Os eventos desta segunda-feira não estavam nos planos da seleção italiana. Estrear um novo treinador num amistoso contra a Arábia Saudita às vésperas da Copa do Mundo só reforça quantos erros foram cometidos na preparação para o Mundial, do qual a Nazionale não participará. Os trabalhos para a Euro 2020 e a Copa de 2022 começaram com uma vitória, mas com percalços inesperados.
A primeira partida entre Itália e Arábia Saudita em toda a história marcava a estreia de Roberto Mancini, o 11º técnico da Nazionale que também já havia defendido a seleção como jogador. Debutes costumam ser traiçoeiros para os técnicos da Squadra Azzurra: só quatro nos últimos 44 anos haviam vencido no jogo inaugural. Se não teve brilho, Mancio pelo menos pulou esta fogueira e fez a equipe nacional voltar a triunfar após quatro compromissos.
No pontapé inicial de sua gestão, o marquesão não pode contar com vários jogadores, por motivos físicos – Conti, Chiellini, Spinazzola, Emerson Palmieri, Marchisio, Verratti, Bernardeschi e Immobile, por exemplo, estão lesionados. Com um elenco tão desfalcado, a Itália iniciou um jogo sem atletas da Juventus pela primeira vez desde 2012. Os desfalques ainda deixam dúvidas sobre qual será a espinha dorsal utilizada pelo técnico no seu trabalho. Mancio, porém, deu algumas dicas de nomes que terão prestígio na gestão e promoveu os retornos de Criscito e Balotelli que ficaram quatro anos ausentes e ganharam espaço no time titular.
A Itália começou a todo o vapor contra a fraca seleção saudita, 70ª colocada no ranking da Fifa. O trio formado por Insigne, Balotelli e o estreante Politano deixava a defesa asiática totalmente ensandecida, mas o gol até que custou a sair. Aos 21 minutos, Super Mario, o mais positivo entre os azzurri, fez uma jogada individual na entrada da área e acertou o canto do goleiro Al-Owais. Com a vantagem no placar, a Nazionale administrou o jogo até o intervalo, mas ainda viu Pellegrini perder ótima oportunidade e Criscito balançar o travessão.
Após a volta dos vestiários, a seleção saudita melhorou graças à entrada de Al-Dawsari, jogador do Villarreal. Só então a equipe começou a ter uma cara melhor, embora falte padrão de jogo: de setembro de 2017 para cá, os sauditas mudaram de técnicos duas vezes. Bert van Marwijk classificou os falcões verdes para a Copa, mas deu lugar a Edgardo Bauza, que só esquentou o banco por dois meses e cedeu o lugar a Juan Antonio Pizzi.
Nos primeiros minutos do segundo tempo, a Arábia Saudita conseguiu equilibrar o jogo, embora a Itália já mostrasse alguma preguiça. Pellegrini poderia ter marcado o segundo, mas não aproveitou o cruzamento perfeito de Zappacosta na pequena área e finalizou por cima do gol. Em outro cruzamento, aos 68 minutos, Belotti (que substituíra Balotelli, que sentiu um desconforto muscular), aproveitou o rebote de Al-Owais e ampliou.
Os italianos, mais confortáveis com o 2 a 0, quase marcaram o terceiro de imediato, mas o goleirão saudita fez bela defesa num chute de Insigne. Quatro minutos depois do gol do Galo, Zappacosta ficou em maus lençóis: com a Itália inteira no ataque, o lateral direito do Chelsea se desequilibrou e deu a bola de presente para Al-Dawsari, que só teve o trabalho de deixar Al-Shehri no mano a mano com Donnarumma: o meia ofensivo do Leganés driblou o milanista e marcou. Gigio precisou interferir e salvar a vitória em outro erro: Criscito atrasou mal de cabeça e Al-Muwallad, do Levante, obrigou o substituto de Buffon a fazer grande defesa.
A Itália volta a entrar em campo nos dias 1º e 4 de junho, contra França e Holanda, respectivamente. Nesses jogos, Mancini deve dar espaço a outros jogadores convocados e promover novas estreias, como as de Caldara e Berardi. Se espera, contra adversários muito mais qualificados, atuações mais convincentes do que a desta segunda. Afinal, a Arábia Saudita promete ir à Rússia apenas a passeio.
Arábia Saudita 1-2 Itália
Arábia Saudita: Al-Owais; Al-Shahrani, Osama Hawsawi (Al-Bulaihi), Omar Hawsawi (Motaz Hawsawi), Al-Harbi; Ateef, Al-Faraj (Al-Mogahwi); Al-Shehri, Kanno (Al-Dawsari), Al-Jassim; Assiri (Al-Muwallad). Técnico: Juan Antonio Pizzi.
Itália: Donnarumma; Zappacosta, Bonucci, Romagnoli, Criscito (De Sciglio); Florenzi (Bonaventura), Jorginho, Pellegrini (Cristante); Politano (Verdi), Balotelli (Belotti), Insigne (Chiesa). Técnico: Roberto Mancini.
Gols: Al-Shehri; Balotelli e Belotti.
Local: Kibunpark, em St. Gallen, Suíça.
Árbitro: Sandro Scharer (Suíça).
Vi o jogo, e ele me despertou dúvidas sobre a zaga titular. Pois Caldara, Romagnoli e Rugani são jovens zagueiros de qualidade que prometem ser o futuro da Azzurra mas dificilmente consigo ver o Mancini testando esse trio de zaga para o futuro de forma conjunta ainda mais quando dois dos melhores zagueiros do mundo, Chiellini e Bonucci, continuarem na ativa.