Serie A

900 minutos em 9: 30ª rodada

Com Milito poupado, Eto’o decidiu. Com direito a golaço de bicicleta e comemoração… estranha (Reuters)

A maratona desta semana da Serie A teve o segundo de seus três episódios na quarta-feira, com uma de suas rodadas completas – a bem da verdade, só Napoli x Juventus ficou para quinta-feira. Para quem está em boa fase, como Roma, Lazio e Atalanta, a sequência não poderia ser melhor até aqui: os três foram os únicos a vencer suas duas últimas partidas. Livorno, Cagliari, Bologna e Juventus lamentam as derrotas com poucos dias de diferença. Mas quem mais se prejudicou nos últimos dias foi o Milan, que tropeçou nas próprias pernas, só conseguiu um dos seis pontos e já é dado como carta fora do baralho na luta pelo scudetto. Bom para a Roma. E melhor ainda para a líder.

A Inter (1º lugar, 63 pontos) havia tropeçado no Palermo no último sábado, mas não teve grandes problemas para bater em casa um Livorno (20º, 24) que ainda não venceu no returno e se manteve na lanterna isolada. Quem decidiu foi o camaronês Eto’o, que não vinha tão bem na temporada, mas mudou sua sorte com o gol sobre o Chelsea, em Londres e quebrou um jejum de 258 minutos sem gol nerazzurro no Giuseppe Meazza. Ontem, marcou duas vezes no primeiro tempo: primeiro após receber passe de Thiago Motta e concluir com bom chute de direita, depois numa ótima bicicleta em cruzamento de Pandev. Depois do intervalo, mais Motta: Maicon puxou o ataque pela direita e tocou para o camisa 8, que devolveu para o lateral na cara do gol. 3 a 0 num jogo tranquilo que serviu para Mourinho dar uma revitalizada em seu elenco. Chivu voltou aos campos depois de quase três meses e foi bem. Outro que recuperou o bom futebol foi Zanetti, que há quatro anos não perde uma só partida da Serie A e voltou para o meio-campo com o retorno de Chivu. Boa notícia para uma Inter que se desgastou pouco em um jogo lento e já foi para os vestiários pensando no jogo do próximo sábado, contra a Roma (3º, 59).

Os giallorossi viajaram ao Renato Dall’Ara e sofreram bem mais para bater o Bologna (15º, 35) por 2 a 0 e alcançar a marca de 20 jogos de invencibilidade no campeonato. Com o time cada vez mais completo, desta vez a Roma só não teve Juan e Totti, que já devem retornar ao onze titular no sábado. O jogo foi bem aberto no primeiro tempo, mas ninguém conseguiu marcar. Viviano e Julio Sergio impediram boas chances, enquanto a má pontaria definiu o resto. Na volta do intervalo, De Rossi precisou de três minutos para bater de longe e Riise desviar para o gol na entrada da grande área. A partir daí, Claudio Ranieri poupou Vucinic e Ménez, pendurados, e colocou Júlio Baptista e Cerci em seus lugares. Pois o camisa 24 fez uma boa jogada para o brasileiro matar o jogo e dar um tempero especial para o embate de sábado. Porque o time da capital continua atrás do Milan na tabela, mas vive grande fase e já sonha em fazer Francesco Totti o único romanista da história a vencer duas vezes a Serie A.

O Milan (2º, 59) se afastou bastante do sonho do scudetto ao cair no Ennio Tardini para o Parma (10º, 41). Nos primeiros 45 minutos, os comandados de Leonardo nada criaram e foram facilmente dominados pelo time da casa, que inclusive viu Crespo acertar uma bola no travessão logo no início da partida. Depois do intervalo, bem que os rossoneri melhoraram um pouco. Mas ainda assim levaram o único gol da partida, com Bojinov indo às redes já perto dos acréscimos. Valiani recebeu nas costas de Antonini, avançou livre e bateu: Abbiati deu rebote e o búlgaro definiu a partida. Pouco depois, o Milan ainda perdeu Pirlo expulso, desfalque importante para o jogo contra a Lazio. Papelão de um time que se colocou na briga pelo scudetto e arrisca não aguentar sequer mais algumas rodadas na perseguição à Inter.

A disputa pela última das vagas da Liga dos Campeões segue ainda mais quente: só cinco pontos separam o Palermo (4º, 48) do Genoa (8º, 43). Os dois se enfrentaram na partida mais polêmica de quarta-feira e ficaram no empate: 2 a 2. Com Miccoli poupado, foi Abel Hernández quem abriu o placar para os visitantes, se aproveitando de um sonolento Tomovic. Bocchetti empatou de cabeça, Pastore fez um golaço para recolocar os rosonero à frente. A partida parecia fechada aos 45 do segundo tempo, mas só aí a emoção começou: Kjaer foi expulso, Sirigu fez milagre em bola de Milanetto, Balzaretti deixou o campo machucado e, aos sete minutos de acréscimo, Sirigu derrubou Criscito na grande área. Pênalti que Kharja converteria para fechar o placar e deixar um gosto amargo na boca do Palermo, que viu seu presidente Maurizio Zamparini decretar silêncio à imprensa.

O empate fez bem a todos que ainda sonham com a quarta vaga na Liga dos Campeões. Principalmente para quem acabou tropeçando, como a Sampdoria (5º, 47). Com Cassano de volta à sua Bari, os blucerchiati começaram a partida contra os donos da casa (9º, 42) no ataque. E foi o talento da casa que marcou contra o time que o revelou: Samp 1 a 0 e um Cassano que nem fez menção em comemorar. A partir daí, o Bari passou a jogar bem melhor e quase empatou com Barreto, que encobriu Storari mas viu a bola parar num desvio decisivo de Gastaldello. No segundo tempo, jogando mais pelas laterais, os jogadores de Gian Piero Ventura viraram o placar. Primeiro com Meggiorini aproveitando falha da defesa doriana em cruzamento de Belmonte e depois com Barreto de cabeça. Pouco antes, Accardi tinha salvado um gol certo do brasileiro, que havia encoberto Storari.

Quem mais comemorou os dois últimos resultados foi o Napoli (6º, 45), que hoje bateu a Juventus (7º, 45) em casa após mais de um mês sem vitória. Os dois times ficam a três pontos da zona-LC, mas os comandados de Alberto Zaccheroni se mantêm numa crise que não parece ter fim. Num primeiro tempo sonolento, só o gol de Chiellini salvava os bianconeri em outra partida terrível. Depois do intervalo, tudo mudou e a Juve chegou à 11ª derrota na Serie A, sua pior marca desde 1961-62: Zébina derrubou Quagliarella na área, um pênalti bobo que Hamsík acertou no travessão. Mas o eslovaco empataria o jogo pouco depois, cabeceando cruzamento do mesmo Quagliarella. Papéis invertidos para o segundo gol, no qual foi o homem do queijo a marcar em levantamento de Hamsík. No final, o golpe final partenopeu, agora com um Lavezzi que sairia ovacionado, nos acréscimos, por um San Paolo que ainda sonha.

Sonho bem mais palpável do que é para a Fiorentina (11º, 41), que viu sua boa série positiva se encerrar com uma derrota para o Catania (14º, 35), cada vez mais longe da zona de rebaixamento. Ainda que o 1 a 0 para os etnei não mostre bem o que foi todo o jogo. Mascara abriu o placar em cruzamento de Izco com menos de um minuto de partida, antes mesmo da maioria dos jogos da noite começarem. Da metade do primeiro tempo até o fim, só os viola atacaram, em mais um boa apresentação de Jovetic. Mas Andújar esteve ainda melhor e nem as boas chances de Kroldrup, Santana e Montolivo entraram. Nos acréscimos, o goleiro argentino ainda venceria o atacante montenegrino outra vez. Outro time que comemora uma salvezza praticamente certa é o Chievo (13º, 37), que segurou fácil a Udinese (17º, 32) num empate sem gols no Friuli e por pouco não saiu com a vitória após duas boas oportunidades de Pinzi. Nem parecia que Di Natale havia recebido no início da partida uma homenagem a seus 76 gols que o fizeram o maior artilheiro da história do clube. O Chievo só lamenta a partida do zagueiro Yepes, que fez outra grande exibição e assinou hoje com o Milan um contrato que se inicia em julho.

Quem também vai se distanciando do pesadelo chamado Serie B é a Lazio (16º, 32), que venceu a segunda seguida e abriu quatro pontos de vantagem sobre a zona da degola. O time de Edy Reja interrompeu a boa fase do Siena (19º, 25), que só não levou uma goleada graças a mais uma boa partida de seu goleiro, Curci. Um redivivo Lichtsteiner abriu o placar matando de esquerda um cruzamento de Mauri e Cruz fechou o 2 a 0 na primeira vez em que pegou na bola, com 15 segundos em campo após ter substituído Zárate. Para fechar a rodada, a Atalanta (18º, 28) continua suspirando, com os seis pontos em quatro dias. La Dea não teve muitas dificuldades para bater um Cagliari (12º, 39) que perdeu Dessena expulso aos 15 minutos de partida. Boas as apresentações de Valdés e Padoin no meio-campo e de Tiribocchi no ataque. A má notícia fica por conta de Bellini, que se lesionou e pode ficar até três rodadas fora de combate.

Para resultados, escalações, classificação e estatísticas da 30ª rodada, clique aqui.

Seleção da 30ª rodada

Andújar (Catania); Lichtsteiner (Lazio), Bonucci (Bari), Burdisso (Roma), Balzaretti (Palermo); Valdés (Atalanta), Galloppa (Parma), Thiago Motta (Inter); Pastore (Palermo); Quagliarella (Napoli), Eto’o (Inter)

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