Mercado

Aquecendo as turbinas

Meio à surpresa, Klose chega da Alemanha para comandar o ataque da Lazio: fadado ao sucesso ou ao fracasso? (SSLazio.it)

A partir de hoje, 1º de julho, o mercado de verão europeu está oficialmente aberto, até 31 de agosto. Mesmo com a vontade de Inter e Juventus de dar a volta por cima ou a chegada dos novos donos à Roma não deve fazer deste mercado um período de loucuras financeiras. Os clubes terão de respeitar o fair play financeiro da Uefa e gastar menos, para reduzir as dívidas e estarem aptos para quando a cobrança da entidade máxima do futebol europeu chegar, em quatro temporadas. Isto, no entanto, não quer dizer que os clubes investirão pouco – alguns, até, já estão bastante ativos e, procurando gastar pouco, investem em nomes menos badalados.

Neste texto, iremos repassar as principais contratações realizadas até aqui, analisando-as segundo a perspectiva de cada time. A lista completa das transferências (não só da Itália, mas dos principais campeonatos europeus), atualizadas por este colunista, você pode conferir na Trivela.

As principais movimentações
O campeão Milan foi um dos primeiros a se mexer e logo acertou duas contratações importantes para a defesa, de dois jogadores que devem ser titulares: Mexès (Roma) e Taiwo (Marseille). Com isso, a forte defesa montada por Allegri na última temporada tem tudo para ficar ainda mais sólida. O clube ainda ficou em definitivo com Amelia e Boateng, deixando espaço ainda para a renovação, com o repatriamento de Paloschi (Genoa) e El Shaarawy, talentoso trequartista italiano de origem egípcia que fez ótima Serie B pelo Padova e chega na transação que levou Merkel ao Genoa.

Do outro lado de Milão, a Inter tem muitas indefinições após a chegada de Gasperini, pois devem haver mudanças táticas em relação a última temporada. Enquanto Maicon, Lucio e Thiago Motta podem deixar o clube, a Inter negocia por Palacio (Genoa) e Ricky Alvarez (Vélez), enquanto o brasileiro Jonathan, do Santos, está perto de ser anunciado oficialmente. De confirmado, até agora, apenas a rescisão do contrato de Materazzi, que terá uma aventura no exterior antes de se tornar dirigente do clube, a contratação em definitivo de Nagatomo e a aquisição da totalidade dos direitos do goleiro Viviano, após um incrível erro de um diretor do Bologna no preenchimento do formulário que foi enviado à Lega Serie A na disputa às cegas, depois que Inter e Bologna não entraram em acordo pelo jogador (entenda aqui). Entre os que voltam de empréstimo, apenas o jovem zagueiro Caldirola (estava no Vitesse) tem certeza de que será aproveitado pelo novo treinador. Muntari e Santon aguardam avaliação.

No entanto, o clube italiano que mais gastou até agora foi a Juventus. O mercado mal abriu, mas a Juve, fora da Europa, já gastou quase 50 milhões de euros (37 deles só para contratar Motta, Pepe, Matri e Quagliarella em definitivo) para tentar voltar a impor respeito. Outros 10 milhões de euros foram utilizados para contratar o lateral direito Lichtsteiner, destaque da Lazio na última temporada. A custo zero, a Velha Senhora acertou com Ziegler (Sampdoria), provável futuro titular da lateral esquerda. Para o meio-campo, também sem custos, o clube de Turim acertou com o volante Pazienza (Napoli) e Pirlo (Milan), sua contratação mais chamativa. Em contrapartida, o time não exerceu o direito de compra sobre Aquilani (Liverpool), Traoré (Arsenal) e Rinaudo (Napoli).

Napoli e Udinese, que jogarão a Liga dos Campeões, ainda movem-se discretamente no mercado. Os azzurri, por exemplo, contrataram apenas quatro jogadores: Dzemaili (Parma), Donadel (Fiorentina), Rosati (Lecce) e Mannini (Sampdoria) – o último, dividido com a Sampdoria, chegou de pára-quedas, depois que a Samp não lhe fez nenhuma oferta, mas deve ser negociado. Em Údine, por sua vez, o objetivo é segurar (ou vender muito bem) gente com Sánchez e Inler, além de juntar mais alguns trocados com pelo menos 20 jogadores de posse do clube, que são constantemente emprestados. D’Agostino retornou ao clube, depois de passagem pela Fiorentina, e deve ser negociado por um valor importante. Até agora, o clube só fechou em definitivo com o zagueiro Danilo (Palmeiras) e o meia Doubai (Young Boys). Fabbrini (Empoli), destaque da seleção italiana sub-21, volta de empréstimo e deve fazer parte do grupo de Guidolin.

Entre os clubes de Roma, paradoxalmente, quem se mexeu mais até agora foi a Lazio, que contratou Lulic (Young Boys), jogador que deve preencher a lacuna de um ala esquerdo no 3-5-2 de Reja, e terá o angolano Cavanda (volta de empréstimo do Torino) como reserva. Para substituir Lichtsteiner, o clube de Formello contratou o francês Konko, do Genoa. A Lazio protagonizou, também, um dos acertos mais expressivos e inesperados do mercado até então, ao fechar com Klose, provável titular do ataque e incógnita, aos 33 anos: o alemão estava mal no Bayern Munique e terá o desafio de se adaptar ao futebol jogado na Itália.

Já a Roma, sem a família Sensi e com direção americana, tem procurado bastante ao longo do mundo, através de Walter Sabatini, diretor geral da equipe, conhecido por ter um bom olho para revelações. Muitos jogadores, como Bojan, Pastore, Lamela, Viviano, Stekelenburg e tantos outros, são especulados na Roma, mas até agora o clube só garantiu o rejuvenescimento de alguns setores da equipe, ao trazer de volta o zagueiro Sini, o meia Bertolacci (ambos do Lecce) e o lateral Crescenzi (Crotone). Todos devem permanecer em Trigoria, após uma temporada de amadurecimento em outras equipes. Curci e Guberti, ex-Sampdoria, também retornam, mas apenas o meio-campista tem alguma chance de ficar, caso seja bem avaliado por Luis Enrique na pré-temporada.

Entre os times médios, destaque para o mercado do Genoa. Os genoanos, sempre de olho em outros mercados, contrataram, do futebol francês, Birsa (Auxerre) e Ribas (Dijon), do holandês, Granqvist (Groningen) e, da América do Sul, Zé Eduardo (Santos), Seymour (Universidad de Chile), Escobar (Deportivo Cali), Pratto (Boca Juniors) e Jorquera (Colo-Colo). Além disso, dentro da Itália, fechou com Vinetot, destaque do Crotone na Serie B, e com os meias Merkel (Milan) e Constant (Chievo). Mesmo com tantas contratações, o balanço é positivo para o clube de Enrico Preziosi, que vendeu bem Criscito (Zenit), El Shaarawy (Milan) e Rafinha (Bayern), além de ter recebido do Milan um bom montante pelas vendas em definitivo de Amelia e Boateng. Trabalho de prospecção semelhante tem o Palermo, que provavelmente venderá Pastore por uma cifra altíssima e, até agora, não gastou quase nada para trazer as revelações Pisano (Varese), Zahavi (Hapoel Tel Aviv) e Simon (Haladás), além do experiente Cetto (Toulouse) e do goleador González (Novara).

Alguns clubes, no entanto, fazem apostas arriscadas. Como a Fiorentina, ao contratar o brasileiro Rômulo (Atlético Paranaense), provável substituto de Comotto na lateral direita viola. Ou o Parma, que dá nova chance a Biabiany depois que o francês fez temporada nefasta na Sampdoria, confiando que os ares do Tardini farão com que o jogador reedite a melhor fase de sua carreira, vivida justamente lá. O Parma ainda aposta em Blasi e Santacroce (cedidos pelo Napoli na negociação por Dzemaili), que pouco jogaram na última temporada – o meio-campista, por exemplo, só atutou em duas partidas.

Ainda na Emília-Romanha, o Bologna se movia mal, após perder Viviano para a Inter e Ekdal para a Juventus: o clube fechou com Pulzetti (Livorno, ex-Chievo) e Rickler (Chievo, ex-Piacenza), mas voltou aos eixos e fez duas boas contratações. A primeira delas foi o bom goleiro Gillet, destaque do Bari, que deve ser uma opção confiável debaixo das traves. Para a lateral esquerda, os rossoblù acertaram com Crespo, espanhol que fez ótima temporada pelo Padova. Em busca de nova salvezza, o Cesena é o único dos times pequenos a se mexer: fechou com Mutu (Fiorentina), Renella (Grasshopper) e Rossi (Bari), e negocia para ter Santana (sem clube, após deixar a Fiorentina).

O mercado italiano, no entanto, ainda está longe de esquentar. Nenhum clube iniciou a pré-temporada com 100% de seu efetivo – e muitos técnicos nem mesmo tiveram o primeiro contato com o atletas. Mesmo com redução de investimentos, os próximos dois meses serão atribulados.

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