Seleção italiana

Lenta, imprecisa e azarada, Itália perdeu para a Suécia e precisará se recuperar em San Siro

A Itália conseguiu se complicar ainda mais. E o calo provocado por uma de suas maiores pedras no sapato, a Suécia, só aumenta. A seleção italiana viajou até Solna e fez uma partida ruim na Friends Arena, em mais uma atuação sem um pingo de criatividade. Os donos da casa, longe de mostrarem qualquer brilhantismo, conseguiram vencer por 1 a 0 e largam em vantagem na repescagem para a Copa do Mundo de 2018. Só uma vitória por pelo menos dois gols de vantagem garante a Itália sem sustos na competição.

A seleção italiana não guarda grandes lembranças dos nórdicos. Além de não vencer na Suécia há 105 anos, a Itália tem alguma rivalidade com os suecos por causa da Euro 2004: após um empate por 2 a 2 entre as duas seleções, a Suécia fez um jogo de compadres com a Dinamarca e eliminou a Itália da competição, atiçando os ânimos dos torcedores azzurri. Para completar, a última vez em que a Nazionale ficou de fora de um Mundial foi em 1958. Onde o torneio foi realizado? Isso mesmo, no país escandinavo.

Embora estes dados indiquem o contrário, a Itália tem boa vantagem no retrospecto contra a Suécia: após o jogo de hoje, são 11 vitórias, seis empates e sete derrotas. Porém, no duelo mais importante entre as seleções em toda a história, os suecos conseguiram quebrar a invencibilidade italiana, que durava 19 anos – cinco jogos no período – e mantiveram sua força caseira. A seleção azul e amarela não perde em seus domínios há dois anos e só foi derrotada em uma das oito partidas disputadas em casa contra a Squadra Azzurra. Um empate até cairia bem para Gian Piero Ventura e seus comandados, mas uma finalização fortuita na etapa final frustrou os italianos.

Pouco aconteceu no primeiro tempo na Friends Arena. Na verdade, apenas um lance digno de nota para cada lado, ainda antes dos 15 minutos: Belotti cabeceou com perigo, à direita de Olsen, e Toivonen respondeu com um chute que passou perto do gol defendido por Buffon. No restante do tempo, sobraram cotovelos para todos os lados, nos confrontos entre Toivonen e Bonucci e Berg e De Rossi. Antes do intervalo, Verrati levou um cartão amarelo completamente desnecessário e coroou mais uma partida ruim com a camisa da seleção. Suspenso, não jogará a volta, em San Siro.

Na segunda etapa, a Suécia buscou mais o jogo, com o sempre perigoso Forsberg, dominante nos duelos contra um De Rossi inconsistente. Ainda assim, o gol não saiu de uma ocasião clara criada pelos donos da casa, mas de um rebote proveniente de uma bola cruzada na área. Johansson chutou mal, mas a bola desviou em De Rossi e mudou completamente de trajetória, matando Buffon. Muito lenta e sem ideias, a Itália buscava assustar em chutes de fora da área, como o de Candreva (antes do gol) e o de Darmian, que deixou o goleiro Olsen imóvel, mas explodiu na trave. Foi só.

Novamente, Ventura mostrou que está completamente perdido e, para piorar, continua tomando decisões polêmicas. O genovês cedeu à pressão dos jogadores e decidiu trocar o 4-2-4 pelo 3-5-2, mas na hora do sufoco decidiu voltar ao seu esquema preferido, sacando o apagado Verratti e dando espaço a Insigne, que foi acionado somente nos 15 minutos finais e fora de sua posição. Jorginho, que não estava em seus planos no início do trabalho, foi convocado e não entrou em campo na partida decisiva – o treinador só fez duas alterações durante o jogo, promovendo também a entrada de Éder. Qual o sentido em não utilizar (ou usar mal) dois de seus jogadores mais talentosos, que atravessam grande fase como peças centrais do Napoli, um dos melhores times de toda a Europa?

Para a partida de segunda, em Milão, Ventura já declarou que haverá mudanças – a proximidade entre os dois jogos foi um dos motivos de o comissário técnico ter convocado 27 jogadores. Uma substituição certa envolve o suspenso Verratti, que nunca mostrou na seleção o mesmo futebol que encanta os franceses no Paris Saint-Germain – até porque eventualmente não é orientado a fazer as mesmas funções que no Parc des Princes. O fato é que, com seu desempenho abaixo da média, ele não fará falta. Infelizmente, pois deveria ser um dos líderes desta seleção.

Jorginho tem boas chances de substituir o jovem regista nascido em Pescara e pode acabar sendo o catalisador de uma necessária mudança de atitude do meio-campo azzurro, tão sem ideias nos últimos tempos. Para ajudar o ítalo-brasileiro, Insigne tem de começar a partida e pode ser necessário até mesmo sacrificar Belotti (ainda recuperando a forma física após uma lesão no joelho). Nem sempre o jogador do Torino consegue atuar bem ao lado de Immobile, já que ambos tem características parecidas e às vezes se anulam.

Hoje, a Itália não mostrou coletividade alguma e se agarrou a lampejos de seus melhores jogadores. Se for para confiar no talento individual também na segunda, diante de um San Siro lotado, é melhor apostar em Jorginho, Insigne e Immobile do que em Parolo, Candreva e Zaza, não é? Fica a dica, Ventura.

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