Tudo bem com a Sampdoria no campeonato, mas o mesmo não se pode dizer da Juventus (Getty Images)
A 29ª rodada da Serie A pode ser considerada atípica: a Roma foi a única equipe do pelotão de cima a não romar. A Inter (líder, 60 pontos) visitou o Palermo (4º, 47) e conseguiu um pontinho suado. A equipe nerazzurra jogou melhor no primeiro tempo, pressionou muito, mas esbarrou em dia pouco inspirado de Sneijder – que não enfrentará o Livorno, na quarta. Milito acertou a trave logo nos primeiros minutos e, pouco depois, abriu o placar logo no primeiro tempo, em pênalti de Bovo sobre Lúcio. Cavani achou espaços entre os zagueiros da Inter, se desmarcou para receber passe de Miccoli e empatar para o Palermo, com chute rasteiro. Os rosanero levavam perigo em contra-ataques, com o ótimo tridente formado por Pastore, Miccoli e Cavani, mas a defesa da Inter conseguia cortar, embora com muita dificuldade. Na segunda etapa, a equipe de La Favorita contra-atacou ainda mais e levou mais perigo, embora o atacante uruguaio tenha perdido gols demais. O resultado sela a pior sequência da Inter desde a temporada 2004-05: apenas 8 pontos em 7 jogos (1 vitória, 5 empates e 1 derrota), mas deixou a impressão de que o time voltou a se focar na Serie A. Mourinho já avisou: o Milan não terá mais chances para aproveitar.
Se a Inter não chegou a tropeçar, já que jogou fora de seus domínios contra um adversários complicado, o Milan (2º, 59) perdeu a chance de ultrapassar a rival e assumir a liderança da Serie A. O Napoli (8º, 42) começou melhor, comandado pela rapidez de Lavezzi, que deixou a envelhecida defesa milanista para trás diversas vezes. Em uma delas, El Pocho levou a bola para a linha de fundo e cruzou para a área, onde Campagnaro estava para se aproveitar de uma trapalhada de Abbiati, Oddo e Thiago Silva para empurrar a bola para o gol vazio. No meio-campo, Pazienza fazia o trabalho sujo e ainda auxiliava no ataque, mas os partenopei não conseguiram segurar a vitória momentânea. O Milan empatou com Inzaghi, que cabeceou desmarcado na grande área e completou cruzamento de Ronaldinho. No segundo tempo, o Milan cresceu e se aproveitava eventualmente das exibições nervosas dos zagueiros azzurri e da desatenção de alguns de seus meias, mas não chegava a assustar De Sanctis. Mancini, que havia entrado ainda no primeiro tempo no lugar de Pato (que se lesionou novamente) até jogou com regularidade e quase fez o irônico gol que levaria os rossoneri a ultrapassarem a Inter. A Roma (3ª, 56) tem mostrado que pode brigar sério pelo scudetto. A vitória contra a Udinese (16ª, 31), aproveitando os empates de Inter e Milan aproximou de vez os giallorossi da disputa pelo título, principalmente se considerarmos que sua tabela é ligeiramente mais simples que a dos seus rivais e ainda joga contra a Inter em casa. Na vitória por 4 a 2 do sábado, os méritos vão para Ménez (em sua melhor partida pela equipe capitolina, de longe) e a Vucinic, que estava com um pé calibradíssimo: todos os seus chutes levaram perigo a Handanovic, que não conseguiu evitar sua tripletta, marcada por seus chutes precisos. O outro gol da vitória romanista foi de Toni, que abriu o placar. A Udinese diminuiu com Di Natale, que chegou a 21 gols na Serie A, mas volta a correr riscos, seis pontos acima da zona de rebaixamento.
A Sampdoria (5ª, 47) voltou a vencer a Juventus (6ª, 45) após quinze anos: desde 1995, quando Roberto Mancini ainda jogava no Marassi. Desta vez, dominou amplamente a Juventus, confirmando que briga com força com o Palermo pela última vaga na LC. Com a lesão de Pozzi, Cassano voltou de vez ao time titular e mostrou sua importância. Atuando mais próximo ao gol, como um atacante puro, Cassano comandou quase todas as ações dos blucerchiati e chegou perto de marcar até mesmo de cabeça. Mas o gol da vitória surgiu quando ele estava a 25 metros de distância do gol defendido pelo quarentão Chimenti. Cassano percebeu o terceiro goleiro da Juventus adiantado, e chutou, vendo-o espalmar a bola para dentro das próprias redes. Por incrível que pareça, Chimenti foi o melhor bianconero na partida, com defesas importantes, e a responsabilidade direta pelo resultado acabou fazendo-o socar uma mesa de raiva, o que lhe custou uma lesão no quinto metacarpo. No meio-campo, Del Piero e Diego sucumbiram a um Poli em evidência, enquanto Iaquinta – e depois Trezeguet – sequer ofereceram perigo à defesa doriana. Felipe Melo foi relagado ao banco. Torcedores exibiam faixas para Zebina, dedicando-lhe a frase “Zebi… no”. Este é o retrato desta Juventus, que antecipou a concentração para o jogo de quarta contra o Napoli após a semana em que foi eliminada da Liga Europa e que “avisou” que o clube pode ficar fora de todas as competições continentais da próxima temporada. Chiellini e Buffon foram reintegrados ao grupo após lesão e terão trabalho em dobro para tranquilizar o time em campo.
No Artemio Franchi, a Fiorentina (9ª, 41) contou com um super Jovetic para passar sem dificuldades pelo Genoa (7º, 42). A eliminação de cabeça erguida nas oitavas da Liga dos Campeões foi bem assimilada e elevou o moral viola, que, mesmo atrás na classificação, pode ser apontada como favorita a uma das vagas na Liga Europa. Contra a defesa mais vazada do campeonato, o gol saiu cedo, graças a ótima triangulação entre Pasqual, Gilardino e Gobbi, concluída com um toque de letra de Santana. Jovetic participava de quase todas as jogadas de perigo da Fiorentina, e ainda testava Amelia com chutes de fora da área. O montenegrino sofreu pênalti de Criscito no primeiro tempo, mas não deu. Na segunda etapa, porém, o fantasista foi derrubado por Amelia e, aí sim, a penalidade foi concedida. Gilardino cobrou e marcou seu 14º gol da Serie A, embora JoJo seja o cobrador oficial do time. Depois, a Fiorentina fechou o placar com um gol do senegalês Babacar, que barrou Keirrison e se aproveitou de falha de Bocchetti para marcar seu primeiro gol no campeonato, aos 17 anos.
O empate por 1 a 1 entre Bari (11º, 39) e Parma (12º, 38) mostrou que ambos os times ficarão no meio da tabela. Cada time jogou melhor um tempo: no primeiro, o Parma levou mais perigo, sobretudo com Jiménez, que obrigou Gillet a fazer duas ótimas defesas. Mas o gol saiu mesmo após uma arrancada de Zenoni, que cruzou para a área e contou com o desvio de Belmonte contra suas próprias redes. Pelo lado pugliese, Meggiorini sempre levava perigo e chegou a acertar a trave duas vezes (uma em cada tempo). Os donos da casa já haviam dominado a partida, mas esbarravam no azar e na defesa fechada do Parma. Até que Andrea Masiello partiu com a bola dominada, driblou dois defensores do Parma, tabelou com Kamata e marcou o gol capolavoro de empate, a cinco minutos do fim. Chievo (13º, 36) e Catania (15º, 32) também empataram em 1 a 1. Pellissier precisou de cinco chances claríssimas, com direito a gols perdidos cara a cara com os goleiros (primeiro, Andújar, e depois Kosicky) e bola na trave, antes de abrir o placar. Depois disso, o Catania passou a atacar e conseguiu o empate com Máxi López, após cobrar pênalti (inexistente) sofrido por ele mesmo. Se o jogo foi morno e o empate agradou a todos, o resultado foi colocado em suspeita pelo The Sun. O tablóide inglês suspeita de manipulação de resultados, porque uma empresa do país suspendeu as apostas neste resultado, por causa de um número suspeito de apostadores. Os dirigentes de ambos os times negam.
A Lazio (17ª, 29), por sua vez, conseguiu um ótimo resultado enquanto visitante. A vitória por 2 a 0 veio na bobeada do Cagliari (10º, 39), que teve os desfalques de Cossu e Astori e decidiu reembolsar sua torcida após o tropeço. Os sardos pareciam desligados no jogo e logo sofreram o primeiro gol. Mauri – melhor laziale em campo – tocou para Rocchi, que se livrou de Marzoratti e abriu o placar. Lazzari, que substituía Cossu, obrigou Muslera a fazer uma grande defesa após chute forte de longa distância, mas a Lazio foi superior e matou o jogo ainda no primeiro tempo, quando Floccari não encontrou dificuldades para passar entre Dessena e Agostini e bater na saída de Marchetti. Resultado que dá uma injeção de ânimo para a Lazio na reta final do campeonato e que avisa ao Cagliari as limitações de seu elenco, que sonhava em chegar à uma competição europeia. Dos quatro últimos, só o Livorno (20º, 24) perdeu. E justamente no confronto direito contra a Atalanta (18ª, 25), que ultrapassou os amaranto na classificação. Os nerazzurri não deram a mínima chance a Lucarelli e companhia: desde o início, uma Atalanta repleta de desfalques colocou os visitantes contra as cordas. Chevantón obrigou Rubinho a fazer um milagre logo aos 13 minutos, mas Padoin pegou o rebote e abriu o placar. Valdés e Ferreira Pinto atacavam pelas pontas com agressividade, enquanto Padoin e Guarente atuavam com constância no centro do meio-campo. Como um verdadeiro regista, o próprio Guarente foi o autor dos passes que levaram aos gols da Atalanta na segunda etapa. Primeiro, deu um passe açucarado para o uruguaio Chevantón marcar o segundo; depois, cobrou falta perfeita para que Ferreira Pinto decidisse o resultado.
Enquanto o Livorno parece rendido e a Atalanta mostra sobrevida, o Siena (19º, 25) dá um exemplo de superação. Após ser dado praticamente como rebaixado, a chegada de Alberto Malesani balançou os brios da equipe, que contam com um quase sempre determinante Massimo Maccarone. Na vitória contra o Bologna (14º, 35), Maccarone esteve sumido, mas Curci garantiu a vitória senese. O goleiro começou pegando um chute à queima-roupa de Adaílton, que milagrosamente ainda tocou no travessão e voltou para as mãos do goleiro. No segundo tempo, depois que Larrondo – garoto argentino, aposta de Malesani para o jogo – havia ganhado no alto de Mudingayi para abrir o placar, com seu primeiro gol na Serie A, Curci cresceu para cima de Giménez e acabou defendendo seu chute. Resultado importante para a formação bianconera e nada assustador para o Bologna, que está tranquilo na luta pela salvezza e ganhou o reforço de Di Vaio, que retornou de lesão.
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Curci pegando mais uma seleção da rodada… Que absurdo!