificuldade do grupo B, com dois multicampeões mundiais e um ascendente EUA. O ataque egípcio, ainda sem Mido e agora também sem o lesionado Zaki, é uma incógnita. A espinha dorsal do Al-Ahly, com Fathy, Hassan e Aboutrika, é a base técnica do time.

Espanha: a seleção-sensação lidera o ranking Fifa e chegam como favorita ao título torneio. O capitão Casillas é um dos melhores goleiros do mundo, Vicente del Bosque mudou pouco a base campeã europeia de Aragonés e mesmo as ausências de Senna e Iniesta por lesão no meio-campo não devem ser tão sentidas naquela que tem tudo para se fimar como a melhor geração espanhola da história. O destaque é o barcelonista Xavi, que encerrou a temporada em grande estilo.

Estados Unidos: com o futebol em franca afirmação no país a partir do advento da Major League Soccer, os EUA têm se tornado um adversário mais duro ao passar dos anos e tomam a Copa das Confederações como teste de fogo para o Mundial do ano seguinte, para o qual já estão praticamente garantidos. A experiência internacional de Donovan, Howard e Bradley pode pesar, mas não ao ponto de garantir vaga nas semifinais. A estreia já é contra a Itália.

Iraque: campeão asiático há dois anos, pouco restou do time comandado pelo brasileiro Jorvan Vieira. Jogadores que chegaram a ser especulados em grandes ligas europeias, como o atacante Mahmoud e o meia Mohammed, acabaram em Catar e Chipre, respectivamente. Desde então, o comando técnico já mudou cinco vezes e o histórico Bora Milutinovic pegou a bomba iraquiana – com o perdão do humor negro. A esperança é a última que morre, mas só ela não deve servir para muita coisa.

Nova Zelândia: novos donos da hegemonia oceânica, depois da associação da Austrália à federação asiática, os All Whites caíram fácil nas outras duas edições que disputaram e não deve ser diferente mais esta vez. O time é extremamente jovem e depende demais dos gols de Killen, artilheiro da última Copa das Nações Oceânicas. A surpresa fica por conta da convocação do também atacante Wood, 17 anos e já com dois jogos pela seleção.

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