Serie A

12ª rodada: muita chuva e muita Roma

Outono na Itália é assim: água por todos os lados. Neste final de semana não foi diferente e as chuvas espalhadas por todo o território da Península Itálica não só prejudicaram o futebol de algumas equipes como chegaram a adiar a partida entre Lazio e Udinese.

A grande rival celeste, a Roma, no entanto, não sentiu os aguaceiros. Em grande fase, o time treinado por Di Francesco está crescendo na temporada e começa a surgir como outsider na briga pelas primeiras posições. Neste fim de semana, os giallorossi ainda contaram com um herói improvável: o brasileiro Gerson, que tem recebido chances com o novo treinador.

Confira o resumo da 12ª rodada, que teve também vitórias de Juventus e Milan, empates de Napoli e Inter e outro golpe da Sampdoria sobre o Genoa no dérbi local.

Fiorentina 2-4 Roma
Veretout (Gil Dias) e Simeone (Biraghi) | Gerson (El Shaarawy), Gerson (Gonalons), Manolas (Dzeko) e Perotti (Nainggolan)

Tops: Gerson e Dzeko (Roma) | Flops: Pezzella e Astori (Fiorentina)

Em uma rodada de poucos gols e muita chuva, a partida no Artemio Franchi seguiu a situação climática, mas Fiorentina e Roma não tiveram problemas para atacar – e como atacaram. Com menos de dez minutos o placar já tinha sido alterado duas vezes e o jogo foi para o intervalo com mais dois gols anotados. Por fim, prevaleceu a qualidade da Roma para superar uma Fiorentina muito instável e desprotegida, que perdeu metade dos seus jogos e terá uma data Fifa de muita dor de cabeça para Pioli. Já para o time de Di Francesco, ao contrário, o tempo é de celebrar: a equipe está em franca ascensão na temporada, com bons e importantes resultados em todas as competições, e segue na cola dos líderes do campeonato – considerando ainda que tem um jogo a menos, a ser disputado em dezembro, contra a Sampdoria.

No encharcado gramado toscano, quem brilhou foi Gerson, que justificou a confiança dada pelo novo treinador na temporada. Só neste início de campanha, o ex-jogador do Fluminense entrou em campo quase o mesmo número de vezes que em todo o ano anterior: nove contra 11. Em Florença, o versátil brasileiro assumiu a ponta direita e, logo aos cinco minutos, completou uma jogada que cruzou toda a área adversária. Contudo, um chutaço de Veretout levou ao empate quatro minutos depois, dando a tônica de uma partida equilibrada e emocionante.

O garoto de Xerém voltaria a deixar os romanistas na frente do placar 20 minutos depois, mas mais uma vez a vantagem durou pouco: Simeone superou Fazio com certa facilidade e, com linda cabeçada, completou cruzamento de Biraghi e deixou tudo empatado, aos 38. A pressão giallorossa valeu somente depois do intervalo, e finalmente Kolarov e Dzeko conseguiram produzir um gol depois de tantas tentativas. Dessa vez, na bola parada: a cobrança de escanteio do sérvio foi desviada pelo bósnio e Manolas, de ombro, marcou o terceiro. Gol que acabou esfriando as coisas em Florença, embora os anfitriões tenham insistido na reação (ainda que sem qualidade) e exigido algumas intervenções decisivas de Alisson. Do outro lado, os visitantes atacavam quando queriam contra a bagunçada defesa adversária, que acabou cedendo mais uma vez. O golpe fatal chegou no finalzinho, quando Nainggolan lançou Perotti do outro lado do campo e o argentino assegurou uma importante vitória fora de casa.

Chievo 0-0 Napoli
Tops: Sorrentino e Tomovic (Chievo) | Flops: Mertens e Callejón (Napoli)

Fazia tempo que o Napoli não tropeçava em Verona, mas o Chievo e seu catenaccio lembraram como a cidade é um ambiente hostil para os napolitanos. Enquanto Reina deu espaço para Sepe no gol, Mário Rui foi o escolhido para substituir Ghoulam, que fica fora de ação até abril. Apesar disso, a verdade é que os dois reservas estiveram longe de criarem problemas para Sarri.

O treinador, a bem da verdade, contou com atuações muito ruins de Callejón e Mertens, principais finalizadores da equipe com maior volume de jogo da Serie A: a dupla não acertou um único chute nos 90 minutos, o que ajuda a explicar o tropeço azzurro. Vale destacar que a ausência de um perfil de força e presença na área, capaz de fazer o pivô (como Milik), foi sentida, considerando o domínio dos veteranos Tomovic e Gamberini na área. De pouco adiantaram as jogadas criadas por Hamsík e Insigne (pouco mais de dez), afinal o também veterano Sorrentino esteve em grande forma no Bentegodi. O goleiro segurou o pouco que passou por sua defesa e frustrou os partenopei. O Napoli chega ao segundo tropeço no campeonato e permite nova aproximação da Juventus, que agora está atrás por apenas um ponto.

Juventus 2-1 Benevento
Higuaín (Matuidi) e Cuadrado (Alex Sandro) | Ciciretti

Tops: Higuaín e Cuadrado (Juventus) | Flops: Chibsah e Di Chiara (Benevento)

Algumas coisas voltaram ao normal na Serie A nesta rodada. Napoli e Inter tropeçaram e a Juventus venceu na marra, ficando agora entre os dois rivais, com um ponto de diferença para cada um. O jogo da festa de 120 anos do clube teve direito a uniforme comemorativo (sem patrocinadores, nomes dos jogadores e destaque para as três estrelas), mas atuação apenas mediana contra o fraquíssimo Benevento – ainda que o placar que não tenha refletido o contexto do jogo. A partida poderia ter sido mais tranquila para a nova vice-líder do campeonato.

Com poucos minutos de bola rolando, os juventinos já tinham acertado a trave e obrigado o ex-bianconero Brignoli a fazer algumas defesas. Só que, aos 18 minutos, o talentoso Ciciretti respondeu a Dybala e abriu o placar com belíssima cobrança de falta, após uma das raras chegadas do Benevento no campo de ataque – durante todo o primeiro tempo, os giallorossi não conseguiram tocar na bola dentro da grande área dos donos da casa. O jogo ficou assim até o minuto 56, com os stregoni na frente e sonhando com os primeiros pontos no campeonato. O sonho, no entanto, nunca se tornou realidade e Higuaín frustrou o time de De Zerbi, finalizando de voleio um toque de Matuidi. A virada, então, era questão de tempo, e veio aos 64, com um até então impreciso Cuadrado, que testou violentamente uma bola cruzada por Alex Sandro na segunda trave.

Inter 1-1 Torino
Éder (Icardi) | Falque

Tops: Icardi (Inter) e Sirigu (Torino) | Flops: Miranda (Inter) e Ljajic (Torino)

Aconteceu o primeiro tropeço da Inter em casa. E com ele, terceiro empate em 12 rodadas, também a queda na tabela: agora a Beneamata está um ponto atrás da rival Juventus e a dois do líder Napoli. A  torcida nerazzurra ocupou pouco mais de 71 mil lugares no San Siro (isso na hora do almoço e em um dia bastante chuvoso em Milão), mas sua empolgação e seu apoio não foram o bastante para o time de Spalletti, que pressionou bastante o Torino, mas pecou na falta de pontaria e de alternativas para atacar os visitantes. Os grenás contaram ainda contra um inspirado Sirigu, até então decepcionante no retorno à Itália.

O drama no Giuseppe Meazza foi ainda maior porque, depois de tanta pressão, os nerazzurri acabaram saindo atrás do placar em um dos poucos ataques do Torino de Mihajlovic. A equipe comandada pelo sérvio nitidamente melhorou em aspectos fundamentais para a conquista deste pontinho: poder de marcação, concentração e paciência, que sobraram em De Silvestri, Burdisso, Nkoulou e Rincón. Após um primeiro tempo disputado, o Toro abriu o placar aos 59 minutos, após recuperação de De Silvestri e jogada de Falque. O espanhol arrancou em direção a Miranda, fintou o zagueiro brasileiro com facilidade e chutou no canto de um Handanovic sem reação.

Os anfitriões chegaram com perigo em diversas oportunidades, principalmente com Candreva e Icardi, mas somente com uma mudança tática de Spalletti é que o time chegou ao gol. Brozovic substituiu Nagatomo e D’Ambrosio foi formar uma linha de três na defesa, com Candreva e Perisic abertos pelas pontas e Borja Valero recuado, permitindo a Éder se aproximar mais de Icardi. Na inversão do regista espanhol, aos 79 minutos, Perisic levantou a bola para o centroavante argentino, que ajeitou na marca do pênalti para o ítalo-brasileiro empatar. Faltando dez minutos, a tônica seguiu a mesma, e a Inter acabou frustrada, com direito a uma bola na trave de Vecino.

Genoa 0-2 Sampdoria
Ramírez (Zapata) e Quagliarella (Zapata)

Tops: Zapata e Torreira (Sampdoria) | Flops: Perin e Lapadula (Genoa)

Gênova é blucerchiata pela terceira vez seguida, algo que não acontecia na Serie A desde 1953. O time de Giampaolo tem mais um motivo para comemorar: são 17 pontos de vantagem sobre os rivais após 12 rodadas, considerando ainda que os dorianos (soberanos na zona europeia, com 23 pontos e impressionantes sete vitórias) têm um jogo a menos. Em poucas vezes no longo histórico do clássico genovês a Sampdoria não estabelecia soberania tão clara sobre o Genoa. O resultado, aliás, provocou a queda do técnico Juric.

Apesar do abismo construído pela Samp, como bom clássico que é, o Derby della Lanterna não foi tão fácil quanto indica a diferença das equipes na tabela. Na verdade, o Genoa começou levando mais perigo, perdendo duas oportunidades com Lapadula. Quem não perdeu foi Ramírez, que marcou pela primeira vez desde o retorno ao Belpaese, ao aproveitar passe de Zapata e falha de Zukanovic. Ainda assim, o gol não mudou a tônica do jogo, que seguiu equilibrado: os grifoni quase empataram com o ala Rosi, que acertou chute na trave, enquanto a Sampdoria se destacava pela sua forte marcação e pelas jogadas de pivô de Zapata. Mais uma vez, o colombiano fez partida magistral e apareceu como garçom. O golpe fatal veio aos 84 minutos, quando Quagliarella finalmente desencantou no dérbi.

Sassuolo 0-2 Milan
Romagnoli (Çalhanoglu) e Suso (Borini)

Tops: Romagnoli e Kessié (Milan) | Flops: Cassata e Ragusa (Sassuolo)

Bem ou mal, o Milan voltou a vencer depois de quatro tropeços em casa e garantiu mais dias para Montella, que ainda tenta ensaiar uma reação junto com o grupo. Fechando a rodada, o Diavolo fez sua parte contra um adversário normalmente complicado, mas que vive péssimo momento na temporada, e poderia, inclusive, ter ganhado por mais. Bater este Sassuolo não é um grande parâmetro de melhora, mas três pontos são mais do que bem-vindos em Milanello.

Para sair vitorioso de Reggio Emilia, o Milan não precisou de muito. Chegou ao primeiro gol –marcado por Romagnoli após escanteio de Çalhanoglu – quase no intervalo e, já na reta final, matou o jogo depois que Suso fez sua jogada clássica, cortando para o centro e batendo de canhota. Entre os dois gols, Consigli fez algumas defesas heroicas, após ter segurado o máximo possível o zero no placar, e foi uma das poucas notícias positivas do time neroverde – se não a única. A cidade nunca recepcionou realmente bem o clube da vizinha Sassuolo, mas o Mapei Stadium estava particularmente desanimado nesta noite. Afinal, agora a equipe vive seu pior momento desde que chegou a elite e tem o treinador Bucchi ameaçado após a oitava derrota no campeonato, a terceira seguida. O Sassuolo ocupa a 17ª posição, com apenas dois pontos de vantagem para a zona de rebaixamento, enquanto o Milan mantém o contato com o pelotão europeu e abriu vantagem para Torino, Fiorentina, Atalanta e Chievo.

Atalanta 1-1 Spal
Cristante (Rafael Toloi) | Rizzo (Antenucci)

Tops: Cristante (Atalanta) e Rizzo (Spal) | Flops: Freuler e Spinazzola (Atalanta)

A Atalanta segue seu momento negativo na Serie A. Considerando o histórico do clube, um início com quatro vitórias e número igual de empates e derrotas é bastante normal, mas depois de tudo o que fez na temporada passada e com a campanha positiva na Liga Europa, a torcida esperava um desempenho mais sólido em 12 rodadas. O time de Gasperini tem decepcionado com irregularidade, pouco volume de jogo e um cansaço considerável de alguns jogadores: são estes três fatores que têm contribuído com atuações e resultados abaixo do que a equipe pode render.

Neste domingo em Bérgamo, o sétimo gol de Cristante pelo clube (o primeiro que não foi de cabeça, mas com uso na bola aérea) deu tranquilidade para os anfitriões segurarem o jogo, mas a história mudou no segundo tempo. Mais precisamente, depois da entrada de Rizzo, aos 60 minutos. Logo depois de pisar no gramado, o meio-campista emprestado pelo Bologna empatou, aproveitando falha defensiva. A situação ficou ainda pior quando o árbitro de vídeo alertou sobre a entrada dura de Freuler em Viviani, levando à expulsão do suíço. Com um a menos, os bergamascos não foram além para evitar o segundo tropeço em casa e permitiram que a Spal abrisse três pontos de vantagem para o Genoa, primeiro time na zona de rebaixamento.

Bologna 2-3 Crotone
Verdi e Verdi | Budimir, Trotta (pênalti) e Budimir

Tops: Verdi (Bologna) e Budimir (Crotone) | Flops: Costa (Bologna) e Cordaz (Crotone)

O Bologna segue sua sina dos últimos anos: sequências de vitórias e derrotas, em uma campanha irregular que não leva uma equipe relativamente cara para a parte superior da tabela. Dessa vez, depois de alguns bons resultados, os felsinei chegaram ao quarto tropeço seguido, e de forma trágica: para o Crotone, um dos favoritos ao rebaixamento, e diante de sua torcida. Nem sempre o talentoso Verdi e o veterano Palacio são suficientes para um time que defende mal e tem problemas para administrar a vantagem.

Foi exatamente assim na abertura da rodada: o ponta formado no Milan abriu o placar com cobrança de falta com o pé esquerdo, aos 37 minutos, e depois anotou outro com o direito, mostrando sua perfeita ambidestria. O feito não acontecia nos maiores campeonatos europeus desde 2004-05, mas o Crotone acabou ofuscando o brilho de Verdi. Budimir já havia feito um gol no primeiro tempo e, após o intervalo, Trotta converteu um pênalti cometido por Krafth com uma cobrança perfeita. Não bastasse o drama, na jogada seguinte saiu a virada do time de Nicola, outra vez graças a Budimir. Depois de chute bloqueado, o croata aproveitou o rebote e acertou um petardo da entrada da área, marcando pela segunda partida seguida e conquistando a primeira doppietta na elite, depois de um ano apagado na Sampdoria. A vitória deixa o Crotone mais longe das últimas posições, com 12 pontos – dois a menos que o Bologna.

Cagliari 2-1 Verona
Ceppitelli (Cigarini) e Faragò | B. Zuculini (Cerci)

Tops: Faragò (Cagliari) e Nícolas (Verona) | Flops: Ionita (Cagliari) e Souprayen (Verona)

No confronto direto entre dois times que ocupam a parte mais baixa da tabela, o Cagliari precisou se esforçar bastante para vencer o Verona. Isso porque os visitantes abriram o placar logo no início da partida e tentaram erguer um muro para evitar os ataques sardos. No final das contas, a insistência dos casteddu foi recompensada: o Cagliari triunfou e chegou aos 12 pontos, afastando-se da zona de rebaixamento. O Hellas continua lá e, embora tenha mostrado algum progresso nas últimas rodadas, não vence há quatro jogos.

A história da partida começou logo aos 6 minutos, quando Bruno Zuculini aproveitou o erro de marcação de Ceppitelli na cobrança de escanteio e cabeceou para as redes. O Cagliari teve a chance de empatar aos 10, mas Nícolas defendeu a penalidade batida por Cigarini. Foi o terceiro cobrador diferente rossoblù que desperdiçou uma cobrança na temporada (Sau e Diego Farias também erraram). O empate sardo chegou aos 28, quando Ceppitelli se redimiu, empurrando a bola para o gol veronês de qualquer jeito. O Verona estava satisfeito com o empate e tentou segurar o resultado, mas o fraquíssimo Souprayen perdeu a posse de bola e permitiu que Faragò virasse a partida, aos 40 da segunda etapa.

Lazio-Udinese
Partida adiada por causa do mau tempo em Roma. A nova data ainda será definida.

*Os nomes entre parênteses após os autores dos gols se referem aos responsáveis pelas assistências

Seleção da rodada
Sirigu (Torino); De Silvestri (Torino), Skriniar (Inter), Romagnoli (Milan), De Sciglio (Juventus); Gerson (Roma), Torreira (Sampdoria), Nainggolan (Roma); Verdi (Bologna); Budimir (Crotone), Zapata (Sampdoria). Técnico: Eusebio Di Francesco (Roma).

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