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A dedicação de Gabriele Oriali lhe rendeu até homenagem em música

Gabriele Oriali nasceu em Como, mas iniciou sua carreira nas camadas juvenis da Inter, em 1966. Seriam 17 anos vestindo nerazzurro. Período no qual, com muito esforço, raça exemplar e alguns gols, o volante se tornou uma bandeira interista. Uma condição que se intensificaria depois de quase uma década e meia como cartola da agremiação.

O que poucos sabem é que nas primeiras partidas de Oriali, ele atuou como lateral-direito. Depois disso, a volância foi o caminho natural, pois a sua principal característica era a força defensiva e a raça com que disputava todos os lances. A titularidade veio durante a campanha do vice-campeonato europeu em 1972.

Oriali foi apelidado carinhosamente de Lele, mas em campo os adversários não tinham facilidade quando ficavam frente a frente ao mediano. A Eurocopa de 1980 foi sua primeira grande competição com a Squadra Azzurra, porém não desempenhava o papel preponderante na equipe. A Copa do Mundo de 1982 foi sua grande virada na Nazionale, pois quando assumiu a posição entre os onze não largou mais, sendo muito importante para a conquista da taça.

Mas antes do Mundial, fez a sua grande exibição pelos nerazzurri, no Derby della Madonnina em outubro de 1981. Oriali foi violentamente atingido no rosto por Mauro Tassotti, fazendo um corte que exigiu trinta pontos em seu rosto. Ainda assim, ele continuou em ação e se tornou o herói da partida. Após receber lançamento da direta, Lele matou a bola com a canhota e finalizou de perna direta. Assim, o mediano de poucos tentos na carreira fez o único gol da partida.

Lele foi vital para o meio-campo da Inter por mais de uma década (Arquivo/Inter)

A Copa do Mundo de 1982 na Espanha serviu para mostrar a força de Oriali. O jogador nerazzuro assumiu o posto de titular apenas no último jogo da primeira fase, o empate contra Camarões. E não largou mais o lugar entre os onze. Na segunda fase ocorreu a grande virada da Itália no Mundial, pois nos três jogos anteriores apenas empates.

Lele foi ponto chave nessa virada. Pela frente a atual campeão Argentina e o grande Brasil de Telê. Contra os argentinos, ele foi o responsável pela marcação da grande estrela argentina, Mario Kempes. Com Oriali na sua cola, o craque adversário pouco fez. Frente a seleção canarinho, o mediano interista também teve o grande papel na marcação dos craques brasileiros. Depois a Polônia ficou para trás na semifinal.

Na final, Oriali foi um dos onze titulares que venceram a Alemanha e ajudou a Nazionale a alcançar o seu terceiro título Mundial. Já campeão do Mundo, Oriali jogou o ano de 1983 pela Inter e após 392 jogos e 43 gols com a camisa nerazzurra se transferiu para a Fiorentina, onde quatro anos depois abandonou os gramados.

Oriali marcou seu nome nos dérbis italianos (Liverani)

A entrega de Gabriele Oriali foi reconhecida através de música por um grande interista. Luciano Ligabue, cantor de rock italiano, compôs a música “Una vita da mediano” (“Uma vida de volante”). A letra exalta o trabalho dos volantes, posição em que se dá pouco valor ao atleta, que trabalha o tempo todo. O nome de Oriali é citado na canção no trecho: “Uma vida de volante, trabalhando como Oriali / Anos de fadiga e porradas, e quem sabe você vença o Mundial”.

Gabriele Oriali se tornou dirigente esportivo logo que se aposentou e desenvolveu uma carreira de sucesso. Primeiramente, foi diretor-geral da Solbiatese num período em que a agremiação ascendeu da quinta divisão à Serie C2. Em seguida, no Bologna, contratou Carlo Nervo, Francesco Antonioli e Michele Paramatti, que se tornariam bandeiras do time, e foi vital para a dupla promoção dos felsinei, que passaram da terceirona à elite. Lele também a ousadia de levar o lendário Roberto Baggio ao clube rossoblù.

Em 1998, Oriali trocou o Bologna pelo rival Parma e participou da montagem do elenco numa temporada concluída com títulos da Coppa Italia e da Copa Uefa. Sua experiência, contudo, durou pouco: em junho de 1999, voltou à Inter e permaneceu em sua segunda casa pelos 11 anos seguintes, atuando como consultor de mercado, team manager e diretor do setor técnico.

Oriali foi titular na conquista do tri azzurro, em 1982 (imago/WEREK)

No início de sua passagem como diretor da Inter, acabou se envolvendo num escândalo de passaportes comunitários falsificados e foi suspenso por seis meses. Mesmo chamuscado por conta do Passaportopoli, ganhou protagonismo na Beneamata e se tornou presença constante no banco de reservas da equipe e nas apresentações de jogadores em Appiano Gentile – além de muito próximo a José Mourinho. Sem dúvidas, um dos grandes responsáveis pelas glórias interistas na década de 2000.

Em julho de 2010, o ex-jogador e a Inter começaram a seguir caminhos diferentes. Em sua saída, Lele disparou contra Marco Branca, diretor-técnico, que acusou de ter sido responsável por convencer Massimo Moratti a demiti-lo. Oriali passou um tempo atuando como comentarista e, em 2014, virou team manager da seleção italiana por um longo período: ocupou o posto até 2023, participando da conquista da Euro 2020. Ou seja, trabalhou novamente com Roberto Mancini – já haviam colaborado em Appiano Gentile, entre 2004 e 2008.

Nesse mesmo período, Oriali se tornou muito próximo de Antonio Conte. Com o ex-jogador da Juventus, que também ganhou reconhecimento por conta de sua garra nos tempos de atleta, trabalhou na seleção, de 2014 a 2016, e também na Inter. Sim, porque, entre 2019 e 2021, na vitoriosa passagem do técnico pela gigante de Milão, Lele acumulou o cargo de team manager da Itália e o de gestor técnico da equipe nerazzurra – com a qual faturou mais um scudetto, chegando a seis como cartola. Em 2024, o volante reencontrou o treinador apuliano no Napoli, já que assumiu as vestes de coordenador esportivo dos azzurri.

Gabriele Oriali
Nascimento: 25 de novembro de 1952, em Como, Itália
Posição: volante
Clubes: Inter (1970-83) e Fiorentina (1983-87)
Títulos: Serie A (1971 e 1980), Coppa Italia (1978 e 1982), Mundialito de Clubes (1981) e Copa do Mundo (1982)
Seleção italiana: 32 jogos e 2 gols

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