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As limitações não impediram Salvatore Schillaci de ser o melhor jogador da Copa de 1990

A Copa do Mundo de 1990 não foi só de fracassos para a anfitriã Itália, que foi eliminada nas semifinais pela Argentina: o artilheiro e melhor jogador da competição foi um azzurro. Balançando as redes em seis dos sete jogos que a Nazionale realizou e marcando seis dos dez tentos italianos, Salvatore “Totò” Schillaci, foi eleito o melhor jogador daquele mundial.

Nascido em 1964 em Palermo, na Sicília, Schillaci começou sua carreira no início da década de 1980, no AMAT Palermo. Em 1982, aos 18 anos, foi contratado pelo Messina, time também siciliano, que disputava a Serie C2. Já em sua primeira temporada com os giallorossi, Totò viu a promoção da equipe para a terceira divisão. Após três campanhas, o Messina sagrou-se campeão da categoria em 1986 e obteve o acesso à segundona. Entre essas conquistas, o atacante já acumulava números que o transformariam em um dos jogadores mais importantes da história dos biancoscudati.

Schillaci brilhou em giallorosso e marcou época pelo Messina (imago)

Na temporada 1988-89, a da Serie B, o Messina terminou na oitava colocação, apenas a seis pontos do acesso à elite, mas Schillaci conseguiu seu sucesso individual: com os 23 tentos, ele foi o artilheiro isolado do campeonato – o vice-artilheiro fez apenas 15 – e chamou a atenção da toda poderosa Juventus, campeã do mundo quatro anos antes, mas que já vivia um jejum de quatro temporadas sem um scudetto. Lá se foi Totò para Turim.

Em sua primeira temporada com os bianconeri, Schillaci não desapontou a torcida local. Com 15 gols em 30 partidas no Campeonato Italiano, ele foi o artilheiro da Velha Senhora, além de contribuir para os dois títulos da equipe na temporada: a Coppa Italia (participando da jogada do gol do título) e a Copa Uefa.

Em clubes, Schillaci teve atuação mais destacada pela Juve (imago)

O desempenho naquela temporada rendeu-lhe sua primeira convocação para a seleção principal, comandada por Azeglio Vicini, para disputar a Copa do Mundo, em casa. Passando em branco apenas no segundo jogo da primeira fase, contra os Estados Unidos, Schillaci foi o principal jogador italiano naquela competição e embalou as “noites mágicas” dos azzurri.

Nas quatro partidas em que a Itália fez apenas um gol, Totò foi quem marcou em três delas, incluindo a classificação nas quartas-de-final, com a vitória de 1 a 0 sobre a Irlanda. Na eliminação italiana frente a Argentina, na semifinal, ele fez a sua parte, marcando o gol no empate de 1 a 1 no tempo regulamentar, mas, na disputa de pênaltis, o goleiro argentino Goycochea acabou com o sonho do tetra italiano. Schillaci deixaria sua marca novamente na disputa do terceiro lugar, na vitória por 2 a 1 dos anfitriões, sagrando-se o artilheiro do torneio.

Totò surpreendeu na Copa e acabou o torneio como seu artilheiro (imago)

Depois do desempenho na Copa, Schillaci chegou a ser segundo colocado da Bola de Ouro, ficando atrás do interista Lothar Matthäus, campeão mundial pela Alemanha. O atacante faria mais duas temporadas na Juventus, porém não teve, nem de perto, um desempenho semelhante, marcando dez gols na soma das duas temporadas. Em 1992, Totò foi comprado pela Inter, onde ficou por um biênio.

As contusões e a irregularidade com que jogava fizeram do jogador um mero figurante naquele time, que foi de vice-campeão nacional em 1993 a quase rebaixado em 1994. Neste mesmo ano, porém, ele seria campeão da Copa Uefa pela segunda vez na carreira com o time de Milão. O siciliano anotou 11 gols em 30 partidas com a camisa nerazzurra.

Após passagem apagada na Inter, Schillaci rumou ao Japão (imago/WEREK)

Antes mesmo do fim da temporada 1993-94 na Itália, Schillaci aceitou proposta do futebol japonês, para jogar no recém fundado Júbilo Iwata, sendo o primeiro jogador italiano a jogar na liga japonesa. Na temporada de 1995, ele foi o artilheiro da J.League, com 24 gols. Ao todo, foram 56 gols em 78 jogos na passagem pelo Japão. Ele foi campeão nacional em 1997. Sua aposentadoria formal se deu em 1999, após sofrer com contusões que o afastaram dos gramados por mais de um ano.

Fora dos campos, Schillaci desenvolveu projetos em ONGs e escolinhas, revelando atletas profissionais, como Antonio Di Gaudio e Francesco Di Mariano, seu sobrinho. O ex-atacante também chegou a ocupar um cargo análogo ao de vereador em Palermo, pelo partido Forza Italia, de Silvio Berlusconi, e se tornou uma figura televisiva: participou de vários reality shows e até fez ponta como ator em filmes e séries. Em 2022, Totò anunciou que tinha câncer no cólon. Cerca de dois anos depois, teve piora no quadro e nos deixou, aos 59. Embora ídolo do Messina, foi velado no estádio Renzo Barbera, do rival Palermo, em sua cidade natal.

Salvatore Schillaci
Nascimento: 1º de dezembro de 1964, em Palermo, Itália
Morte: 18 de setembro de 2024, em Palermo, Itália
Posição: atacante
Clubes: Messina (1982-89), Juventus (1989-92), Inter (1992-94) e Júbilo Iwata (1994-97)
Títulos: Coppa Italia (1990), Copa Uefa (1990 e 1994) e J.League (1997)
Seleção italiana: 16 jogos e sete gols

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