Serie A

Quando a Bota afunda na lama

Signori, ex-atacante do Bologna, da Lazio e da seleção italiana, foi preso. O jogador, acusado de comandar esquema de apostas ilegais,  foi liberado temporariamente

Demorou, mas aconteceu de novo. O futebol italiano volta a ficar cercado de dúvidas quanto a sua integridade devido a um novo escândalo de manipulação de resultados. Desta vez, o escândalo não teve os mesmos traços que o último, o Calciopoli de 2006, em que diretores de clubes manipulavam resultados através de ameaças (telefônicas e físicas) e subornos a árbitros. Desta vez, o caso diz respeito a esquemas de apostas ilegais, envolvendo jogadores de algumas equipes.

A justiça italiana, em cada uma de suas divisões regionais, ainda procede as investigações, que versam sobre mais de 20 jogos (cinco da Serie A) que podem ter sido manipulados entre 2009 e 2011. Através de escutas telefônicas, a polícia italiana interceptou ligações entre líderes do esquema, jogadores de times de divisões inferiores e outros ex-jogadores. As interceptações contém dados relevantes e que podem mudar resultados da Serie B e da Lega Pro, caso os clubes sejam considerados envolvidos e acabem sendo punidos com a perda de pontos.

Até agora, nenhuma prova evidencia o envolvimento direto de clubes e muitas denúncias são confusas e não se encaixam – motivo pelo qual só voltaremos a tratar do caso quando for definido. Entre os acusados, que chegaram a ser presos, estão Antonio Bellavista (ex-Bari), Mauro Bressan (ex-Milan e Fiorentina), Marco Paoloni (Cremonese), Gianluca Ticella (Chieti, do futsal), Vittorio Micolucci e Vincenzo Sommese (Ascoli), além de Giuseppe Signori (ex-Lazio, Bologna e seleção italiana) – este último seria um dos líderes do esquema. Stefano Bettarini (ex-Sampdoria) e até mesmo Cristiano Doni (Atalanta) podem estar envolvidos.

Até hoje, não existem muitas fontes de informação sobre o caso em português. Indicamos, para quem desejar se aprofundar na espécie de “disse-me-disse” que está acontecendo todo dia, em tribunais italianos, o especial feito pela italiana Gazzetta dello Sport. Em português, temos a entrevista concedida pelo goleiro Rubinho, ex-Genoa, Torino e Palermo, a Gustavo Hofman, da Trivela. Aque, ficaremos com apenas um trecho da entrevista do brasileiro, que pode dar a noção do amadorismo das divisões inferiores da Itália, que fazem os jogadores apostarem – prática vetada, e que já provocou escândalos como o Totonero, de 1980, e o Totonero Bis, em 1986.

Rubinho diz: “na Série B é complicado mesmo. Na Série A os interesses são maiores, os jogadores pensam em transferências, jogar em competições europeias… Na B tem clubes que sabem que não vão subir, vão ficar lá seis, sete anos, e aí os jogadores veem essa forma de ganhar seu dinheirinho, pelas apostas, uma aqui, outra ali. Tem muitos jogadores italianos que apostam. Aí também o cara vai e conhece o dono de uma loja de relógios, aparece no vestiário vendendo relógio. As Séries B e C na Itália não têm nada de profissional…” Confira a entrevista, na íntegra, aqui.

P.S: Hoje a federação italiana (FIGC), confirmou oficialmente o banimento de Luciano Moggi e Antonio Giraudo, ex-diretores da Juventus, que comandaram o Calciopoli de 2006. Infelizmente, a decisão não quer dizer que a condução do atual escândalo será feita com o mesmo rigor.

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