Juventus atropelou a Inter e deu mais uma prova de força (AP)
A Juventus vem em grande fase. A Inter, ao contrário. E, no principal jogo da 22ª rodada da Serie A, ficou muito fácil notar o abismo da Juve frente a uma de suas grandes rivais, e também frente ao restante das equipes italianas. Tudo bem, a Roma não conseguiu jogar contra o Parma no dilúvio que caiu sobre o Olímpico, mas Napoli e Fiorentina acabaram derrotados contra times do médio escalão do país – algo que não aconteceria com a Velha Senhora. Uma senhora idosa que deve, em maio, comemorar a chegada da terceira estrela a seu uniforme. Acompanhe o resumo da rodada.
Juventus 3-1 Inter
A
inabalável Juventus deu mais uma demonstração da sua superioridade na Bota. Sem muitas dificuldades contra uma Inter entregue aos
braços de Morfeu e ao trabalho contestado de Mazzarri, o time de Conte
controlou, dominou, por pouco não goleou e abriu vantagem na ponta da
tabela com os vacilos de Napoli e Fiorentina e o jogo suspenso da Roma, para a qual agora tem nove pontos de diferença. Com todo o meio-campo
reserva e um time frágil tática e defensivamente, os nerazzurri voltam
a sair da “zona Europa” e emendam uma dura sequência de apenas uma
vitória nos últimos dez jogos na Serie A, além de ainda não ter vencido
em 2014 – esta foi a quarta derrota em seis jogos, o pior começo de ano
na Pinetina em muito tempo, que nem o tenebroso final da temporada
passada ou o desastroso campeonato de 98-99 superam.
Desde
o primeiro minuto já era claro o domínio juventino no Derby d’Italia.
Marcando alto, dificultando a troca de passes interista e já com três
finalizações em três minutos, com duas grandes defesas de Handanovic,
que ainda faria outras quatro importantes defesas para evitar um vexame
maior. Com tanta pressão, não demorou para o placar ser aberto, e numa
jogada muito inteligente da Vecchia Signora. Vidal recuou e puxou a
marcação dos desatentos Nagatomo e Juan Jesus e deixou caminho aberto
para Pirlo lançar magistralmente Lichtsteiner na cara do gol e este
abrir o marcador em cabeçada. O time da casa seguiu em
cima, criou mais oportunidades e a Inter não oferecia resistência.
Somente aos 41 minutos o primeiro chute nerazzurro saiu, quando
Kovacic puxou contra-ataque e lançou Palacio, mas este desperdiçou a
primeira de outras três grandes oportunidades que ainda teria. Não era
dia de Palacio, não era dia da Inter.
No
segundo tempo, mais pressão bianconera. Todo o planejamento de Mazzarri
no intervalo foi para o lixo quando Chiellini aproveitou rara falha em
bola parada da Inter e ampliou o marcador logo aos dois minutos. E
quando o técnico mexeu na equipe colocando Milito no lugar de
Kuzmanovic, o trio de zaga falhou bizarramente em jogada de Llorente e
Pogba que terminou no gol de Vidal, seu 16º na temporada e 11ª na Serie
A, mesmo número de Tevez. A partir de então o time de Milão passou para
um ofensivo, porém mal arquitetado, 3-3-1-3 e ofereceu algum perigo, mas
as chances perdidas por Palacio pesaram, a boa partida de Taïder e as
entradas interessantes de D’Ambrosio e Botta não mudaram muito e o gol
de Rolando, após cobrança de escanteio, de pouco serviu para evitar o
baile em Turim. (Arthur Barcelos)
Atalanta 3-0 Napoli
Rafa Benítez resolveu poupar alguns jogadores importantes ao time titular, como Higuaín, Hamsík e Jorginho. Pagou pelas escolhas e viu sua equipe ser atropelada por uma Atalanta organizada, e que ainda contou com erros individuais dos azzurri para matar o jogo com gols argentinos – dois deles de Denis, ex-atacante do Napoli. A goleada levou os bergamascos à 12ª posição, com 27 pontos, e manteve o Napoli em terceiro, com 44.
Em campo, debaixo de muita chuva, o Napoli desfalcado sofreu para atacar, e Zapata foi pouco acionado. Para isso, contribuíram as ótimas partidas Benalouane e Del Grosso nas laterais, praticamente anulando Mertens e Callejón. No segundo tempo, um erro de Dzemaili permitiu que Moralez passasse a bola para Denis abrir o placar, com erro de Reina. O segundo gol, aos 19 minutos, surgiu quando Inler tentou afastar, mas errou completamente o seu chute e deu a bola de graça para Denis marcar sua doppietta. Fechando o placar, Moralez, em contra-ataque, fez 3 a 0 e carimbou a pior partida do Napoli em 2013-14. (Nelson Oliveira)
Milan 1-1 Torino
O espírito guerreiro continuou,
mas dessa vez foi insuficiente para evitar o primeiro tropeço de Seedorf na
Serie A. Sem Balotelli, o Milan que vinha de duas vitórias seguidas pela
primeira vez na temporada, tropeçou contra o bem armado Torino e, atrasou por
mais algumas rodadas a chance de colar nos classificados pela Liga Europa,
embora Galliani tenha dado a entender que a classificação para o torneio
secundário europeu não faz parte dos planos rossoneros. Se para o Milan a Liga Europa
é um desastre, para o Torino será um sonho que não vê desde a temporada 1992-93
(quando caiu na segunda fase da antiga Copa Uefa para o Dinamo Moscou). E a equipe de Ventura vem
se mostrando muito competente para conseguir a vaga, acumulando apenas uma
derrota em dez jogos.
A primeira boa chance do jogo
veio dos pés de Pazzini, que obrigou Padelli a se esticar e desviar para
escanteio, mas quem saiu na frente foi o Toro. Immobile recebeu lançamento, deixou Bonera no chão e
tocou no canto de Abbiati. Na saída de bola, Pazzini novamente tentou, dessa
vez com um chute acrobático, mas Padelli fez outra grande defesa, impedindo o
empate milanista. O time granata teve chances de ampliar, ainda na primeira
etapa, mas não conseguiu aproveitar as oportunidades. Na segunda etapa, a
pressão do Milan deu resultado logo aos quatro minutos, quando Rami igualou o
marcador, com um chute de fora da área. A pressão continuou, sobretudo com
chutes de fora da área, mas o Diavolo foi incapaz de vazar a forte defesa turinesa. (Caio
Dellagiustina)
Cagliari 1-0 Fiorentina
No primeiro jogo após a compra do Leeds United pelo presidente do Cagliari, Massimo Cellino, um presente: os sardos voltaram a vencer após três derrotas seguidas. Insatisfeito com o futebol italiano e com a situação do estádio de Cagliari, Cellino estaria prestes a se desfazer da equipe para ficar apenas com o clube inglês. O show nas arquibancadas – mais uma vez reduzidas a 5 mil lugares por falta de estrutura no Sant’Elia – poderia até demovê-lo da ideia. Será?
Em campo, um Cagliari organizado deu trabalho para uma Fiorentina lenta e previsível, com muitos jogadores poupados, uma vez que a equipe terá uma maratona de nove jogos em um mês e Montella está dosando a utilização de seus jogadores. O gol do jogo surgiu no primeiro tempo, quando Pinilla cobrou pênalti que Sau havia sofrido, e depois pouco se viu na Sardenha. Os rossoblù tiveram uma abordagem conservadora da partida, e se defenderam bem, oferecendo poucas chances para que Matri marcasse o gol do ex. Com o resultado, o Cagliari chegou aos 24 pontos e se afastou da zona de descenso; já a Fiorentina ao menos teve seus danos reduzidos pela derrota do Napoli, e continua três pontos abaixo do terceiro colocado. (NO)
Chievo 0-2 Lazio
Reja reclamou publicamente de Lotito “Sem qualidade não se
obtêm resultados” mas, na primeira partida sem Hernanes, o time laziale não
teve dificuldades para bater o Chievo e voltar a sonhar com as competições
europeias. Com um de Candreva e um de Keita, a quem creditam ser o substituto
do brasileiro, a Lazio chegou a 11 pontos conquistados entre os últimos 15 disputados,
mantendo a invencibilidade do treinador desde o seu retorno e chegando à 9ª
colocação, mas apenas a quatro pontos do Verona, quinto colocado. Já o Chievo
contou novamente com tropeços dos adversários para não entrar na zona de
rebaixamento.
Em campo, a Lazio precisou de pouco esforço até a abrir o
placar, logo aos 6’. Candreva recebeu de Keita, fintou o zagueiro e estufou as
redes. O Chievo tentou reação, mas passou quase todo o primeiro tempo sendo inócuo. O
time romano controlou o jogo e não fez tanto esforço para atacar, criando raras
chances, sendo a melhor delas com Klose. Corini tentou mudar o time gialloblù
na segunda etapa, mas o jogo seguiu um monólogo, com a Lazio dominando até
chegar ao segundo gol, com Keita, que arriscou de fora da área e contou com
desvio na zaga para enganar Puggioni. O único ponto negativo do jogo, para a
Lazio, foi o cartão amarelo de Biglia, que o deixa de fora do dérbi contra a
Roma. (CD)
Sassuolo 1-2 Verona
O Verona
voltou. Depois de sequência de três derrotas (para Napoli, Milan e
Roma, vale frisar), o time de Mandorlini voltou a vencer na Serie A.
Agora a cinco pontos do objetivo principal da equipe, os gialloblù também
voltaram a ocupar uma vaga na “zona Europa”. Para o Sassuolo um
resultado decepcionante diante de seus torcedores, ainda mais com os
tropeços de Livorno, Chievo e Bologna. Começo difícil para Malesani, que
terá na próxima rodada a desesperada Inter, com Guarín e Hernanes, em
Milão.
O jogo
foi de poucas emoções em Reggio Emilia, com apenas três finalizações no
alvo nos 90 minutos e dia pouco produtivo para os jovens talentos
Berardi e Iturbe, ainda assim os principais destaques individuais. O
placar só foi aberto aos 50 minutos, quando Hallfredsson tabelou com
Jankovic e cruzou para o desvio infeliz de Manfredini contra o próprio
gol. Mesmo com a desvantagem, o Sassuolo não conseguiu criar chances e
já nos minutos finais, aos 86, o veterano Toni aproveitou vacilo da
defesa neroverdi e encobriu Pegolo para ampliar o marcador.
Somente aos 92 o time da casa conseguiu um gol com Floro Flores, em bola
alçada na área por Berardi. Pouco. (AB)
Genoa 0-1 Sampdoria
No segundo dérbi da rodada, um milagre: nenhum expulso em Gênova. A partida, que havia sido transferida do horário de almoço do domingo italiano para a noite da segunda, por protestos das torcidas, foi disputado, como sempre, e teve muitas faltas. Porém, um dos mais emotivos jogos do futebol italiano teve a lealdade como nota positiva, e nenhuma briga dentro ou fora dos gramados. Levemente superior, a Sampdoria levou o dérbi, após ter sofrido uma goleada de 3 a 0 no primeiro turno, e chegou aos 25 pontos, na 13ª posição. Com dois pontos a mais, os grifoni ocupam o 11º lugar.
No Marassi, a Samp de Mihajlovic lançou logo de início a carta Maxi López. O jogador, que voltava ao time blucerchiato, após passagem na temporada 2012-13, reestreou como titular, e foi o melhor em campo. Logo no início do jogo, mostrou que pode fazer boa dupla com o brasileiro Éder, e os dois deixaram a defesa rossoblù em afã. Foi em uma tabelinha entre os dois que o argentino abriu o placar, aos 25 minutos, com um chute cruzado. No restante da partida, além de incomodar a defesa adversária, López ajudou muito a equipe no meio-campo, onde armava jogadas ou roubava bolas. Ele acabou sendo o diferencial em uma partida em que Perin teve de trabalhar bastante, com defesas providenciais. Do outro lado, o time de Gasperini, que entrou em campo com três laterais esquerdos e apenas um zagueiro, ousava no ataque. E chegou ao gol duas vezes, com Antonelli e Konaté, ambos bem anulados pela arbitragem. Detalhes que decidiram o jogo a favor dos blucerchiati. (NO)
Catania 3-3 Livorno
Na luta na parte de baixo da tabela, o Catania buscou o resultado três vezes para deixar o Angelo Massinimo com um ponto. O empate por 3 a 3 foi ainda pior para o Livorno, 17º colocado, porque sofreu o gol de empate a poucos minutos do fim da partida. No primeiro tempo, apenas o zagueiro Emerson conseguiu uma finalização com perigo, defendida por Frison. As emoções ficaram mesmo para a etapa final. Emeghara colocou os visitantes na frente do marcador. Paulinho finalizou de longe, o goleiro do Catania fez boa defesa e o atacante nigeriano, no rebote, estufou a rede. Este foi o primeiro gol marcado pelo Livorno como visitante desde o dia 29 de setembro.
A equipe da casa chegou ao empate com Bergessio. Bardi fez grande defesa na primeira tentativa do atacante, depois de cruzamento de Biraghi, porém, fez, também, no rebote. Aos 25 minutos, Emeghara driblou Frison e foi derrubado na área. Paulinho converteu o pênalti – o 8º gol na competição. Três minutos depois, os elefantini chegaram ao empate com uma cabeçada violentíssima de Barrientos, após cobrança de escanteio. Só que logo na sequência, Duncan disparou como um raio pela esquerda, entrou na área e finalizou com força. Frison fez a defesa, mas, ele mesmo, Emeghara, marcou de novo. Contudo, quase nos acréscimos, Almirón aproveitou o vacilo da zaga do Livorno para decretar o resultado final do confronto. (Murillo Moret)
Bologna 0-2 Udinese
Mesmo jogando no Renato Dall’Ara, a Udinese não teve dificuldades de se impor no jogo e vencer o Bologna por 2 a 0. Gianpaolo Cavarese viu pênalti em disputa de bola de Pazienza com Lazzari, no começo do jogo. Fácil demais para Di Natale converter – e Curci ainda pulou para o canto certo, mas a cobrança foi excelente. O goleador quase foi à rede novamente na sequência, porém, foi travado por Antonsson na hora certa. Em meio às especulações sobre sua saída para o Guangzhou Evergrande, Diamanti exigiu que Scuffet fizesse boa defesa em sua estreia na Serie A. Brkic sentiu lesão no aquecimento e o goleiro de 17 anos entrou como titular na Udinese.
Moscardelli e Di Natale tiveram chances de marcar no segundo tempo, mas não conseguiram. A arbitragem foi bastante criticada aos 40 minutos, quando, após cobrança de escanteio, Basta puxou a camisa do atacante do Bologna. Nada foi marcado. Nos acréscimos, em contra-ataque, Nico López foi assistido por Maicosuel, chutando na saída de Curci. Enquanto a Udinese sobe para 23 pontos no campeonato, o Bologna fica estacionado nos 18, um a mais que o Livorno, primeiro time na zona do descenso. E o clima anda ruim na Emília: Diamanti pede para sair, mas o presidente Guaraldi disse que não vende, porque não pode substitui-lo. Neste ínterim, a diretoria esqueceu de buscar o neo-contratado Ibson no aeroporto de Roma. Tá fácil? (MM)