Liga Europa

Semana tenebrosa para a Itália termina com duas derrotas e eliminação europeia do Milan

Sal grosso, banho de folhas ou banho de pipoca. Se você, fã do futebol italiano, for supersticioso, esta é uma semana apropriada para fazer qualquer uma dessas mandingas para afastar o mau-olhado e as negatividades. Afinal, os seis times do país empenhados nas competições europeias colecionaram cinco derrotas e um empate, além de três eliminações. Inter e Napoli caíram na Liga dos Campeões, mas ainda disputarão a Europa League, enquanto o Milan está fora de qualquer torneio continental. A Lazio também perdeu hoje, mas já estava classificada e segue viva.

O Milan viajou até a Grécia com vantagem de três pontos sobre o Olympiacos, com quem ainda disputava a segunda vaga do Grupo F – o Betis, que enfrentava o pobre Dudelange, já estava classificado aos 16 avos de final. Por causa da vitória por 3 a 1 sobre os alvirrubros, em San Siro, apenas três combinações eliminariam o Diavolo: a vaga só escaparia se os gregos vencessem  por qualquer placar com três gols de diferença ou por 2 a 0 ou 3 a 1. Foi exatamente o último resultado que fez o time de Gattuso tombar – e, quem sabe, o próprio técnico, que está mais pressionado do que nunca.

O primeiro tempo em Piraeus foi relativamente tranquilo para o Milan, já que apenas erros técnicos de Reina geraram alguma emoção. Parecia que os rossoneri manteriam sua invencibilidade contra o Olympiacos (em três jogos, somava duas vitórias e um empate), mesmo que não fosse possível triunfar pela primeira vez como hóspede de um adversário do país – em seis jogos, ainda não venceu. Dessa forma, o time de Milão continuava a ter boas memórias da Grécia, por conta das vitórias nas finais da Recopa de 1973 e da Liga dos Campeões de 1994 e 2007. No entanto, toda essa história foi esquecida durante os 45 minutos que sucederam o intervalo.

O Olympiacos do técnico Pedro Martins elevou o ritmo e começou a ameaçar o Milan logo na volta do intervalo, quando Fortounis e Fetfatzidis passaram a semear o pânico na defesa italiana. Reina reagiu bem a uma boa cobrança de falta do primeiro, enquanto o segundo finalizou com muito perigo. Kessié respondeu com um forte chute para fora e, dez minutos depois, o time da casa abriu o placar. Numa confusa jogada, após um corner, Cissé aproveitou a sobra e cabeceou para as redes.

A partir daí, a peleja virou um verdadeiro fogo cruzado, com chances cristalinas para os dois lados. Num arco de cinco minutos, o Milan tirou tinta da trave com chutes colocados de Cutrone e Higuaín, e o Olympiacos ficou próximo de ampliar, numa bela jogada de Fortounis – após a defesa parcial de Reina, Zapata ainda fez um corte providencial.

O próprio defensor colombiano se tornaria protagonista de dois gols, aos 70 e aos 72 minutos. Primeiro, levou muito azar: o brasileiro Guilherme, ex-Corinthians e Udinese, arriscou de fora da área e a bola ricocheteou em Zapata, encobrindo Reina. Na sequência, o zagueiro foi ao ataque e marcou outro gol insólito, meio sem querer. Em cobrança de escanteio, Cristián subiu no meio da defesa grega e errou a cabeçada, mas contou com a sorte ao ver a bola tocar em seu joelho e seu ombro para passar por entre as pernas do goleiro José Sá e cruzar a linha. O fantasma da eliminação prematura, que rondou o time no momento do 2 a 0, rapidamente havia sido escanteado.

Pênalti de Abate nos minutos finais decretou a eliminação rossonera (LaPresse)

O tal fantasma, porém, não foi defenestrado, expurgado. O Olympiacos contava com o apoio de sua fanática torcida e foi para cima para buscar mais um gol. O tento surgiu aos 81 minutos, depois que Abate de um abraço de urso em Torosidis, numa cobrança de escanteio, e foi flagrado pelo árbitro Benoît Bastien. O pênalti, bem batido por Fortounis, praticamente encerrou o jogo, já que depois disso os jogadores gregos só catimbaram e choveram bolas extras no gramado, atiradas por gandulas e torcedores. Com o apito final e a vaga assegurada, foi a vez de o campo do Karaiskakis ser invadido pelos ultras, que celebraram o enorme feito dos thrylos.

No final das contas, o Milan não perdeu a vaga por causa da queda contra o bom time do Olympiacos e nem mesmo porque foi derrotado em San Siro pelo Betis. Mesmo com tais resultados (plausíveis para uma equipe que ainda busca reencontrar sua grandeza), era possível ter avançado. O Diavolo ficou com 10 pontos, assim como a formação grega, e não avançou aos 16 avos de final por conta do saldo de gols – quinto critério de desempate. O gigante deixou a vaga escapar por um problema estrutural, que Gattuso não parece capaz de resolver. Nesta temporada, os rossoneri só não foram vazados em dois jogos: na última rodada da Serie A, contra o Torino, e na estreia da Liga Europa, contra o Dudelange.

A bem da verdade, os duelos contra o modesto time de Luxemburgo foram o fiel da balança no Grupo F e os resultados obtidos por Milan e Olympiacos deixam isso absolutamente claro. Enquanto os italianos venceram por 1 a 0 e 5 a 2, os gregos triunfaram por 2 a 0 e 5 a 1. A diferença no saldo é exatamente de dois gols a favor do clube de Piraeus – os mesmos dois tentos de vantagem que lhe assegurou a passagem à próxima etapa. Um ataque mais produtivo ou uma defesa impecável contra o pior time da competição teriam bastado aos rossoneri. Se serve de consolo aos milanistas, o foco total na Serie A pode ajudar o time a ter mais condições físicas de conquistar uma das quatro primeiras posições do campeonato e retornar à Liga dos Campeões.

Para cumprir tabela, mas nem tanto

Já com sua vida definida no Grupo H, pois garantira a classificação há duas rodadas e não podia mais almejar a primeira posição, a Lazio sofreu sua terceira derrota em casa em 2018-19 – a primeira na Liga Europa. A vitória por 2 a 1 do Eintracht Frankfurt fez os alemães fecharem a chave com 100% de aproveitamento e o dobro de pontos dos romanos, que perderam três dos seis compromissos e avançaram ao mata-mata com saldo de gols negativo. Resultado à parte, o que tem preocupado mesmo o torcedor celeste é a brusca queda de rendimento do time, que não vence desde o dia 8 de novembro – no mês passado, bateu apenas Spal e Marseille.

Nem mesmo a goleada sofrida no jogo na Alemanha pareceu ter motivado os laziali a irem à forra. Simone Inzaghi escolheu uma formação bastante modificada e apenas Acerbi foi mantido em relação ao último jogo. Depois dos 4 a 1 em Frankfurt, a Lazio novamente foi superada tecnicamente pelo Eintracht, atual quinto colocado na Bundesliga e campeão da DFB-Pokal. Dessa forma, levou a virada e, pela primeira vez, foi derrotada em Roma por uma equipe alemã.

Depois de um primeiro tempo equilibrado e com boas oportunidades para ambos os lados, com os anfitriões levando um pouco mais de perigo, os biancocelesti saíram na frente do placar pouco depois do intervalo. Escalados como dupla de ataque pela primeira vez, Luis Alberto e Correa protagonizaram uma trama que envolveu a defesa. O argentino recebeu do espanhol e marcou seu quarto gol na temporada, o terceiro em um mês.

A vantagem, no entanto, durou pouco e Gacinovic empatou menos de dez minutos depois, com um petardo que foi no ângulo do goleiro Proto. A virada veio em um tempo ainda mais curto, em lance que deixou os donos da casa na bronca pela irregularidade do lance e com saudade do árbitro de vídeo, presente somente na Serie A. Entre um toque no braço e um impedimento, Gacinovic novamente apareceu e deixou Haller na cara do gol para marcar o gol da vitória dos visitantes.

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