Liga Europa

Tristeza antes da alegria: uma Juve pensativa

Prestes a levantar o 30º scudetto, Juve teve queda traumática na Liga Europa (Ansa)

Favorita ao título italiano com larga margem e candidata a fazer ao menos um bom papel na Liga dos Campeões. Era este o prognóstico da Juventus para 2013-14. Hoje, faltando menos de um mês para o final da temporada, a equipe está prestes a confirmar o favoritismo no campeonato nacional, e até pode atingir o recorde de pontos na história do certame. Nas competições continentais, porém, a história é outra: decepção em preto e branco. 

Além de ter sido eliminada em um grupo bastante acessível na Champions, a Juve não fez grandes jogos na Liga Europa e, nesta quarta, caiu para o Benfica nas semifinais, perdendo a chance de disputar a final, que acontecerá no próprio Juventus Stadium, contra o Sevilla, que conseguiu se classificar nos acréscimos contra o Valencia.

A Velha Senhora nada de braçadas na Serie A e pode se confirmar campeã neste final de
semana, mesmo sem entrar em campo – se a Roma tropeçar contra o Catania,
lanterna. De qualquer forma, conquista o trigésimo título e o direito a
colocar a terceira estrela no peito com uma vitória em casa, contra a
Atalanta. Só três derrotas nos últimos jogos do campeonato tiram o
título da Juve. Ou seja, favas contadas. Porém, a equipe deixará uma temporada em que brilhou demais em solo italiano com um amargor no canto da boca por não conquistar o título da Liga Europa, competição na qual entrou como favorita, pela qualidade do elenco e pela decisão acontecer no seu estádio. Os torcedores também terão de aguentar a gozação dos rivais, que, com poucos motivos para rir desta Juve, irão apelar para o clichê de que a Juventus é fortíssima em casa, mas menos expressiva em termos internacionais. 

Obviamente, a Juve, com dois Mundiais Interclubes, duas Ligas dos Campeões, três Copas Uefa, uma Recopa e duas Supercopas europeias não tem um palmarés ruim, mas, se compararmos com os trinta títulos nacionais, há um certo desnível. A Juve podia e continua podendo mais na Europa e, após mais esta decepção, este é um assunto que vai voltar a rondar o CT de Vinovo. Se não agora, porque as atenções deverão estar voltadas para a Serie A e a tentativa de superação dos 100 pontos, além da festa pelo scudetto, no planejamento para 2014-15.

O torcedor da Juventus merece uma equipe tão forte quanto na Itália em versão internacional. Uma coisa é, por causa da crise do futebol italiano, não conseguir competir com Bayern Munique, Real Madrid, Barcelona, Chelsea, PSG, Manchester United, Manchester City e seus rios de dinheiro. Porém, outra coisa é cair para Galatasaray e Kobenhavn na Champions e não fazer bons jogos na Liga Europa – pela força do elenco, a Juve passou com tranquilidade por Trabzonspor e Lyon, e, por rivalidades regionais, teve mais dificuldade contra a boa Fiorentina. 

Caiu para o Benfica, que apesar de ser uma ótima equipe, com ótimos jogadores, muito bem entrosada e treinada por Jorge Jesus, não é melhor. A Juve, inclusive, foi melhor em Lisboa e perdeu, e, em Turim, não conseguiu furar a retranca portuguesa. Foi uma queda longe de ser vexatória, mas que coloca questionamentos para Antonio Conte, o elenco e toda a diretoria da Juventus, que precisará planejar a temporada pensando em uma resposta. 

Por exemplo, valeria a pena vender Pogba por 70 milhões de euros (se eles de fato existirem) e reforçar a equipe como um todo ou seria melhor manter um jogador do seu nível, que ainda pode melhorar? Vidal ou Marchisio podem ser negociados? Quanto Pirlo precisará descansar na próxima temporada? Quais os promissores jogadores ligados à Juve (Berardi, Immobile, Zaza, Gabbiadini, Fausto Rossi, por exemplo) que serão aproveitados? A eliminação não deve desmanchar as bases já delimitadas pela diretoria, mas, certamente, será tema de reuniões entre Andrea Agnell, Giuseppe Marotta e o conselho administrativo do clube.

O jogo

Nesta quinta, a Juventus entrou em campo nervosa, algo raríssimo – uma amostra disso foi o fato de que o montenegrino Vucinic, no banco de reservas, foi expulso após discutir com o sérvio Markovic (rivalidade local?); o benfiquista também foi para o chuveiro mais cedo. Também não se mostrou especialmente criativa, iluminada e aguerrida, como de costume. A chuva primaveril que caía em Turim teria esfriado os ânimos?

Com Vidal longe da melhor forma, a Juve não produziu muito contra um Benfica muito bem postado e que sabia explorar os contra-ataques, com Gaitán, que segurou Lichtsteiner (um dos homens mais perigosos da Juve no jogo) no campo de defesa por muito tempo, e também com Markovic, que fez Asamoah cansar. No primeiro tempo, foi o Benfica que levou mais perigo, com Rodrigo e o próprio meia-atacante sérvio. 

Muito isolado, Llorente recebeu poucas bolas no jogo, e pouco bastou a aguerrida prestação de Tévez. Pogba lutou como um leão para suprir a má partida de Vidal, que roubou poucas bolas e perdeu razoáveis. Do outro lado, o francês se dedicou muito ao “trabalho sujo” e pouco chegou ao ataque ou tentou chutar a gol de longa distância, uma de suas especialidades. Sobrecarregado, Pirlo só conseguiu criar jogadas através de bolas paradas e depois da expulsão de Pérez, o que deixou os encarnados ainda mais dedicados à defesa – Luisão e Garay, inclusive, fizeram grande partida. 

Nas poucas chances da Juventus no jogo, no primeiro tempo Vidal teve duas oportunidades: primeiro, colocou um cruzamento de Pirlo por cima do gol; e depois colocou a cabeça na bola após outro cruzamento do regista italiano, que Luisão tirou em cima da linha. 

Na segunda etapa, Pogba, acrobático, ajeitou para Osvaldo marcar, mas o árbitro assinalou corretamente um impedimento do francês. O goleiro Oblak, substituindo Artur, ainda fez uma ótima defesa em cobrança de falta venenosa de Pirlo e pegou, já nos acréscimos, cabeçada violenta de Cáceres. A Juventus ainda reclamou com a arbitragem, que poderia ter marcado pênalti em toque de mão de Markovic e que poderia ter dado mais tempo de acréscimos.

Ficha técnica: Juventus 0-0 Benfica

Local: Juventus Stadium, em Turim
Data: 1º de maio de 2014

Árbitro: Mark Clattenburg-ING
Assistentes: Simon Beck-ING e Stuart Burt-ING
Cartões amarelos: Asamoah (Juventus); Pérez, Oblak e Rodrigo (Benfica)
Cartões vermelhos: Vucinic (Juventus); Pérez e Markovic (Benfica)

Juventus: Buffon; Cáceres, Bonucci
(Giovinco), Chiellini; Lichtsteiner, Vidal (Marchisio), Pirlo,
Pogba, Asamoah; Tévez, Llorente (Osvaldo). Técnico: Antonio Conte.

Benfica: Oblak; Maxi Pereira, Luisão, Garay, Guilherme Siqueira;
Ruben Amorim, Pérez; Markovic (Sulejmani),
Rodrigo (André Almeida), Gaitán (Salvio); Lima. Técnico: Jorge Jesus.

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