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Capitão da Suécia de 1994, Jonas Thern foi pilar de modestos times de Napoli e Roma

Alguns dos fortes da seleção da Suécia da Copa do Mundo de 2018 são a dedicação e a objetividade do meio-campo. Não por acaso, foi com essas mesmas características que o selecionado escandinavo foi vice-campeão mundial em 1958 e terceiro colocado em 1994. Se o líder do setor central do campo agora é o habilidoso Emil Forsberg, em meados do último século foi Nils Liedholm. Entre as duas gerações, esta incumbência ficou com Jonas Thern.

Meia central de características defensivas, Thern teve um início de carreira meteórico. Em 1985, o jogador deixou a base do Värnamo para acertar com o Malmö, um dos maiores clubes da Suécia, e em menos de três anos como profissional já havia sido convocado para a seleção principal e tido uma rápida experiência no futebol suíço, com a camisa do Zürich.

Thern era um jogador muito acima da média local. Comandando o Malmö, foi pentacampeão da liga sueca, a Allsvenskan, e foi eleito como o melhor futebolista de seu país em 1989. Naquele mesmo ano, seu compatriota Sven-Göran Eriksson o levou para o Benfica. Em Portugal, logo de cara Jonas Thern se converteu em uma peça muito importante na campanha do vice-campeonato europeu dos encarnados, derrotados na final da Copa dos Campeões pelo Milan de Arrigo Sacchi.

Em 1990, Thern fez sua segunda participação em um grande torneio pela seleção sueca. Após disputar os Jogos Olímpicos de 1988, foi titular absoluto da equipe auri-cerúlea na Copa do Mundo disputada na Itália. Graças à ausência do zagueiro Glenn Hysén, Jonas – então com 23 anos – até foi o capitão na estreia na competição, contra o Brasil.

A personalidade e o espírito de liderança lhe acompanhariam por toda a carreira, assim como o posto de comandante da Suécia, que guardou por sete anos. Em 1992, os escandinavos sediaram a Eurocopa e fizeram uma excelente campanha, parando apenas nas semifinais. Ostentando a braçadeira e a camisa 9, Thern integrou a coluna do 4-4-2 de Tommy Svensson. Ao fim da competição, Jonas deixou o Benfica e se transferiu para o Napoli.

Em um jogo contra o Milan, o napolitano Thern persegue Desailly (Getty)

Thern começou a temporada como titular do time de Claudio Ranieri, até o treinador cair por causa da precoce eliminação na Copa Uefa, diante do Paris Saint-Germain, e dos maus resultados na Serie A – o romano foi demitido depois de uma goleada sofrida em casa para o Milan. O volante sueco manteve sua vaga no time com Ottavio Bianchi e ajudou os napolitanos a escaparem do rebaixamento.

Em 1993-94, o presidente Corrado Ferlaino transformou Bianchi em diretor e contratou Marcello Lippi para o cargo de treinador. A mudança surtiu efeito e o Napoli concluiu a Serie A na 6ª posição, garantindo uma vaga na Copa Uefa. Thern jogou menos vezes, mas fez uma boa temporada: marcou seu único gol pelo clube, diante do Parma, e rumou aos Estados Unidos para capitanear a Suécia na inesquecível campanha no Mundial de 1994. Na América do Norte, deu as cartas no meio-campo viking e também se destacou com suas bombas de fora da área.

A valorização de Thern calhou para o Napoli, que começava a ver sua má situação financeira se intensificar. Por isso, quando a Roma apresentou uma proposta para contar com o volante e o atacante Daniel Fonseca, Ferlaino não titubeou em aceitar. No primeiro ano na Cidade Eterna, o sueco teve alguns problemas físicos e foi um mero reserva do time de Carlo Mazzone, que foi 5º colocado na Serie A e se classificou à Copa Uefa.

Jonas Thern ganhou mais espaço em 1995-96, temporada em que a Roma novamente ficou com uma vaga na competição europeia. O sueco não chegou a ser absoluto com Mazzone, mas participou com maior frequência da rotação de peças do elenco giallorosso. Até marcou o primeiro dos três gols pelo time romano, que aconteceu justamente no San Paolo, numa fortíssima finalização de longa distância contra o Napoli.

O terceiro e último ano do volante em Roma foi bom do ponto de vista individual, em contraste com a temporada altamente negativa que a equipe teve sob o comando do argentino Carlos Bianchi. Os capitolinos brigaram contra o rebaixamento e só foram salvos depois que Liedholm deu um jeito no time, a partir da 27ª rodada. Thern atuou em 25 das 34 rodadas da Serie A, sempre como titular, e só não fez três jogos completos – em dois, foi substituído no intervalo, e no outro saiu lesionado.

Thern defendeu a Loba por três temporadas (EMPICS/Getty)

Sua performance não foi suficiente para que Zdenek Zeman, treinador acertado com a Roma para a temporada seguinte, intercedesse para que seu contrato fosse renovado. Com isso, o volante assinou com o Glasgow Rangers. O volante ficou apenas dois anos na Escócia, mas se tornou um dos jogadores preferidos da torcida. Jogou várias vezes até mesmo como zagueiro e ficou conhecido por marcar um golaço com um petardo num clássico contra o Celtic.

As lesões sofridas em Roma e Glasgow abreviaram a carreira de Thern, que resolveu se aposentar pouco depois de completar 32 anos. O ex-meia teve um curto trabalho como técnico no início dos anos 2000 e até promoveu o Värnamo, clube em que fez as categorias de base, da quarta para a terceira divisão sueca. Thern também dirigiu o Halmstads, na elite, e se dedicou a outras funções ligadas ao futebol: foi professor, comentarista, observador da seleção sueca e auxiliar do Landskrona. Hoje, é um entusiasta do filho Simon, meio-campista do Norrköping que já foi convocado para a seleção da Suécia.

Jonas Magnus Thern
Nascimento: 20 de março de 1967, em Falköping, Suécia
Posição: meio-campista
Clubes: Malmö (1985-87 e 1988-89), Zürich (1987), Benfica (1989-92), Napoli (1992-94), Roma (1994-97) e Glasgow Rangers (1997-99)
Títulos conquistados: Allsvenskan (1985, 1986, 1987, 1988 e 1989), Copa da Suécia (1986 e 1988), Supercopa Portuguesa (1989), Primeira Liga (1991) e Premier League Escocesa (1999)
Carreira como técnico: Värnamo (2000-01 e 2010) e Halmstads (2002-03)
Seleção sueca: 75 jogos e seis gols

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