Ontem, a Juventus ficou satisfeita com um empate com o Ajax, na Holanda. Nesta quarta, a palavra que define a sensação dos jogadores e da torcida do Napoli é outra: alívio. Os azzurri perderam por 2 a 0 para o Arsenal e agora se veem numa situação muito complicada na Liga Europa. Um panorama que poderia ser ainda pior, já que os Gunners fizeram um jogo muito consistente e tiveram chances de vencer por um placar muito mais elástico. Avançar às semifinais será muito difícil para os partenopei, mas não é uma missão impossível.
Nem sempre estatísticas relacionadas a retrospecto histórico são significativas para a análise de uma partida. Dessa vez, elas foram. Em partidas como mandante, o Arsenal registra resultados muito positivos contra equipes italianas: com a vitória desta quarta, são 11 em 17 duelos. Ademais, os londrinos venceram sete dos oito últimos jogos contra times da Bota, tendo empatado o outro. Por outro lado, o Napoli nunca venceu um time da Premier League como visitante, e perdeu a sexta partida em oito viagens. As maneiras como Gunners e partenopei abordaram a partida emularam esta discrepância nos números.
Desde Arsène Wenger, o Arsenal é reconhecido por seu futebol ofensivo e intenso. Com Unai Emery, esses preceitos continuam e, nesta temporada, estão fazendo o time colher resultados. Já o Napoli, que há meses empurra seus jogos com a barriga para se concentrar para a fase final da Europa League, simplesmente não conseguiu jogar.
O time de Carlo Ancelotti foi sufocado pela eficaz marcação pressão londrina e sucumbiu na etapa inicial. Os Gunners fizeram 2 a 0 nos primeiros 25 minutos e poderiam ter goleado antes do intervalo. Os partenopei acumularam exibições negativas no último ano, mas não tiveram um nível tão baixo de produção desde a derrota por 3 a 0 ante a Fiorentina, na temporada passada, que sacramentou o heptacampeonato da Juve.
Nessa quarta, tudo ficou mais fácil para os mandantes por causa dos erros coletivos e individuais dos azzurri. Aos 15 minutos, Mário Rui errou um passe longo e deu a posse de bola de graça para o Arsenal, num momento em que a defesa azzurra não estava arrumada. O lateral demorou para recompor, Allan também não foi bem na marcação e Koulibaly teve de deixar seu posicionamento para tentar evitar o pior. Essa foi a tentativa napolitana para, em vão, evitar que Özil e Maitland-Niles envolvesse a equipe numa troca de passes e encontrasse Ramsey, futuro jogador da Juve: de cara para o gol, o galês abriu o placar.
Dez minutos se passaram e o Napoli não se encontrava no jogo. O Arsenal marcava no campo ofensivo e rapidamente cortava qualquer jogada azzurra ainda em seu nascedouro. Numa dessas pressões, Ruiz cedeu. O meia espanhol demorou demais com a bola nos pés e foi driblar onde não devia, já que era um dos últimos homens do time italiano. Torreira foi esperto, roubou-lhe a bola e ainda o cortou antes de finalizar. A pelota tocou no joelho de Koulibaly e enganou Meret – a Uefa atribuiu gol contra ao senegalês.
Em desvantagem, o Napoli continuou nas cordas durante quase todo o restante da partida – cerca de 65 minutos. Os azzurri tiveram, porém, duas chances claríssimas, que mostram que ainda haverá jogo duro na volta. No primeiro tempo, Mertens teve liberdade pelo lado esquerdo da zaga inglesa e cruzou rasteiro para Insigne, que, sozinho, conseguiu mandar quase fora do estádio. Lorenzinho esteve muito tímido na partida, mas nos derradeiros momentos da etapa final deixou Zielinski cara a cara com Cech, numa belíssima inversão de bola. O polonês, porém, tentou um carrinho de perna direita, quando a bola parecia mais afeita à canhota: também isolou.
Óbvio que, entre essas chances do Napoli, o Arsenal amassou a equipe italiana. No retorno para o segundo tempo, Maksimovic e Koulibaly continuaram tentando se desdobrar para evitar o pior, enquanto o resto do time não correspondia. Como apenas dois jogadores não conseguiam conter as rápidas trocas de passe do Arsenal, Meret teve de trabalhar. E o fez brilhantemente diante de Ramsey, Aubameyang e Maitland-Niles. Os Gunners ainda desperdiçaram oportunidades com Auba e o meia galês, que erraram arremates de ótimas posições.
No fim das contas, o Arsenal saiu de campo com uma boa vantagem, mas com o gosto de que já poderiam ter matado o confronto. O Napoli, por outro lado, mostrou o futebol apático que vem apresentando na Serie A – mas na hora e na competição erradas. Assim como nos últimos anos, a equipe vem sentindo o desgaste na reta final da temporada e parece desmotivada. A três jogos de uma possível final europeia – que o clube não disputa há 30 anos –, será necessário virar a chave e dar a vida no San Paolo.
Arsenal 2-0 Napoli
Ramsey (Maitland-Niles), Koulibaly (contra)
Arsenal: Cech; Papastathopoulos, Koscielny, Monreal; Maitland-Niles, Torreira (Elneny), Ramsey, Kolasinac; Özil (Mkhitaryan); Aubameyang, Lacazette (Iwobi). Treinador: Unai Emery.
Napoli: Meret; Hysaj, Maksimovic, Koulibaly, Mário Rui; Callejón, Allan, Ruiz (Ounas), Zielinski; Mertens (Milik), Insigne (Younes). Treinador: Carlo Ancelotti.
Árbitro: Alberto Undiano Mallenco (Espanha)
Local: Emirates Stadium, em Londres, Inglaterra