Serie A

36ª rodada: só a matemática ainda não confirma o heptacampeonato da Juventus

A matemática é a única que não diz com todas as letras: a Juventus é heptacampeã consecutiva da Serie A. Com seis pontos de vantagem sobre o Napoli, a Velha Senhora só não comemorou a conquista do scudetto por respeito aos adversários. A briga por vagas na Liga dos Campeões e na Liga Europa está mais acirrada do que nunca e o campeonato teve a definição do segundo rebaixado neste final de semana. Confira o que aconteceu na 36ª rodada.

Juventus 3-1 Bologna
De Maio (contra), Khedira (Douglas Costa) e Dybala (Douglas Costa) | Verdi (pênalti)

Tops: Douglas Costa e Dybala (Juventus) | Flops: De Maio e Krafth (Bologna)

Achou que a Juventus ia vacilar em casa contra um Bologna praticamente de férias? Achou errado! Depois de começar a partida levando perigo com Higuaín, o time anfitrião saiu atrás do placar em uma falha de Buffon, que entregou a bola muito curta para Rugani. Crisetig o antecipou e foi derrubado pelo defensor, no lance que proporcionou a penalidade convertida com atrevimento por Verdi. O empate saiu no início do segundo tempo, com De Maio, que marcou contra ao cortar errado o cruzamento de Cuadrado.

O grande nome do jogo, porém, foi Douglas Costa. O brasileiro mais uma vez saiu do banco para salvar Allegri, infernizando a defesa rossoblù e contribuindo com duas assistências decisivas para a virada, com gols de Khedira e Dybala em um intervalo de cinco minutos. A vitória por muito pouco (ou melhor, por um ponto) não deu o título antecipado para os juventinos, por causa do empate do Napoli contra o Torino – curiosamente, mais um rival da Velha Senhora que entrou no caminho dos partenopei. Contra a Roma, um simples empate garante o hepta bianconero.

Napoli 2-2 Torino
Mertens e Hamsík (Callejón) | Baselli (Ljajic) e De Silvestri (Ljajic)

Tops: Callejón (Napoli) e Ljajic (Torino) | Flops: Reina (Napoli) e Burdisso (Torino)

Vale lei do ex para treinador também? Porque Mazzarri mais uma vez atravessou o caminho do Napoli, clube em que trabalhou por quatro anos, como fizera quando treinava a Inter. Além disso, outro grande rival da Juventus acabou ajudando a Velha Senhora: depois da Fiorentina, foi a vez de o Torino colocar água na campanha dos azzurri, que praticamente dão adeus à briga pelo scudetto. Mesmo se a Juve perder seus dois últimos compromissos, contra Roma e Verona, o Napoli precisaria recuperar um saldo de 16 gols de diferença.

No domingo, o que se viu foi mais um cochilo do time de Sarri. O Napoli conseguiu derrubar a maior rival na sua casa, mas perdeu pontos contra equipes inferiores graças a problemas de concentração dos jogadores, que não conseguem manter a atenção e a precisão para completar as jogadas criadas ou defender ataques simples dos adversários. No San Paolo, tudo ia bem depois da entregada inacreditável de Burdisso para o gol de Mertens, que comemorou seu aniversário encerrando um jejum de dois meses sem balançar as redes. Quando Baselli empatou no início da etapa final, o time anfitrião voltou a perder os nervos.

Insigne e companhia continuaram a perder grandes oportunidades, e nem mesmo o golaço de Hamsík aos 71 minutos serviu para trazer tranquilidade, especialmente depois do novo empate do Torino. Ljajic lançou De Silvestri nas costas da defesa e o ala antecipou a péssima saída de Reina para marcar seu quarto gol no campeonato, frustrando a torcida napolitana. Depois do empate, o Napoli simplesmente desabou e aceitou o segundo tropeço consecutivo e o fato de que o scudetto irá novamente para Turim.

Cagliari 0-1 Roma
Ünder (Dzeko)

Tops: Fazio e Alisson (Roma) | Flops: Diego Farias e Padoin (Cagliari)

Quem pensou que a Roma teria vida fácil contra o Cagliari se enganou redondamente. A equipe visitante até saiu na frente (aos 15 minutos, com um gol de Ünder,), mas foi praticamente inofensiva no resto do jogo. Apesar disso, no final das contas o time de Di Francesco acabou cumprindo seu papel e, com a vitória fora de casa, abriu vantagem na terceira posição antes da partida contra a Juventus: agora, apenas um empate garante o time na próxima Liga dos Campeões.

Com apenas quatro vitórias em cinco meses, os sardos iriam sentir os efeitos de sua péssima campanha em algum momento. E, faltando dois jogos, não havia hora pior para a conta ser cobrada, visto que os rossoblù estão encrencados na zona de rebaixamento. O Cagliari terá que pontuar contra Fiorentina e Atalanta e ainda secar Spal, Chievo, Crotone e Udinese para escapar da degola. Atuações como a desse domingo contra a Roma são um bom indicativo, mas para somar os pontos necessários, o time de Diego López precisará de gols e pelo menos de uma vitória. Algo que lhe faltou neste domingo, por causa de Alisson e também das boas atuações defensivas de Capradossi, Fazio e De Rossi.

Rafinha marcou o seu primeiro gol pela Inter (Getty)

Lazio 1-1 Atalanta
Caicedo (Luis Alberto) | Barrow (De Roon)

Tops: Strakosha (Lazio) e Gómez (Atalanta) | Flops: Milinkovic-Savic e Marusic (Lazio)

Dona da maior série de invencibilidade atual do campeonato (nove jogos), a Lazio entrou em campo contra a Atalanta pressionada pela vitória da Inter mais cedo, e não respondeu nada bem contra o time de Gasperini – que também precisava dos três pontos, já que o Milan havia batido o Verona no sábado. Os anfitriões provaram do seu próprio veneno e sofreram contra a marcação agressiva atalantina, que proporcionou o primeiro gol. Depois de passe de De Roon, o jovem Barrow chegou ao terceiro tento em quatro partidas. Pouco depois, Papu Gómez parou na trave, e então veio o empate: Luis Alberto recebeu lançamento e tocou para o centro da área, onde Caicedo antecipou a marcação.

O empate não mudou o jogo, que seguiu sob as rédeas dos nerazzurri de Bérgamo. O gol da vitória, contudo, nunca foi anotado, mesmo com muita insistência. Strakosha fechou sua meta, evitando pelo menos três chances claras dos visitantes, enquanto os contra-ataques dos laziali também não foram o bastante para evitar a paridade – que prejudicou as duas equipes. A Lazio agora tem apenas dois pontos de vantagem para a Inter, que enfrentará na última rodada, e ainda perdeu Luis Alberto lesionado. Por sua vez, a Atalanta saiu da zona europeia “oficial” e aguarda o resultado do final da Coppa Italia para saber se o sétimo lugar dará vaga na Liga Europa: na copa, torcerá pelo Milan, seu próximo adversário na Serie A.

Udinese 0-4 Inter
Ranocchia (Brozovic), Rafinha, Icardi (Brozovic) e Borja Valero

Tops: Rafinha e Brozovic (Inter) | Flops: Fofana e Samir (Udinese)

A Inter estava engasgada com a Udinese, que encerrou sua série de invencibilidade no primeiro turno e iniciou um período obscuro para o time de Spalletti. No entanto, rapidamente os nerazzurri mostraram que a derrota de dezembro fazia parte do passado e colocaram pressão para cima de Lazio e Roma, apimentando a briga pelas últimas duas vagas para a Liga dos Campeões. Já a Udinese chegou ao 14º jogo sem vitórias, igualou seus maiores jejuns (estabelecidos em 1951 e 2006) e segue perigosamente próxima da zona de rebaixamento, a apenas um ponto do Cagliari.

No Friuli, um ator inesperado roubou a cena ao abrir placar: Ranocchia substituiu Miranda por causa de um desconforto sofrido pelo brasileiro durante o aquecimento, e subiu mais alto que todos para completar a cobrança de escanteio de Brozovic. O veterano Danilo evitou dois gols de Perisic com 15 minutos de jogo, mas não parou Rafinha e Icardi. O brasileiro recebeu do argentino e arrancou em direção ao gol para marcar o primeiro no futebol italiano, enquanto o centroavante diminuiu para um gol a desvantagem para o lesionado Immobile na briga pela artilharia. Para fazer o 3 a 0, passou com facilidade por Samir e contou com a cumplicidade do goleiro Bizzarri.

Na etapa final, a expulsão de Fofana após entrada violenta em Perisic facilitou ainda mais a vida dos visitantes. O lance foi muito semelhante ao pisão de Vecino na rodada passada e também teve a intervenção do árbitro de vídeo para corrigir o árbitro Mazzoleni. Com um a mais, os interistas seguiram com o domínio do jogo e aproveitaram para poupar esforços para as últimas duas rodadas. Após chute desviado de Perisic, o contestado Borja Valero também guardou o seu e Karamoh por muito pouco não fez o quinto – parou na trave.

Milan 4-1 Verona
Çalhanoglu (Suso), Cutrone (Bonaventura), Abate (Suso) e Borini (Bonaventura) | Lee Seung-woo

Tops: Çalhanoglu e Suso (Milan) | Flops: Caracciolo e Calvano (Verona)

De volta ao caminho das vitórias, o Milan não teve problemas para golear e afundar definitivamente o Verona, agora oficialmente rebaixado para a Serie B – com isso, o técnico Pecchia acumulou mais um rebaixamento na carreira. Às vésperas da final da Coppa Italia e dos confrontos diretos com Atalanta e Fiorentina, o Diavolo também ganhou terreno na busca da vaga na Liga Europa. Em uma tarde tranquila no San Siro, na partida que abriu a rodada, o time de Gattuso mais uma vez teve Çalhanoglu como protagonista: o turco também foi acompanhado pelos assistentes Suso e Bonaventura. Cada um dos dois criou dois gols.

O primeiro foi marcado exatamente por Çalhanoglu, que terminou a partida como o jogador com o maior número de finalizações. Após passe de Bonaventura, Cutrone voltou às redes depois de mais de um mês. Quem também comemorou depois de muito tempo foram Borini, sem gols desde fevereiro, e Abate, que marcou pela terceira vez com a camisa rossonera – não anotava desde dezembro de 2015. Lee Seung-woo, promessa contratada no verão, junto ao Barcelona, marcou o único dos visitantes em belo chute da entrada da área. Lee é apenas o segundo sul-coreano a atuar e fazer um gol pelo Campeonato Italiano, após o trauma causado por Ahn Jung-hwan, em 2002.

Genoa 2-3 Fiorentina
Rossi (Daniel Bessa) e Lapadula (Hiljemark) | Benassi (Simeone), Eysseric e Dabo (Falcinelli)

Tops: Benassi e Dabo (Fiorentina) | Flops: Pandev e Spolli (Genoa)

Ainda esperançosa por uma vaga na Liga Europa, especialmente depois dos inesperados 3 a 0 sobre o Napoli na última rodada, a Fiorentina foi para Gênova com a expectativa de enfrentar anfitriões em clima de férias. Mas os grifoni entornaram o caldo e o time de Pioli teve que suar para sair do Marassi com os três pontos, conquistados no final da partida graças aos reservas. Os visitantes pressionaram desde o início e inclusive abriram o placar, quando Benassi recebeu de Simeone e antecipou Perin e Spolli.

No segundo tempo, contudo, o Genoa virou em menos de cinco minutos. Primeiro com o ex-viola Rossi, que completou jogada de Daniel Bessa e marcou seu primeiro gol na Itália desde janeiro de 2014; e depois com Lapadula, após cruzamento de Hiljemark. Os franceses Dabo e Eysseric entraram em campo entre os gols adversários e protagonizaram a segunda virada da tarde dez minutos depois, facilitada também pela expulsão de Pandev, que deu dura entrada em Bruno Gaspar. Até então um dos principais destaques da partida, com defesas importantes, Perin cortou mal o cruzamento de Dabo e deixou a bola nos pés de Eysseric, que empatou a partida com um chute da marca do pênalti. Depois de combinação com Chiesa, Falcinelli entregou para Dabo, que já tinha acertado a trave, finalmente marcar o seu primeiro gol pela Fiorentina.

Com ótima atuação, Çalhanoglu confirmou o rebaixamento do Verona (Getty)

Sassuolo 1-0 Sampdoria
Politano (Duncan)

Tops: Politano e Acerbi (Sassuolo) | Flops: Kownacki e Quagliarella (Sampdoria)

Terceira melhor anfitriã do campeonato, com 72% de aproveitamento no Marassi, a Sampdoria é um verdadeiro desastre fora de casa e isso acabou de vez com as chances do time de Giampaolo buscar uma vaga europeia. Com 54 pontos, ainda pode chegar a 60, mas a diferença para Milan (60), Atalanta (59) e Fiorentina (57) é significativa, já que faltam mais duas rodadas por jogar e os rossoneri enfrentam os dois outros times.

Quem não tem nada a ver com isso é o Sassuolo, que dominou o jogo e garantiu matematicamente a salvezza ao abrir sete pontos para o Cagliari. Hábil em salvar equipes do rebaixamento, o carequinha Iachini contou com mais um gol de Politano para atingir o feito. Autor de nove gols no campeonato, o atacante foi um dos poucos que se salvaram na campanha abaixo das expectativas dos neroverdi, que disputarão na próxima temporada a sexta Serie A de sua história.

Spal 2-0 Benevento
Paloschi e Antenucci (pênalti)

Tops: Antenucci e Gomis (Spal) | Flops: Sagna e Diabaté (Benevento)

Em mais uma prova de maturidade, a Spal deu outro passo importante rumo à salvezza. A vantagem segue pequena, já que são apenas dois pontos de vantagem para o Cagliari e a equipe emiliana terá adversários complicados nas últimas duas rodadas (Torino e Sampdoria), mas o time de Semplici mostrou de novo que consegue fazer a sua parte em jogos importantes. Depois da vitória contra o Verona, dessa vez recebeu o Benevento, que apesar do rebaixamento garantido segue complicando a vida dos outros, e conseguiu uma vitória sofrida e essencial.

O 2 a 0 engana à primeira vista, já que foram os visitantes que mais criaram oportunidades: substituto de Meret, o goleiro Gomis novamente virou herói para os estensi. Do outro lado do campo, Antenucci liderou a equipe e contou com o oportunismo do parceiro de ataque Paloschi, que abriu o placar depois de falha de Sagna e rebote de Puggioni. E o capitão do time guerreiro de Semplici definiu o resultado, convertendo pênalti que ele mesmo sofreu. Antenucci é, de longe, o jogador com mais participações em gols do time, já que é o artilheiro e o líder de assistências – respectivamente, tem nove bolas na rede e seis passes decisivos para companheiros.

Chievo 2-1 Crotone
Birsa (Gobbi) e Stepinski (Gobbi) | Tumminello (Martella)

Tops: Gobbi e Birsa (Chievo) | Flops: Faraoni e Cordaz (Crotone)

Depois do susto de entrar pela primeira vez na zona de rebaixamento, justamente no final do campeonato, o Chievo teve um confronto direto pela salvezza e dessa vez fez o dever de casa. Uma vitória apertada, com muita pressão dos visitantes, mas suficiente para tirar a equipe do Z3 e levar alívio ao ambiente: afinal, agora os gialloblù têm um dos calendários mais acessíveis entre as equipes que brigam contra a última vaga da Serie B (enfrentem Bologna e Benevento). Situação totalmente oposta à do Crotone, que pegará Lazio e Napoli. Hoje, ambos estão empatados com 34 pontos, um a mais que o Cagliari.

O Chievo teve a estreia de Lorenzo D’Anna, então treinador do bem estabelecido time sub-19 gialloblù: o ex-lateral, segundo jogador com mais presenças pelo clube (354 partidas ao longo de 13 anos), assumiu interinamente após a demissão de Rolando Maran. No seu primeiro jogo, a principal novidade foi o retorno de Birsa ao onze inicial. O esloveno, inclusive, marcou o gol que abriu o placar, depois de cruzamento de Gobbi, que também recuperou um lugar no time titular junto a Dainelli. Os veteranos recompensaram a confiança com boas apresentações: o lateral deu outra assistência, dessa vez para Stepinski, e o zagueiro venceu a batalha contra Simy, que deu bastante trabalhou e acertou a trave, mas passou em branco. Quando o jovem Tumminello descontou nos acréscimos, já era tarde para o time de Zenga evitar a derrota.

*Os nomes entre parênteses após os autores dos gols se referem aos responsáveis pelas assistências

Seleção da rodada
Strakosha (Lazio); De Silvestri (Torino), Dainelli (Chievo), Acerbi (Sassuolo), Gobbi (Chievo); Brozovic (Inter), Dabo (Fiorentina); Douglas Costa (Juventus), Rafinha (Inter), Çalhanoglu (Milan); Antenucci (Spal). Técnico: Luciano Spalletti (Inter).

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