Antes de estar no comando do Chelsea que protagonizou uma grande virada sobre o Napoli, nesta edição da Liga dos Campeões, Roberto Di Matteo já havia tido glórias no clube londrino. Foi pelos Blues que o jogador de carreira curta e passagem rápida em território italiano teve reconhecimento internacional, se firmando na Squadra Azzurra. Filho de italianos e nascido na Suíça, Di Matteo iniciou sua caminhada dentro do futebol, aos 18 anos no Schaffhausen, de sua cidade natal.
Neste início no pequeno clube, foi companheiro de um já veterano Joachim Löw, que estava prestes a pendurar suas chuteiras. Jovem meio-campista de futuro promissor, passou três anos no Schaffhausen antes de ter seu debute na divisão principal pelo Zürich. Uma simples temporada com 33 aparições e seis gols serviram para que o Aarau quisesse contar com os serviços do jovem para 1992-93.
Planos ambiciosos da diretoria culminaram no título nacional daquela época, o último conseguido pela agremiação alvinegra que hoje se encontra na segunda divisão. Grande nome daquele elenco vitorioso, Di Matteo agora ganhava prestígio em países vizinhos, como a Itália. Chegava a hora de dar um passo maior, assinando com a Lazio, numa época em que os aquilotti fizeram campanhas notáveis, treinados primeiro por Dino Zoff e depois por Zdenek Zeman.
Durante os três anos em que o meia jogou pelos biancocelesti, foi o pilar central de um meio-campo que auxiliava muito o ataque. Di Matteo ditava o ritmo de jogo e ajudou o time a chegar a colocações sempre acima do quarto lugar – com destaque para 1994-95, quando a Lazio surpreendeu e foi vice-campeã, com 10 pontos a menos que a campeã Juventus.
Di Matteo chegou a ser pré-convocado para a Copa de 1994, mas fraturou o cotovelo e acabou não indo para os Estados Unidos. Ainda com Arrigo Sacchi, foi presença constante nas convocações seguintes e integrou o grupo que disputou a Eurocopa de 1996, na Inglaterra. A Squadra Azzurra acabou não desempenhando um papel tão digno e caiu ainda na primeira fase. Entretanto, isso não minou as esperanças de Di Matteo de permanecer no quadro principal de atletas para os anos que viriam.
De saída da Lazio (após desentendimento com Zeman, que o deixou de fora de algumas partidas) logo após a competição continental, permaneceu na Grã-Bretanha para jogar no Chelsea. Na época, o time inglês voltava gradualmente a figurar entre os grandes do país, com uma pequena colônia italiana – Gianfranco Zola e Gianluca Vialli também atuavam pelo clube.
Logo em sua estreia pelos Blues, marcou um gol contra o Middlesbrough, adversário que ainda seria torturado uma vez mais pela potente perna direita. Conseguiu cativar a torcida de forma quase que instantânea, e o mais importante, a confiança de Ruud Gullit, técnico do Chelsea na ocasião. Em 1997, na final da FA Cup contra o mesmo Boro citado ao início deste parágrafo, foi decisivo para castigar o pobre arqueiro Ben Roberts. Aos 30 segundos de jogo, uma arrancada e a conclusão fatal que explodiu no travessão e foi para o gol de forma indefensável. O gol madrugador foi o primeiro lampejo do 2-0 que deu a taça aos londrinos.
Convocado por Cesare Maldini para o Mundial de 1998, na França, Di Matteo já desfrutava do reconhecimento, apesar da pouca participação (dois jogos somando 87 minutos). Pelo Chelsea, ainda venceria uma League Cup antes naquele ano, além de uma Recopa Europeias e a Supercopa da Uefa. A fase vitoriosa só foi se encerrar em 2000, com mais uma FA Cup, em cima do Aston Villa. Como por obra do destino, mais uma vez seria Di Matteo a marcar o gol decisivo (e único) daquela final.
A temporada de 2000-01 estava apenas começando, quando numa partida da Copa UEFA frente o St. Gallen, o meia italiano sofreu uma grave lesão, em choque com Daniel Imhof, fraturando sua perna em três lugares e perdendo mais de um ano em recuperação. Imprescindível dizer que isso alterou o curso da sua vida como jogador, o impedindo de retomar o alto nível nos anos seguintes.
Decidindo se aposentar em fevereiro de 2002, teve a última oportunidade de entrar em campo com os seus companheiros na final da FA Cup frente o Arsenal, em maio daquele ano. Sem poder contar com a mística de Di Matteo naquele certame como em outras oportunidades, o Chelsea foi derrotado por 2-0 e o meia ficou com a amarga sensação de não ter dado o adeus merecido ao clube onde se consagrou.
Di Matteo voltou ao Chelsea em 2011, para ser auxiliar do português André Villas-Boas, com o crédito de ter feito um ótimo trabalho no pequeno Milton Keynes Dons na terceira divisão inglesa e de uma promoção com o West Bromwich Albion para a primeira divisão. Substituindo o pupilo de José Mourinho, o ex-jogador teve a chance de fazer sucesso em Londres também como técnico.
E a agarrou, visto que conseguiu um improvável título de Liga dos Campeões, com direito a eliminação do Napoli nas oitavas, graças a vitória por 4 a 1 após um 3 a 1 sofrido na Itália, e passagem sobre o Barcelona de Pep Guardiola nas semifinais. Sem falar no triunfo nos pênaltis, sobre o Bayern de Munique, que jogava na Allianz Arena.
Com a glória no bolso, Di Matteo teve um pífio restante de carreira como treinador – e, por isso, parou cedo. Os títulos da Champions League e da FA Cup não lhe deram créditos suficientes junto à diretoria do Chelsea, e o italiano deixou o comando após uma sequência de maus resultados, em novembro de 2012. Depois, acumulou longas pausas e trabalhos contestáveis, levando o Schalke 04 ao sexto lugar da Bundesliga e sendo exonerado pelo Aston Villa após somente uma vitória em 11 rodadas da segundona inglesa. Afastado da prancheta, se tornou consultor técnico do Jeonbuk Hyundai, da Coreia do Sul.
Roberto Di Matteo
Nascimento: 29 de maio de 1970, Schaffhausen, Suíça
Posição: meio-campista
Clubes como jogador: Schaffhausen (1988-91), Zürich (1991-92), Aarau (1992-93), Lazio (1993-96) e Chelsea (1996-2002)
Títulos como jogador: Campeonato Suíço (1993), FA Cup (1997 e 2000), Copa da Liga Inglesa (1998), Recopa Uefa (1998), Supercopa Uefa (1998) e Charity Shield (2000)
Clubes como treinador: Milton Keynes Dons (2008-09), West Bromwich (2009-11), Chelsea (2012), Schalke 04 (2014-15) e Aston Villa (2016)
Títulos como treinador: FA Cup (2012) e Liga dos Campeões (2012)
Seleção italiana: 34 jogos e 2 gols