Mesmo no ápice de sua crise, o futebol italiano raras vezes teve semanas com resultados tão negativos na Liga dos Campeões. A última rodada da fase de grupos da UCL começou com as eliminações de Inter e Napoli e terminou com derrotas de Roma e Juventus. No entanto, como a dupla já estava classificada para as oitavas de final, não houve prejuízo na competição. Em termos de desempenho, porém, romanos e piemonteses deixaram a desejar nas vergonhosas derrotas para Viktoria Plzen e Young Boys, em noite de nevasca em Pilsen e Berna.
Em uma curta viagem para o norte, a Juventus sofreu sua segunda e inesperada derrota na fase de grupos. O tropeço diante do Young Boys, por 2 a 1, significou o final de uma série de 26 jogos de invencibilidade fora de casa para a Velha Senhora e representou o primeiro triunfo dos aurinegros, que estrearam na competição nesta temporada. De qualquer forma, a liderança dos bianconeri foi mantida, graças à derrota do Manchester United, que também jogou longe da sua torcida e caiu para o Valencia, pelo mesmo placar.
Massimiliano Allegri mandou a campo uma formação bastante ofensiva, com cinco atacantes, e se pensou que teria vida fácil na Suíça, se enganou totalmente. Embora tenha dominado as ações do jogo, a Juventus teve poucas oportunidades claras de gol no primeiro tempo e ainda foi para o vestiário em desvantagem. Alex Sandro, que acabara de substituir o lesionado Cuadrado, fez pênalti bobo e Hoarau converteu, abrindo o placar.
Na etapa final, o francês se consolidou como o craque da noite: marcou sua doppietta com um chute de fora da área, fatal para Szczesny. Desde 2014 no clube, o ex-centroavante do Paris Saint-Germain se encontrou na Suíça e tem carregado o Young Boys nas costas. A bem da verdade, a retranca do treinador Gerardo Seoane também foi decisiva para segurar a pressão visitante e manter suas redes intactas por mais de 80 minutos.
O belo gol de Dybala, depois de jogada de Douglas Costas e Cristiano Ronaldo, deu alguma esperança para os bianconeri, mas se provou insuficiente para evitar a derrota – resultado que não deixou o clima leve o suficiente para celebrar o tento de número 5000 na história da Vecchia Signora. Depois do histórico gol de La Joya, CR7 acertou a trave, Bonucci parou no veterano goleiro Wölfli e o próprio Dybala teve gol anulado no último lance, por interferência do craque português, que estava impedido.
Também fora de casa, a Roma provou que o regime de concentração após o fracasso na Sardenha na última rodada da Serie A de pouco adiantou tática ou psicologicamente. Os dois aspectos, que representam os principais problemas do grupo giallorosso, continuam presentes na derrota por 2 a 1 para o Viktoria Plzen. Apesar de ter dominado a posse de bola e ocupado o campo adversário na maior parte do jogo, o time de Eusebio Di Francesco teve raras oportunidades de gol e continuou com o sistema defensivo bastante exposto.
Além do mais, a Roma sofreu sua terceira derrota na fase de grupos, feito que tinha acontecido com um classificado pela última vez na Liga dos Campeões três temporadas atrás, com o Arsenal. O tropeço também trouxe outro recorde negativo para o clube: o time sofreu gols fora de casa pela 30ª partida seguida. Este retrospecto negativo é uma construção coletiva de Di Francesco, Luciano Spalletti, Rudi Garcia, Vincenzo Montella e Claudio Ranieri.
Depois de um primeiro fraco em técnica e emoções, pouco a pouco o Viktoria Plzen começou a ganhar confiança e cresceu com contra-ataques perigosos. Inclusive, terminou a partida com mais chances de gols do que a Roma. Em uma intervalo de dez minutos, a partida teve seus três tentos realizados. A contagem começou aos 62, quando Kopic foi lançado em profundidade na ponta direita e cruzou na segunda trave para Kovarík marcar.
O empate giallorosso surgiu seis minutos depois, quando uma virada de jogo de Nzonzi foi mal afastada. A bola sobrou para Santon dominar em ótimas condições. Livre de marcação, o lateral encontrou Ünder na entrada da área: sem cerimônias, o turco chutou de primeira para deixar tudo igual no placar. A curiosidade é que esta foi a primeira assistência de Santon em dois anos: na anterior, ainda jogava na Inter.
Aos 72, contudo, logo os anfitriões voltaram à frente no placar. Em mais uma escapada pela direita, dessa vez com Hrosovsky, Kovarík novamente recebeu livre na segunda trave, mas dessa vez parou em Mirante. O problema é que o goleiro deu rebote para o grandalhão Chory completar, premiando seu dominante desempenho contra a defesa visitante. O placar poderia ter sido ainda mais elástico para os checos, já que os veteranos Petrzela e Hubník também tiveram chance de ampliar.
Para completar a noite tenebrosa da Loba, o jovem Luca Pellegrini, que substituiu Nzonzi aos 80, ainda foi expulso por duas faltas estúpidas em dois minutos. A última delas por ter dividido com o braço alto contra o lateral Havel, que usava proteção no rosto. A torcida italiana que viajou à Chéquia ainda exibiu faixa de protesto contra o presidente James Pallotta. Os explosivos já estão prontos para serem detonados em Roma. Só falta riscar o fósforo.