uma torcida ensandecida e marcou duas vezes. Mas a Inter continua na frente (Reuters)
Ainda que tenha sido recheada de emoções, a penúltima rodada da Serie A acabou “atrapalhada” por tantas definições antecipadas. Como o título e a última vaga na Liga dos Campeões ainda estavam (e continuam) em aberto, apenas quatro times tinham reais ambições neste domingo de jogos no mesmo horário: Inter e Roma, Sampdoria e Palermo. Além destes, Juventus e Napoli disputavam fugir das preliminares da Liga Europa, enquanto a Atalanta ainda sonhava com um milagre para se livrar da Serie B.
O sonho da Atalanta (18ª colocação, 35 pontos) não durou muito. Como de habitual, os comandados de Bortolo Mutti fizeram uma boa partida e criaram muito perigo, especialmente com Tiribocchi e Valdés. Mas acabaram batidos por um Napoli (6ª, 59) ultraofensivo: Walter Mazzarri começou os testes para a próxima temporada com um inesperado 3-4-3. Nele, Hamsík compôs o meio com Gargano, enquanto Lavezzi, Denis e Quagliarella se dividiam no ataque. Pelas laterais, Maggio e Dossena. Como de habitual, também, os nerazzurri dominaram sem saber o que fazer com a bola. E assim Quagliarella partiu pela primeira vez pela direita, em abertura de Denis, aos 43 minutos do primeiro tempo. Bateu cruzado e tirou Consigli do lance. Depois do intervalo, a partida ficou sonolenta e só se reacendeu com outro gol de Quaglia, em cruzamento de Lavezzi da esquerda. Para a Atalanta, a confirmação do rebaixamento em uma temporada azarada e atribulada. Para o Napoli, a classificação direta para o segundo escalão europeu foi comemorada pelo público do San Paolo, que deixou o recado numa faixa: “aviso à propriedade, agora queremos o salto de qualidade”.
Na próxima rodada, a Atalanta recebe o Palermo (5ª, 62). Já o Napoli joga no Luigi Ferraris, contra a Sampdoria (4ª, 64). Neste domingo, os dois concorrentes para a vaga na Liga dos Campeões se enfrentaram na Sicília e ficaram no empate em 1 a 1, com um pênalti para cada lado. Agora, Cassano e companhia dependem apenas de si para recolocar a Samp na Liga dos Campeões, algo que não é visto na parte blucerchiata de Gênova desde 1992. Numa partida animada, apesar do nervosismo dos dois times, o bom futebol mostrado durante toda a temporada parecia sumido, a não ser dos pés de um jogador: Cassano. Fantantonio atormentou a defesa dos rosanero, que sofriam no terrível dia de Liverani e Cavani. No retorno para o segundo tempo, Sirigu derrubou Mannini na área e Pazzini abriu o placar. Pouco depois, foi Zauri a derrubar Miccoli para que o próprio camisa 10 garantisse o empate. Na cobrança, o baixinho sentiu o joelho direito e jogou no sacrifício por mais nove minutos, nos quais ainda obrigou Storari a operar um milagre. Em seu lugar, Budan entrou para perder um gol inacreditável, num rebote em chute de Pastore antes do apito final.
Enquanto isso, pelo menos quatro jogos não tinham sequer alguma ambição. Na Udinese (12ª, 44), a única missão era confirmar a artilharia de Di Natale. Feito. O napolitano marcou duas vezes no empate em 3 a 3 com o Bari (11ª, 47) e alcançou 28 gols no torneio, sete à frente do interista Milito. Com estes números, chegou ainda a 101 gols na Serie A, 83 deles pelo time bianconero. O Bari largou na frente, com Barreto marcando dois minutos depois de perder um pênalti. A reação da Udinese veio com seu artilheiro, primeiro em assistência de Isla e depois com ótimo passe para Pepe, mas esbarrou no empate de Koman. No segundo tempo, Di Natale driblou Andrea Masiello e marcou o terceiro gol na estreia do jovem Padelli no gol pugliese, depois respondido por Almirón, de cabeça. O que não tirou a festa da torcida no Friuli, que comemorou com seu capocanonniere o bom fim de campeonato do time, numa sequência de seis jogos invictos.
Em Bolonha, a missão era mais low profile. O time da casa (16ª, 41) enfrentava o Catania (17ª, 42) apenas para cumprir tabela, já que um empate salvava os dois da degola. No jogo que valeu as estreias de Appiah (Bologna) e Barrientos (Catania), Di Vaio marcou pela 12ª vez no campeonato com um lançamento de Buscè, respondido pelo 10º gol de Maxi López, em passe de Biagianti. Com o estádio comemorando os gols do Napoli que rebaixavam a Atalanta, ficou nisso. Outro empate em 1 a 1 se deu no dérbi toscano entre a desiludida Fiorentina (10ª, 47) e o rebaixado Siena (19ª, 31), naquela que pode ter sido a despedida de Cesare Prandelli de sua casa nos últimos cinco anos. Outra vez, o Siena jogou mais do que o placar aponta e podia ter saído com um resultado melhor, não fosse Frey. Outro em grande tarde foi Curci, de novo decisivo contra um iluminado Jovetic. Vergassola marcou e Marchionni empatou, mas a zebra poderia ter surgido na bola que Larrondo acertou na trave, já nos acréscimos, para um Siena que cai de pé ao fim da temporada.
Outra partida sem muita expectativa se deu entre Livorno (20ª, 29) e Lazio (15ª, 43), no “dérbi político” da Serie A, que começou com cantos de esquerda por parte da torcida do Armando Picchi e se encerrou com o capitão Lucarelli sendo aplaudido de pé em sua despedida do estádio. Foi dele o gol de honra do clube amaranto, que não venceu no segundo turno. Para os biancocelesti, foram decisivos os gols de Rocchi e Brocchi que confirmaram a salvação matemática de um time que teve, até aqui, a quarta melhor campanha da competição em partidas fora de casa, apesar da pior em seus domínios. Um pouco mais importante foi a vitória do Genoa (8ª, 51) sobre o Milan (3ª, 67). O gol de Sculli poderia ter sido uma pequena tragédia para os comandados de Leonardo. Mas no Luigi Ferraris completamente vazio, a partida transcorreu triste e com um Milan em péssima forma que contou com um adversário piedoso para perder apenas de 1 a 0. No fim, o empate da Sampdoria em Palermo garantiu ao Milan o terceiro lugar e a vaga direta na Liga dos Campeões. E a expulsão de Flamini, a dez minutos do fim, transformou-se na quarta do time nos últimos sete jogos, oitava no torneio: pior marca da Serie A na temporada, ao lado do Livorno.
Já a Juventus (7ª, 55) se confirmou na fase preliminar da Liga Europa ao ser vencida, em casa, pelo Parma (9ª, 49). Foi a 14ª derrota do time de Turim na competição: nunca, desde 1929, a Juve tinha feito campanha tão ruim no campeonato. Já o resultado no campo chuvoso do Olímpico serviu para confirmar a boa campanha dos gialloblù em seu retorno à Serie A. Os gols foram verdadeiros pesadelos para a cúpula bianconera, que em janeiro ouviu uma recusa de Lanzafame em retornar ao clube que o revelou. Del Piero abriu os trabalhos após passe de Iaquinta, mas a lei do ex passou a valer quando Lanzafame bateu de longe e bola desviou em Chiellini para o empate. Depois, ainda foi protagonista, quando se aproveitou de uma saída desesperada de Buffon para virar. No fim da partida, Diego saiu vaiado e Biabiany aproveitou-se de um contra-ataque para ampliar as contas antes de Iaquinta descontar: 3 a 2. Como consolação, Felipe Melo fez sua melhor partida no clube nos últimos meses, agora jogando de mezzala, pela direita no 4-3-1-2 de Alberto Zaccheroni.
Na disputa pela parte de cima da tabela, muitos esperavam que Inter (1ª, 79) e Roma (2ª, 77) passeassem sobre Chievo (13ª, 44) e Cagliari (14ª, 43), respectivamente. Jogando em casa, as líderes tiveram de virar seus jogos para adiar a definição do título para a última rodada: a Roma, contra o mesmo Chievo; a Inter, contra o vice-lanterna Siena. Nos dois estádios, tardes de paz. Em Milão, a torcida nerazzurra perdoava Balotelli. Em Roma, a giallorossa deixava claro que “Totti não se discute, se ama”, frase repetida em faixas e canções. Sabe-se lá qual sensação cada uma das torcidas experimentou no gol contra de Thiago Motta, primeira bola a balançar as redes de duas partidas que pareciam ser jogadas ao mesmo tempo. Afinal, bastou um minuto para o empate com outro gol contra, agora de um Mantovani improvisado como líbero no 5-3-2 de Domenico Di Carlo. Antes do intervalo, a Inter passou à frente com um gol de Cambiasso em cruzamento de Maicon e depois com uma bela bola por cobertura de Milito sobre Sorrentino. Depois dele, lançamento de Maicon para Balotelli marcar 4 a 1 num Chievo que sentiu a falta de Yepes e Morero em sua retaguarda. A partir daí, ouvidos atentos, voltados para a Roma.
Talvez até demais. Desatenta, a Inter deu espaço para Granoche desviar um chute de Marcolini e marcar o segundo do Chievo. Enquanto isso, a Roma penava contra si mesma. De nada adiantava as três bolas na trave, por Totti, Motta e Riise. Os giallorossi dominavam amplamente a partida, mas não conseguiam marcar. A sorte parecia ter virado de vez quando Lazzari recebeu uma cobrança de Conti para furar o gol de Julio Sergio e abrir o placar para o Cagliari. No Giuseppe Meazza, a torcida da Inter ainda comemorava quando Zanetti entregou a bola infantilmente para que Pellissier descontasse para 4 a 3. Mas o Olímpico também gritava e não parava de cantar. E Totti entrou em ação para, pelo menos, adiar o sonho do quarto scudetto romanista por mais uma rodada: primeiro, no canto direito de Lupatelli, que havia entrado no lugar de Marchetti no intervalo para fazer pelo menos três grandes defesas; depois, cobrando perfeitamente o pênalti marcado quando um chute de Riise passou pelo braço de Biondini. Fim da rodada dupla. Inter 4 a 3, Roma 2 a 1. E scudetto a se decidir na última rodada, no próximo domingo, como há dois anos.
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Seleção da 37ª rodada
Curci (Siena); Maicon (Inter), Kjaer (Palermo), Criscito (Genoa), Riise (Roma); Cambiasso (Inter), Jovetic (Fiorentina); Sculli (Genoa), Quagliarella (Napoli), Totti (Roma), Lanzafame (Parma)
Porque é que Totti jogou este jogo? Não deveria estar suspenso devido ao cartão vermelho da taça?
Cumprimentos