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Gianluca Signorini, histórico capitão do Genoa, morreu cedo demais

O futebol italiano é especial e um dos motivos para isso é que, ao longo de sua história, alguns jogadores não foram exatamente brilhantes, mas conseguiram se tornar verdadeiros ídolos em times de menor expressão e com uma realidade bem diversa daquela dos grandes centros. Um desses personagens foi Gianluca Signorini, histórico capitão do Genoa, um batalhador em campo e fora dele. O jogador influenciou a forma de jogar de Franco Baresi, um mito do futebol, e emocionou a todos em sua luta contra a esclerose lateral amiotrófica, doença degenerativa que, infelizmente, encerrou sua passagem neste mundo mais cedo do que se imaginava.

Nascido em Pisa, Signorini começou no clube da cidade no final dos anos 1970. Apesar disso, o jovem recém-promovido das categorias de base pisanas só atuou em duas partidas e acabou cedido ao amador Pietrasanta, que conseguira uma improvável promoção à Serie C2. Até 1983, o líbero atuou apenas em times da Toscana, região em que nasceu, passando também por Prato e Livorno. Ainda nas divisões inferiores, ele atuou por Ternana e Cavese, até que, em 1985, teve o divisor de águas na carreira: fechou com o Parma.

O zagueiro chegou à equipe juntamente com o técnico Arrigo Sacchi, que revolucionou sua forma de jogar. Signorini passou dois anos sob as ordens do estrategista, recebeu atribuições táticas inovadoras e conquistou a Serie C1 em 1986. Quando Sacchi foi para o Milan, utilizava vídeos com a movimentação do líbero Signorini como referência para Baresi, um dos maiores nomes da posição em toda a história do futebol. O caso é contada como folclore e dizem que Baresi, já campeão mundial, não gostava de aprender a jogar com um zagueiro de divisões inferiores, e que isto seria o principal motivo das frequentes rusgas entre ele e o treinador.

Signorini em campo pela Copa Uefa (EMPICS/Getty)

O sucesso no Parma, tanto na terceira como na segunda divisões fizeram com que Signorini, já aos 27 anos, tivesse a grande oportunidade na carreira ao assinar com a Roma, já na reta final da gestão do presidente Dino Viola. O jogador pisano atuou apenas uma temporada pelo clube capitolino, mas, sob o comando de Nils Liedholm, foi titular da defesa terceira colocada na Serie A 1987-88, ao lado de Fulvio Collovati. Ao final do campeonato, se transferiu para o Genoa, então na Serie B.

Foi ao longo dos sete anos em que vestiu a camisa rossoblù que Signorini se consagrou como um dos mais sólidos zagueiros do fim dos anos 1980 e 1990 e fez carreira, sendo considerado o maior jogador da história do time. Contratado em 1988, o líbero subiu à elite com o clube genovês em sua primeira temporada já como peça fundamental do time de Franco Scoglio. Além de ter bom posicionamento e ser forte nas jogadas aéreas, o toscano também era um líder nato e chegava com força ao ataque.

A partir do ano seguinte, Signorini voltou a ter a companhia do campeão mundial Collovati na zaga, e deu suporte a uma equipe com jogadores de qualidade e voluntariosos, como Branco, Gennaro Ruotolo, Vincenzo Torrente, Carlos Alberto Aguilera e Tomás Skuhravy. Este elenco foi vice-campeão da Copa Mitropa, em 1990, e, em 1990-91, na melhor temporada da história do futebol da cidade de Gênova,  conseguiu a melhor classificação do time da Ligúria no pós-guerra: o Genoa, guiado por Osvaldo Bagnoli, ficou na quarta posição da Serie A e se classificou à Copa Uefa.

Signorini impressionou Sacchi no Parma e ainda passou pela Roma antes de chegar ao Genoa (EMPICS/Getty)

Na competição continental, o Genoa parou apenas nas semifinais, frente ao Ajax que se sagraria campeão contra o Torino de Casagrande. Signorini marcou um gol contra nos 16 avos de final, contra o Dinamo Bucareste, mas não se abateu, pois tinha crédito. Afinal, além de toda a doação em campo, seus poucos gols marcados pelo Vecchio Balordo foram sempre importantes, como o realizado em um dérbi contra a Sampdoria – 2 a 2, em 1992.

Signorini também esteve presente – e como – nas horas mais dramáticas. Em 1995, o Genoa venceu o Torino pela última rodada da Serie A, mas ia sendo rebaixado mesmo assim. Quando a Inter virou sobre o Padova, provocando o spareggio (partida-desempate entre as equipes, disputada em campo neutro), Signorini correu dos vestiários para a Gradinata Nord comemorando e chorando muito com a torcida no estádio Marassi. Mesmo assim, o time caiu para a segundona, após perder para os padovanos nos pênaltis.

Com o rebaixamento, Signorini voltou para o Pisa, clube em que começou e o qual ajudaria a reconstruir. Em 1995, o líbero tinha apenas 35 anos e lenha para queimar, mas decidiu ajudar o clube a voltar ao profissionalismo: os nerazzurri haviam declarado falência e iriam jogar as divisões amadoras, mas com a ajuda do experiente defensor, a equipe retornou à Serie C2. Signorini se aposentou em 1997.

O adeus do capitão foi triste em campo e fora dele (Arquivo/Genoa CFC)

Após encerrar a carreira, ele foi diretor esportivo e auxiliar técnico do Pisa, além de responsável pelas categorias de base do Livorno, mas teve sua carreira abreviada quando tentava tirar a licença para treinador profissional através do curso da Federação Italiana de Futebol, em Coverciano. O ex-jogador foi diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica, assim como Stefano Borgonovo, e faleceu precocemente, aos 42 anos, em 2002. Não teve tempo de ver seu filho, Andrea, dar os primeiros passos no futebol pelo Genoa – hoje, atua no Rimini.

Signorini nunca foi esquecido pela torcida rossoblù, que tentou ajudá-lo enquanto ele batalhava contra a síndrome degenerativa. Uma partida beneficente com sua presença, pouco antes de sua morte, lotou o Marassi e emocionou o jogador, que, consciente, não pode conter as lágrimas. Sua camisa 6 foi aposentada pelo clube, que também renomeou o centro de treinamentos em sua homenagem – o Pisa também dedicou a ele um setor das arquibancadas de seu estádio. Nada mais justo para um dos jogadores que mais contribuíram com o vermelho e azul genoano e com o azul e preto toscano.

Gianluca Signorini
Nascimento: 17 de março de 1960, em Pisa, Itália
Morte: 6 de novembro de 2002 em Pisa, Itália
Posição: zagueiro
Clubes: Pisa (1978-79 e 1995-97), Pietrasanta (1979-80), Prato (1980-81), Livorno (1981-83), Ternana (1983-84), Cavese (1984-85), Parma (1985-87), Roma (1987-88) e Genoa (1988-95)
Títulos: Serie C1 (1986) e Serie B (1989)

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1 Comentário

  • Sem dúvidas um grande jogador. Mas há muito tempo que eu gostaria de saber noticias de um de seus principais discípulos: Franco Baresi, que fez história no Milan, foi vice campeão do mundo em 1994 e foi o maior zagueiro de todos os tempos e em todo o planeta. Baresi, por sua vez, inspirou um grupo de super e quase perfeitos zagueiros, como Nesta, Cannavaro, Maldini, dentre outros.

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