Serie A

Parada de inverno, parte 1

Kaká e Balotelli não conseguiram fazer o Milan decolar na primeira metade da Serie A (AP)

Publicado também na Trivela.

Ficaremos sem o futebol da Serie A até o dia 5 de janeiro, em virtude da pausa do campeonato por conta das festividades de fim de ano. Antes de a bola voltar a rolar na Itália, porém, destacamos o que aconteceu com os 20 clubes que integram o Italiano e fazemos uma projeção do que pode acontecer com cada um deles. Nosso especial da parada de inverno está dividido em duas partes, publicadas semanalmente. Apresentamos, agora, as análises das equipes classificadas da 20ª à 11ª posição. Boa leitura!

Catania
20ª posição. 17 jogos, 10 pontos. 2 vitórias, 4 empates, 11 derrotas. 10 gols marcados, 32 sofridos.
Time-base: Andújar; Álvarez, Legrottaglie, Spolli (Rolín, Gyömbér), Biraghi (Monzón); Tachtsidis (Izco), Almirón (Guarente), Plasil; Barrientos, Bergessio (Maxi López, Leto), Castro.
Treinadores: Rolando Maran, até a 8ª rodada, e Luigi De Canio a partir de então
Destaque: Pablo Barrientos, meia-atacante
Artilheiros: Pablo Barrientos e Lucas Castro, com 3 gols
Garçom: Maxi López, com 2 assistências
Decepção: Nicola Legrottaglie, zagueiro
Maior sequência de vitórias: nenhuma
Maior sequência de derrotas: 6, da 10ª à 15ª rodada
Maior sequência de invencibilidade: 2, na 6ª e 7ª rodadas
Maior sequência sem vencer: 5, da 1ª à 5ª rodada, da 7 à 11ª rodada e da 13ª à 17ª rodada
Fair play: 36 cartões amarelos e 4 vermelhos
Expectativa: Não ser rebaixado

Quem diria que uma equipe pudesse sentir tanto as saídas de três jogadores? Oitavo colocado na última Serie A, quando bateu seu recorde de pontos e igualou sua melhor classificação na história, o Catania é uma das grandes decepções do campeonato, depois de ter perdido o lateral esquerdo Marchese, o meia-atacante Gómez e sobretudo o regista Lodi. A equipe chegou cotada para tentar repetir o feito, mas tem aproveitamento de apenas 20%, a segunda pior defesa (32 gols sofridos) e pior ataque (10 marcados). O Catania também é o time que menos venceu e mais perdeu no campeonato, e tem o pior retrospecto fora de casa, com nenhum ponto conquistado longe do estádio Angelo Massimino. Além disso, a demissão de Rolando Maran foi um ato apressado e que não levou em
consideração os méritos do treinador no ano anterior. Seu substituto,
Luigi De Canio, não é um nome ruim, mas tem muitas diferenças nos métodos de
trabalho, que demoram a surtir efeito – sair do 4-3-3 para o 4-4-2 em linha ou losango não é tão simples assim. Não é à toa que entre as quatro equipes que mudaram de técnico, apenas os elefantes não tenham melhorado de situação.

A montagem do elenco revelou vários problemas. Na lateral esquerda, que tinha Marchese como titular, Monzón não se firmou, e perdeu o lugar para o inexperiente Biraghi, que ainda tateia na função. Legrottaglie, em queda técnica, não tem dado a mesma segurança dos anos anteriores, e os problemas físicos de Spolli também atrapalham. No ataque, Castro e Barrientos se esforçam, mas Bergessio não vinha bem mesmo antes de sua lesão e Maxi López também não é o mesmo de dois anos atrás, o que diminui o poderio ofensivo da equipe. O grande problema, porém, está no meio-campo, setor ao qual se cogita o retorno de Lodi. Tachtsidis, voluntarioso mas muito afobado, caminha para o segundo flop consecutivo, após aquele na Roma, enquanto Guarente e Leto também não se adaptaram. Plasil tem feito trabalho digno, mas não consegue colocar a fantasia de Lodi, que definia os jogos com passes e lançamentos precisos além de gols de falta – prova disso é que o Catania não marcou um gol a partir de bola parada, algo inimaginável nos últimos dois anos. Neste cenário, parece difícil que os etnei cheguem a seu nono ano consecutivo na elite.

Livorno
19ª posição. 17 jogos, 13 pontos. 3 vitórias, 4 empates, 10 derrotas. 16 gols marcados, 29 sofridos.
Time-base: Bardi; Coda, Emerson, Ceccherini; Schiattarella, Luci, Duncan (Biagianti), Greco, Mbaye; Emeghara (Siligardi), Paulinho.
Treinador: Davide Nicola
Destaque: Paulinho, atacante
Artilheiro: Paulinho, com 6 gols
Garçons: Pasquale Schiattarella e Leandro Greco, com 3 assistências
Decepção: Innocent Emeghara, atacante
Maior sequência de vitórias: 2, na 2ª e 3ª rodadas
Maior sequência de derrotas: 4, da 6ª à 9ª rodada
Maior sequência de invencibilidade: 4, da 2ª à 5ª rodada
Maior sequência sem vencer: 7, da 4ª à 10ª rodada
Fair play: 53 cartões amarelos, nenhum vermelho
Expectativa: Não ser rebaixado

O bom início de campeonato iludiu os torcedores do Livorno. A equipe somou oito pontos nos cinco primeiros jogos e ficou na parte alta da tabela, mas depois acumulou quatro derrotas consecutivas e só voltou a vencer outra vez na 11ª rodada, quando o jejum de triunfos voltou a aparecer. Apesar da posição ruim na tabela, a equipe merece poucas críticas pelo que tem mostrado em campo. Os livorneses, que tem a mais baixa folha salarial da Serie A, tem brigado muito para conseguir pontos, e fizeram jogos duros contra algumas das equipes que estão na parte alta da tabela, como Juventus, Roma, Inter e Verona, além de Lazio, Udinese e Milan, que vivem situação mais complicada.

O grande problema da equipe é a inexperiência de grande parte do elenco. Alguns dos titulares são muito jovens, como Bardi, Duncan, Mbaye e Siligardi, e até mesmo alguns dos jogadores mais experientes não tem experiência na Serie A. Dentre os jogadores mais utilizados, apenas quatro (Coda, Biagianti, Greco e Paulinho) já haviam disputado mais de 20 jogos pela elite italiana antes de o campeonato começar – Emeghara, com boa passagem pelo Siena e em primeiras divisões de outros países, também tem alguma experiência, mas tem jogado mal e pode ser negociado. O próprio técnico, Davide Nicola, está apenas em seu segundo trabalho como treinador, após uma passagem pelo Lumezzane, vive seu segundo ano no Livorno. No mercado de reparação, a equipe buscará reforços de mais experiência para ajudar o goleador Paulinho no ataque e também para o meio-campo, sobretudo um meia criativo e um lateral.

Sassuolo
18ª posição. 17 jogos, 14 pontos. 3 vitórias, 5 empates, 9 derrotas. 17 gols marcados, 36 sofridos.
Time-base: Pegolo; Antei, Bianco, Acerbi; Gazzola (Schelotto, Marzoratti), Magnanelli, Missiroli (Marrone), Longhi (Ziegler); Berardi, Zaza (Floro Flores), Kurtic.
Treinador: Eusebio Di Francesco
Destaque: Domenico Berardi, atacante
Artilheiro: Domenico Berardi, com 7 gols
Garçom: Luca Marrone, com 3 assistências
Decepção: Ezequiel Schelotto, meio-campista
Maior sequência de vitórias: nenhuma
Maior sequência de derrotas: 4, da 1ª à 4ª rodada
Maior sequência de invencibilidade: 4, da 11ª à 14ª rodada
Maior sequência sem vencer: 7, da 1ª à 7ª rodada
Fair play: 39 cartões amarelos e 3 vermelhos
Expectativa: Não ser rebaixado

O único estreante nesta edição da Serie A demorou a começar o processo de adaptação à elite. E os primeiros passos do Sassuolo foram dolorosos, recheados de cacetadas: quatro derrotas nas primeiras quatro rodadas da competição, com direito a tropeços contra Livorno e Verona, que subiram juntamente à equipe, e uma tunda em casa, no 7 a 0 aplicado pela Inter. A partir da 5ª rodada, a equipe reagiu, e conseguiu empates contra Napoli e Lazio, além da primeira vitória na elite, contra o Bologna, e também conseguiu excelente resultado contra a Sampdoria, virando a partida para 4 a 3. Rodada após rodada, a equipe sobrevive, e vai dando mostras de que pode lutar até o fim, contrariando o que se pensava no início da campanha. A inexperiência no início do campeonato pesou, mas às vezes entrar nas partidas como franco atirador é um ponto positivo para o Sassuolo. Armado por Di Francesco em um ofensivo 3-4-3, mutável para 4-3-3, os neroverdi tem um ataque insinuante, que depende de dois jovens jogadores: Zaza, 22 anos e 5 gols na temporada, e Berardi, 19 anos e 7 gols – ambos já foram comprados pela Juventus.

Outro jogador da Juve que também vem bem é o volante Marrone, peça útil no esquema do técnico, e que tem sido até mais decisivo que Kurtic, o responsável pela criação das jogadas. Na defesa, a situação poderia ser melhor se Terranova (zagueiro artilheiro) não tivesse se lesionado gravemente e só tenha previsão de voltar ao time nas rodadas finais. Acerbi, ex-Milan, vinha fazendo campeonato regular, mas teve um câncer descoberto nos testículos e é desfalque – chegou a ser suspenso por doping, mas a equipe busca reverter a decisão. Os suíços Rossini e Ziegler, que já tiveram bons momentos na Sampdoria, por sua vez decepcionam. Dois jogadores que vem bem são o jovem zagueiro Antei (20 anos, emprestado pela Roma) e o goleiro Pegolo. Se os cinco reforços para a defesa pedidos por Di Francesco chegarem, as chances de escapar da degola aumentam. Vale a pena sonhar.

Bologna
17ª posição. 17 jogos, 15 pontos. 3 vitórias, 6 empates, 8 derrotas. 17 gols marcados, 31 sofridos.
Time-base: Curci; Antonsson, Natali, Mantovani (Sorensen); Garics, Krhin (Pérez), Kone, Morleo (Laxalt); Diamanti; Cristaldo, Bianchi.
Treinador: Stefano Pioli
Destaque: Panagiotis Kone, meio-campista

Artilheiros: Alessandro Diamanti e Panagiotis Kone, com 4 gols

Garçom: Jonathan Cristaldo, com 2 assistências

Decepção: Rolando Bianchi, atacante
Maior sequência de vitórias: 2, na 9ª e 10ª rodadas
Maior sequência de derrotas: 3, da 6ª à 8ª rodada
Maior sequência de invencibilidade: 3, da 9ª à 11ª rodada
Maior sequência sem vencer: 8, da 1 à 8ª rodada
Fair play: 49 cartões amarelos e 2 vermelhos

Expectativa: Não ser rebaixado

Para ser bem claro: a posição do Bologna na tabela é uma grande decepção. A equipe felsinea, que vem de duas temporadas positivas (incluindo um 9º lugar em 2011-12), tem o nono maior orçamento da Serie A e dois jogadores no grupo que Cesare Prandelli deve levar à Copa de 2014, Diamanti e Gilardino – tem, ainda, dois dos principais jogadores da seleção grega, um da uruguaia e outros nomes que seriam úteis em equipes maiores na tabela. Por isso, o péssimo início de campeonato, com a primeira vitória apenas na 9ª rodada, assustou muito os torcedores, e quase provocou a saída do técnico Stefano Pioli, no terceiro ano na Emília-Romanha. Ele continua ameaçado, mas “comeu o panetone”, como se diz na Itália. Com a parada de inverno, ganha sobrevida e a chance de fazer ajustes no elenco.

O primeiro grande ajuste será sanar uma aposta do último mercado que deu errado: apostar em Bianchi e Cristaldo (além de Moscardelli, que chegou em janeiro e viria a ser mais utilizado) para substituir Gilardino e Gabbiadini, que estavam emprestados. A dupla anterior guardou 20 gols no campeonato, e o trio atual marcou apenas três, o que mostra a grande diferença. Com isso, Diamanti perdeu uma referência no ataque e passou a errar mais (ele é o terceiro jogador com mais chances de gol criadas no certame, mas sem muita eficácia), seja por tentar definir sozinho seja por tentar encontrar jogadores que não tem um movimentação tão boa quanto Gilardino e, em menor grau, Gabbiadini. Apesar dos gols, tem errado muitos passes, e viveu fase muito ruim entre agosto e dezembro. A saída de Bianchi, que tem o segundo maior salário do time, e de outros descontentes (Sorensen e Pazienza) é quase certa e, com um centroavante mais gabaritado e a contratação de dois reforços para o meio-campo, a tendência é que Diamanti, bem assessorado por Kone, Garics e Laxalt, reencontre um futebol mais vistoso. Se o roteiro for seguido à risca, o Bologna terá um 2014 mais tranquilo que os últimos meses de 2013.

Chievo
16ª posição. 17 jogos, 15 pontos. 4 vitórias, 3 empates, 10 derrotas. 13 gols marcados, 31 sofridos.
Time-base: Puggioni; Sardo, Frey (Dainelli), Cesar, Dramé; Radovanovic, Rigoni, Hetemaj; Estigarribia, Théréau, Paloschi (Pellissier, Sestu).
Treinadores: Giuseppe Sannino, até a 12ª rodada, e Eugenio Corini, a partir de então
Destaque: Cyril Théréau, atacante
Artilheiro: Cyril Théréau, com 4 gols
Garçom: Perparim Hetemaj, com 3 assistências
Decepção: Sergio Pellissier, atacante
Maior sequência de vitórias: 3, da 13ª à 15ª rodada
Maior sequência de derrotas: 6, da 5ª à 10ª rodada
Maior sequência de invencibilidade: 5, da 11ª à 15ª rodada
Maior sequência sem vencer: 8, da 5ª à 12ª rodada
Fair play: 54 cartões amarelos e 1 vermelho
Expectativa: Não ser rebaixado

De técnico novo desde a 12ª rodada, o Chievo voltou a sorrir. Depois de começar o campeonato de forma irregular, e emplacar uma série de seis derrotas e de oito jogos sem vencer, um nada convincente Giuseppe Sannino deu lugar a Eugenio Corini, em seu segundo trabalho como treinador na equipe vêneta. Na dança das cadeiras que, com a exceção de Pioli, só tem levado técnicos carecas ao Chievo desde 2007 (Iachini, Di Carlo, Sannino e o próprio Corini), o ex-jogador do clube segue o caminho do segundo, que também assumiu o barco no meio da tempestade e conseguiu levar o time à salvação. Com os méritos na temporada passada, Corini deixou o clube, mas retornou após o fracasso de Sannino, que não conseguiu aplicar seu futebol defensivo a uma equipe que, reconhecidamente, tem um dos estilos de jogo mais defensivos do futebol italiano. Uma façanha.

Ok, a equipe perdeu Andreolli, mas quase todo o sistema defensivo titular (volantes inclusos) joga junto desde 2011. Alguns jogadores atuam juntos desde 2008, então falta de entrosamento não é desculpa. Conhecendo bem o elenco, Corini ajudou o time a melhorar, e a defesa só havia sofrido um gol em quatro jogos, até que aconteceu um desastre na 17ª rodada, contra o Torino (4 a 1). Após sua chegada, Corini emplacou logo três vitórias seguidas, fazendo a equipe subir muito na tabela, contando principalmente com os gols de Théréau e a boa movimentação e diligência do finlandês Hetemaj, bem assessorado por Estigarribia. Não há dúvidas de que a equipe mudou para melhor e que pode crescer, principalmente se Pellissier voltar a render bem e se Paloschi se ajustar melhor ao esquema – ou como atacante pelos lados ou, mais provavelmente, utilizado como centroavante, com Théréau deslocado à esquerda. Um ponto positivo para o Chievo tem sido o desempenho fora de casa: o time clivense é o único que fez mais pontos fora do que em casa (8×7). Porém, o aproveitamento no Bentegodi é baixo: é o pior de toda a Serie A, e igual ao do Sassuolo.

Atalanta
15ª posição. 17 jogos, 18 pontos. 5 vitórias, 3 empates, 9 derrotas. 18 gols marcados, 25 sofridos.
Time-base: Consigli; Scaloni (Bellini), Lucchini (Yepes, Canini, Migliaccio), Stendardo, Brivio (Del Grosso); Raimondi, Carmona, Cigarini, Bonaventura (Livaja); Moralez; Denis.
Treinador: Stefano Colantuono
Destaque: Germán Denis, atacante
Artilheiro: Germán Denis, com 6 gols
Garçom: Luca Cigarini, com 6 assistências
Decepção: Giacomo Bonaventura, meio-campista
Maior sequência de vitórias: 3, da 6ª à 8ª rodada
Maior sequência de derrotas: 3, da 3ª à 5ª rodada
Maior sequência de invencibilidade: 3, da 6ª à 8ª rodada
Maior sequência sem vencer: 5, da 13ª à 17ª rodada
Fair play: 39 cartões amarelos e 1 vermelho
Expectativa: Meio da tabela

Historicamente, jogar no estádio Atleti Azzurri d’Italia é uma arma bem utilizada pela Atalanta. Nesta Serie A não é diferente, e a equipe compensa o péssimo retrospecto longe de seus domínios (apenas quatro pontos, segunda pior marca do campeonato) com um aproveitamento regular em casa: 14 pontos em 24 disputados. A irregularidade, porém, tem pesado contra a equipe nerazzurra, que se tivesse conseguido alguns poucos pontos fora de casa estaria em uma posição mais confortável, e na parte de cima do bloco de equipes que estão no meio da tabela – do 8ºcolocado, o Parma, ao 18º, o Sassuolo, que abre a zona de rebaixamento, há uma diferença de apenas 6 pontos. Durante uma boa parte do campeonato, o time bergamasco conseguiu se manter entre os dez primeiros, mas uma sequência de cinco jogos sem vencer puxou a equipe para baixo.

Apesar do momento negativo, a Atalanta tem alguns bons destaques individuais. O goleiro Consigli, revelado pela boa categoria de base orobica, passou a errar menos e é o terceiro goleiro com mais defesas no campeonato, segundo dados do Corriere dello Sport. O meia Cigarini é outro que recebe o “bronze”, com 6 assistências para gol, e não à toa está sendo observado por Prandelli e tem sido testado na seleção italiana. A situação atalantina poderia ser melhor caso Bonaventura e Moralez acompanhassem a boa fase do regista, fossem menos burocráticos e também criassem muitas chances de gol para que o artilheiro Denis fizesse ainda mais gols. Porém, Stefano Colantuono, em seu quarto ano como treinador, tem pouco a ajustar e, com reforços para a lateral direita e o centro da zaga, pode levar a equipe a mais uma tranquila salvezza.

Sampdoria
14ª posição. 17 jogos, 18 pontos. 4 vitórias, 6 empates, 7 derrotas. 19 gols marcados, 25 sofridos.
Time-base: Júnior Costa; Mustafi, Gastaldello, Regini (Palombo; Costa); De Silvestri, Obiang, Krsticic, Palombo (Soriano, Bjarnason), Costa; Gabbiadini, Éder.
Treinadores: Delio Rossi, até a 12ª rodada, e Sinisa Mihajlovic, a partir de então
Destaque: Éder, atacante
Artilheiro: Éder, com 7 gols
Garçom: Nicola Pozzi, com 3 assistências
Decepção: Gianluca Sansone, atacante
Maior sequência de vitórias: 2, na 8ª e 9ª rodadas, e na 15ª e 16ª rodadas
Maior sequência de derrotas: 3, da 10ª à 12ª rodada
Maior sequência de invencibilidade: 5, da 13ª à 17ª rodada
Maior sequência sem vencer: 7, da 1ª à 7ª rodada
Fair play: 51 cartões amarelos e 4 vermelhos
Expectativa: Meio da tabela

Delio Rossi sempre foi conhecido por ser um técnico de poucas invenções. Porém, seu trabalho negativo na Fiorentina o deixou fora do mercado no início da última temporada. Chamado para apagar um pequeno incêndio na Sampdoria (Ciro Ferrara foi demitido injustamente), mudou muito o estilo de jogo da equipe, utilizando um 3-5-2, que não é seu módulo preferido, e até improvisou Palombo como líbero, sem grandíssimos resultados. Não à toa, acabou demitido e substituído por Sinisa Mihajlovic, que foi ídolo em Gênova como jogador. Nas cinco partidas sob o comando blucerchiato, o sérvio ainda não perdeu nenhum jogo, e transmitiu uma verve lutadora a uma equipe que jogava de forma pouco organizada.

A defesa, que havia sofrido oito gols nos três jogos que antecederam a chegada do novo treinador, logo se acertou no novo módulo, o 4-2-3-1, e sofreu apenas três tentos depois que Gastaldello e Mustafi passaram a comandar o centro da zaga, protegidos pelos fortes e eficientes Obiang e Palombo na volância. No ataque, apesar de mais uma temporada ruim de Sansone, que tem mostrado ser pouco confiável para a elite, Gabbiadini continua sua evolução e Éder, enfim, resolveu desabrochar na Serie A, com uma média de um gol a cada dois jogos – em 14 oportunidades, ele já igualou sua melhor marca no Campeonato Italiano, atingida na última temporada, com 30 jogos. Apesar do bom momento dos avantes, a Sampdoria pode se mexer para melhorar ainda mais o setor, com a contratação de Cassano, que retornaria ao clube em que foi ídolo. Com ou sem Fantantonio, a Samp deve crescer e terminar o campeonato sem maiores sustos.

Milan
13ª posição. 17 jogos, 19 pontos. 4 vitórias, 7 empates, 6 derrotas. 25 gols marcados, 26 sofridos.
Time-base: Abbiati (Gabriel); Abate, Mexès, Zapata, Emanuelson (Constant); Montolivo, De Jong, Muntari (Poli); Kaká, Balotelli, Robinho (Matri, Birsa).
Treinador: Massimiliano Allegri
Destaque: Mario Balotelli, atacante
Artilheiro: Mario Balotelli, com 6 gols
Garçom: Robinho, com 4 assistências
Decepção: Stephan El Shaarawy, atacante
Maior sequência de vitórias: nenhuma
Maior sequência de derrotas: nenhuma
Maior sequência de invencibilidade: 5, da 12ª à 16ª rodada
Maior sequência sem vencer: 5, da 9ª à 13ª rodada
Fair play: 41 cartões amarelos e 4 vermelhos
Expectativa: Se classificar para competições europeias

Basta ler o quadro acima, constatar que o Milan não tem sequências de vitória no campeonato e deduzir que dificilmente a equipe rossonera chegará a algum lugar nesta Serie A. Apesar de o sonho de se classificar para uma competição europeia (via campeonato, Coppa Italia ou mesmo na Liga dos Campeões) permanecer vivo, a sensação de que o Milan está numa festa que já foi ótima, piorou pouco a pouco e que agora está em seu melancólico fim é nítida. O ciclo de Massimiliano Allegri está se encerrando e a motivação em Milanello é baixa. As chegadas de Rami e Honda (e talvez de Nainggolan e D’Ambrosio) podem até alegrar o fim da festa, mas é mais provável que esse pessoal anime a festa do ano seguinte. Por enquanto, a parada de inverno pode ajudar Kaká a ficar mais sereno e a, dentro de campo, liderar seus companheiros, juntamente com o capitão Montolivo e o homem-gol Balotelli, que chegou a perder os dois primeiros pênaltis da carreira nesta temporada.

É verdade que nas últimas rodadas o futebol do Milan deu uma melhorada sensível, mas os resultados não tem acompanhado a tendência: nos últimos nove jogos, a equipe bateu apenas o Catania, lanterna do campeonato, e a zona do rebaixamento está logo ali, cinco pontos abaixo. É muito pouco para um time que tem uma folha salarial de 105 milhões de euros por ano (e que paga 4 mi para Mexès) – é o segundo maior orçamento da Itália, atrás apenas da Juve, que gasta 115 mi. Um time dessa envergadura não pode ter o volante De Jong como seu maior passador e o zagueiro Zapata com o terceiro maior número de passes na temporada. Nem Robinho como líder de assistências. O Milan joga mal, cria pouco, e seus maiores destaques na temporada (Balotelli, Kaká e Montolivo) não brilham tanto quanto podem, muito pelo clima de velório nos vestiários e pelas incertezas na direção. Um jogador que parece afetado pelos problemas externos é Balotelli, que tem passado longe da máquina que foi no ano anterior. Ele tem apenas um gol contra os seis primeiros colocados da Serie A e, nestes jogos, tem tido dificuldades ou tem se omitido. O Milan, é bom lembrar, tem apenas um ponto contra estas equipes. Ou seja, não decola sem que Super Mario apareça para resolver.

Cagliari
12ª posição. 17 jogos, 20 pontos. 4 vitórias, 8 empates, 5 derrotas. 18 gols marcados, 24 sofridos.
Time-base: Agazzi (Avramov); Dessena (Pisano, Perico), Rossettini, Astori, Murru (Avelar); Cabrera (Dessena, Ekdal), Conti, Nainggolan; Cossu; Ibarbo (Pinilla), Sau.
Treinador: Diego López
Destaque: Daniele Conti, volante
Artilheiro: Marco Sau e Daniele Conti, com 4 gols
Garçom: Mauricio Pinilla, Nenê e Nicola Murru, com 2 assistências
Decepção: Albin Ekdal, meio-campista
Maior sequência de vitórias: nenhuma
Maior sequência de derrotas: 3, da 9ª à 11ª rodada
Maior sequência de invencibilidade: 5, da 13ª à 17ª rodada
Maior sequência sem vencer: 6, da 2ª à 7ª rodada
Fair play: 48 cartões amarelos e 1 vermelho
Expectativa: Não ser rebaixado

Com a segunda menor folha salarial da Serie A (17,4 milhões de euros) e ainda vivendo muitos problemas estruturais em seu estádio, o Cagliari continua fazendo pequenos milagres na Itália. Não obstante seja penalizado por ter tido que jogar na distante Trieste por parte do campeonato e, a partir da 8ª rodada, no estádio Sant’Elia, com capacidade reduzida a menos de 5 mil torcedores, e somente atrás dos gols. Apesar dos problemas com o estádio, o desempenho caseiro dos rossoblù é
ótimo (16 pontos conquistados), e falta acertar o time nas partidas
longe do Sant’Elia. Porém, o presidente Massimo Cellino se mostrou muito insatisfeito com a falta de ajuda da prefeitura cagliaritana, que não dá a devida manutenção ao estádio, que é comunal, e ao fim da última rodada de 2013, chegou a colocar todos os jogadores à venda, alegando que não poderia segurá-los diante de uma situação do gênero. Alguns, como Agazzi (afastado por estar em fim de contrato e não querer renovar), Nainggolan, Astori e Pinilla podem deixar a Sardenha, modificando muito o time.

Em caso de debandada, o Cagliari, que via de regra cede e contrata poucos jogadores a cada janela de mercado, pode acabar sofrendo com o desentrosamento, visto que 80% da equipe joga junta a três temporadas, e outros estão no elenco há mais tempo. Porém, vale refletir que o desempenho dos jogadores é notável, e que foi um milagre segurar todos até aqui. Nesta temporada, mesmo que os ótimos Nainggolan, Astori, Ekdal, Sau, Cossu e Ibarbo nem estejam fazendo um campeonato excelente, o time rende muito bem, a ponto de correr poucos riscos de queda – há de se valorizar o trabalho de Diego López, em seu segundo ano à frente da equipe. Em termos estatísticos, vale ressaltar que o zagueiro Rossettini tem sido um muro e é o terceiro jogador a mais afastar bolas no campeonato, e o ídolo Conti concentra as ações da equipe: ninguém deu mais passes do que ele em todo o futebol italiano.

Udinese
11ª posição. 17 jogos, 20 pontos. 6 vitórias, 2 empates, 9 derrotas. 17 gols marcados, 22 sofridos.
Time-base: Brkic (Kelava); Heurtaux, Danilo, Naldo (Domizzi); Basta, Allan, Lazzari (Pinzi, Badu), Gabriel Silva; Pereyra (Bruno Fernandes), Muriel (Maicosuel); Di Natale.
Treinador: Francesco Guidolin
Destaque: Gabriel Silva, lateral esquerdo
Artilheiro: Antonio Di Natale e Thomas Heurtaux, com 4 gols
Garçom: Roberto Pereyra, com 2 assistências
Decepção: Antonio Di Natale, atacante
Maior sequência de vitórias: nenhuma
Maior sequência de derrotas: 2, na 8ª e 9ª rodadas, e na 11ª e 12ª rodadas
Maior sequência de invencibilidade: 2, na 2ª e 3ª rodadas
Maior sequência sem vencer: 3, da 14ª à 16ª rodada
Fair play: 35 cartões amarelos e nenhum vermelho
Expectativa: Meio da tabela

Os anos e os fins de ciclo chegam para todos. Já na última temporada, falamos neste mesmo especial de meio de temporada que o trabalho de Francesco Guidolin poderia estar chegando ao fim. Na ocasião, a Udinese era a 10ª colocada na Serie A e, com uma bela arrancada, conseguiu chegar na 5ª posição, classificando-se para a Liga Europa. Porém, naquele momento Di Natale tinha 10 gols, mais que o dobro do que tem hoje, e terminaria o certame com 23 tentos em sua conta. Algo difícil de imaginar hoje, visto que Totò tem apenas 4 gols em 15 gols e vem jogando mal – ele não marca um gol sequer desde o dia 30 de outubro, na 10ª rodada e não contribuiu com uma assistência sequer. Sem o brilho do capitão, que já tem 36 anos, ver a Udinese garantir uma vaga em uma competição europeia pelo quarto ano seguido é bem improvável. Não é só Di Natale que não brilha: a equipe tem apresentado um futebol burocrático, longe do futebol vistoso que conquistou a Itália anos atrás.

Normalmente, Guidolin começa uma temporada de forma cautelosa, dizendo que a equipe precisa, primeiramente, somar 40 pontos, o que é tido como bastante para celebrar a permanência na elite. Depois, o que vier é lucro. Parece que, desta vez, a equipe de Údine terá que se contentar com o objetivo mínimo o que, provavelmente, encerrará a passagem do treinador, que parece meio estafado. Com a quarta menor folha salarial do certame (20,5 mi/ano), a Udinese provavelmente venderá alguns de seus jogadores, mesmo que nenhum dos jovens do elenco tenha explodido e possa render tantos milhões quanto Sánchez, Zapata, Inler, Handanovic, Asamoah ou Benatia. Mesmo o zagueiro Heurtaux, que marcou quatro gols na Serie A, não mostra um grande potencial. Acredite se quiser, o jogador de maior destaque dentre os jovens é Gabriel Silva, que realmente faz bom campeonato e foi sondado pela Inter.

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