Neste sábado, Palermo e Catania se enfrentarão no Renzo Barbera, na capital siciliana Palermo. Mais que um simples confronto entre equipes da mesma região, o dérbi local representa muito para duas equipes sem muita expressão na Terra da Bota.
Na atual temporada, mais uma vez o Catania leva vantagem. Ocupando a sétima colocação, o time está a quatro pontos de distância da Lazio, primeira equipe na zona de classificação para a Uefa Europa League, e vive bom momento no campeonato. Oito pontos atrás, e sem muita perspectiva de dias melhores, está o Palermo, com 11 pontos em 13 jogos, ocupando a 16ª colocação, se livrando da zona devido ao saldo de gols.
Significado do atual dérbi
Mesmo com as saídas de Pietro La Monaco (que está exatamente no Palermo, após rápida passagem pelo Genoa), competente dirigente, e Vincenzo Montella, responsável por comandar a equipe com a melhor pontuação na Serie A em sua história, o time do empresário Antonino Pulvirenti, presidente da empresa aérea Wind Jet, manteve a base da equipe da temporada passada, contratou Rolando Maran, de bom trabalho em Vicenza e Varese, para a vaga de Montella e agora goza de mais um bom desempenho na Serie A.
Passadas 13 rodadas, o time de Maran, que procurou não modificar muito do que Montella já havia montado, soma 19 pontos, pontuação essa melhor que a da temporada passada. A sétima colocação também tem deixado o torcedor rossoazzurro contente. Depois das derrotas para Inter e Juventus, o Catania venceu dois de seus últimos quatro jogos, inclusive uma goleada significativa sobre a Lazio (4-0).
Vencer o dérbi deste sábado não significa apenas bater seu maior rival, mas também encostar nas equipes que disputam por vaga europeia. Para coroar o ótimo trabalho que vem sendo feito pelos etnei, nada mais justo que uma vaga na Europa League. Para isso, além de ter que bater o Palermo, terá que manter uma regularidade que nunca foi o ponto forte da equipe na Serie A, como, por exemplo, na temporada passada sofreu três derrotas e dois empates nos últimos cinco jogos.
A situação na principal cidade siciliana, mais uma vez, é complicada. O impaciente presidente Maurizio Zamparini havia prometido dar tempo para o competente Giuseppe Sannino trabalhar, contudo, após duas derrotas por 3 a 0 para Napoli e Lazio, além de um empate em 1 a 1 com o Cagliari, o ex-técnico do Siena foi demitido. Para seu lugar foi contratado ninguém menos que Gian Piero Gasperini, de um péssimo trabalho na Inter e que até então demonstrava (e ainda demonstra) sua mágoa com Massimo Moratti e companhia nos jornais esportivos.
10 jogos já se passaram desde a chegada do treinador com ideias ofensivas, e que geralmente monta equipes desequilibradas, e o retrospecto da equipe não é lá muito condizente com o que é gasto por Zamparini e com o que se espera de um time que até pouco tempo atrás brigava por vaga na Europa League. Foram quatro derrotas, quatro empates consecutivos e duas vitórias, a última, aliás, que tirou o time da zona de rebaixamento e deu um pouco de alívio.
Entretanto, bastou sofrer uma derrota por 3 a 0 do Bologna para Gasperini estar ameaçado e Zamparini dar algumas “chamadas”. Uma vitória contra o Catania viria em ótimo momento tanto para Gasp como para o moral do elenco, que é razoável e não deveria estar ocupando uma posição tão inferior.
Os últimos dérbis
16ª rodada (18/12/2011) – Catania 2 x 0 Palermo
A derrota por 2 a 0 no dérbi culminou a demissão de Devis Mangia no Palermo, que até então vinha fazendo bom trabalho. O Catania, que em meio a irregularidade da equipe de Montella, já ocupava uma colocação melhor na tabela e afundou ainda mais seu rival numa vitória que contou com os gols de Lodi (melhor em campo) e Maxi López.
35ª rodada (28/04/2012) – Palermo 1 x 1 Catania
Em situações opostas, o empate acabou não ajudando ninguém no dérbi. Após a derrota para Cagliari, o empate deu continuidade a uma sequência de cinco jogos sem vitórias do Catania, impedindo que a equipe tivesse uma colocação e uma pontuação ainda melhor. O Palermo de Bortolo Mutti, por sua vez, que vinha de quatro jogos sem vitórias, não conseguiu se distanciar da zona de rebaixamento, mas graças à grande diferença em relação ao Lecce, Novara e Cesena, conseguiu se manter na elite italiana. Os gols foram marcados pelos experientes Legrottaglie e Miccoli.
Vale registrar que, nos últimos seis dérbis, o Catania levou vantagem em três oportunidades, enquanto o Palermo apenas uma; no mais, dois empates.
Estatísticas gerais
O Dérbi da Sicília é marcado por uma grande rivalidade, entretanto, foram poucos confrontos disputados na elite italiana: apenas 16 partidas, em 76 anos de rivalidade – em 1936 foi disputado o primeiro jogo oficial entre os times. O Catania leva vantagem na Serie A, com seis vitórias contra quatro do Palermo, sendo que outros seis jogos terminaram em empate.
Contabilizando todos os jogos oficiais, são datados 82 confrontos, e, dessa vez, quem leva vantagem são os rosanero, com 24 vitórias, contra 20 dos etnei, sendo ao todo 38 empates. O baixo número de partidas na elite italiana se explica pelo fato de ambas as equipes nunca terem tido uma grande regularidade na Serie A. Nos últimos anos, contudo, Palermo e Catania tem conseguido se firmar na elite e o dérbi tem ganhado maior importância.
O time de Zamparini, presidente desde 2002, tem 31 participações na primeira divisão, sendo que não disputa a segunda desde a temporada 2003-04. O Catania, por sua vez, tem conseguido se erguer de forma “sustentável” e inteligente, desde a chegada de Pulvirenti à presidência, em 2004. A equipe subiu na temporada 2005-06 e desde já são 20 participações na Serie A.
Personagens históricos
Como o dérbi começou a viver seu “auge” a partir da metade da última década, a maior parte dos personagens históricos são recentes. Javier Pastore é responsável pela única tripletta no Dérbi da Sicília. Na temporada 2010-11, o argentino foi o personagem da vitória por 3 a 1 do Palermo sobre o Catania. Outro que já se destacou no confronto é Giuseppe Mascara, que já quatro gols no dérbi. Desses, um golaço na temporada 2008-09, num chute do meio do campo que encobriu Amelia.
Outros personagens são Luca Lugnan e Fabio Caserta, que já marcaram por ambos os clubes. Lugnan contribuiu com um gol nos 2 a 0 do Catania pela Coppa Italia Lega Pro (na época Coppa Italia di C), em 1998; e pelo Palermo marcou duas vezes em 1999, pela Coppa Italia di C e pela Serie C1, nos empates em 2 a 2 e 1 a 1. Caserta, por sua vez, marcou o único gol do Catania em casa na derrota por 2 a 1 em 2007; ainda no mesmo ano, agora pelos rosanero, também fez o gol de honra em outra derrota, agora do Palermo, que perdeu por 3 a 1 – ambos os confrontos pela Serie A.
Para os palermitanos, outros nomes que sempre foram bem quistos pela torcida em dérbis são Fabrizio Miccoli, Eugenio Corini e Luca Toni (que marcou dois gols em um 5 a 0 no início dos anos 2000). Para o Catania, além de Mascara, quem significou muito em dérbis foi o atacante Gionatha Spinesi, que fez dupla com o ex-capitão.
Dérbis marcantes
Em 2001, um jogo ficou marcado não por ter sido uma partida aguerrida, emocionante, mas por um fato curioso: em jogo válido pela Coppa Italia da antiga Serie C, realizado em Catania, o Palermo teve seus uniformes roubados do ônibus da equipe. Para não ficar sem entrar em campo, os rosanero tiveram de jogar com o uniforme de treino, sendo que foram utilizadas fitas adesivas para colocar a numeração dos jogadores. O jogo terminou em 1 a 1.
Outros dois dérbis também ficaram marcados não pelo futebol, mas pela violência. Na temporada 1981-82, pela Serie B, o Palermo venceu o Catania por 2 a 0 no Renzo Barbera com doppietta de Giampaolo Montesano, entretanto, antes da partida iniciar, o zagueiro Renato Miele, do Catania, foi atingido por uma garrafa arremessada por um torcedor rosanero, e o defensor acabou por não entrar em campo. Em um caso mais recente, e de proporção maior, em 2007, torcedores do Catania entraram em confronto com a polícia e o oficial Filippo Raciti acabou falecendo, obrigando a FIGC tomar duras atitudes em represália ao ocorrido.
Com a bola rolando, destaque para as recentes goleadas do Catania por 4 a 0, uma no Angelo Massimino, em 2011, e outra no Renzo Barbera, em 2009. Nas temporadas 2003-04 e 2000-01, contudo, o Palermo venceu por 5 a 0 e 5 a 1, todos em casa. Finalmente, em 2006-07, a primeira temporada do Catania desde sua volta para a Serie A, um jogo com oito gols, em que o Palermo saiu vencedor em casa, batendo o rival por 5 a 3, com gols de Tedesco, Fábio Simplício, Corini, Amauri e Barzagli, enquanto Corona, Mascara e Spinesi fizeram para o Catania.