Nesta terça, os times italianos jogavam em casa pela Liga dos Campeões e poderiam decidir o seu destino na competição. A Juventus, já classificada, recebia o Atlético de Madrid na expectativa de conseguir a primeira posição no Grupo D, enquanto a Atalanta precisava bater o Dinamo Zagreb para seguir sonhando com a vaga no Grupo C. As duas coisas aconteceram.
Precisando apenas de um empate para garantir o primeiro lugar da chave, a Juventus foi a campo no 4-3-1-2 que vem sendo recorrente no trabalho de Sarri e contou com o retorno de Cristiano Ronaldo à equipe titular. O jogo começou dentro do esperado, com a Juve controlando a posse de bola, buscando trabalhar suas progressões pelo centro do campo, tendo sempre Pjanic como principal articulador e contando com um Dybala bastante ativo em apoios. Simeone utilizou um 4-4-2 em linha e orientou seus meias abertos a perseguirem os volantes do time da casa. Dessa forma, Saúl ficou com Matuidi, Koke com Bentancur e Vitolo era o responsável por tirar o conforto de Pjanic na saída de bola.
Logo aos 8 minutos, a Vecchia Signora teve sua primeira boa oportunidade, em jogada que começou com Danilo criando por dentro e Bentancur fazendo a ultrapassagem pelo corredor. O lance terminou com Dybala recebendo, girando o corpo e finalizando para boa defesa de Oblak. Nos minutos seguintes essa foi a tônica do jogo da Juventus: somar ações pelo lado direito, colocando peças como Danilo, Bentancur, Ramsey, Dybala e Ronaldo pelo setor para atrair a marcação rival e, posteriormente, ativar Matuidi no flanco contrário. Contudo, o Atleti é muito coordenado na hora de flutuar suas linhas defensivas e, dessa maneira, conseguiu evitar que as finalizações fossem criadas.
Como a Juventus monopolizou a posse de bola – ficou com ela por 71% do tempo na primeira etapa –, o Atlético baixou suas linhas, fechou bem os espaços e esperou por oportunidades para contra-atacar. A ideia do time madrilenho era utilizar Saúl e Koke para atrair a atenção por dentro e abrir espaço para o apoio de Trippier e Renan Lodi, seus laterais. Enquanto conceito, o plano até fazia sentido, pelo modo como a Juve se defende. Na prática, a estratégia surtiu pouco efeito e poucas chances reais de gols foram criadas.
As duas equipes tiveram dificuldades para executarem suas propostas ofensivas e souberam ocupar bem os espaços, o que fez com que o primeiro tempo fosse muito truncado, com apenas três finalizações a gol. Quando o jogo se encaminhava para o intervalo, Bentancur trocou passes com Ramsey pela direita, foi derrubado por Hermoso e a bola parada apareceu para abrir o caminho para a Juventus. Dybala e Ronaldo foram para a bola como sempre, mas como a falta aconteceu pelo lado direito e existia pouco ângulo para a cobrança direta – sobretudo com a perna direita –, o argentino ficou com a bola. Dybala bateu direto para o gol, surpreendeu Oblak e marcou um golaço.
As duas equipes voltaram para o segundo tempo sem mudanças de peças. Contudo, a postura dos visitantes foi outra. Precisando somar pontos para garantir sua classificação para as oitavas, o time de Simeone buscou disputar a posse de bola com a Juventus, num duelo bastante intenso nos primeiros 10 minutos da segunda parte. Pouco a pouco a Velha Senhora foi recuando suas linhas, aceitou uma postura mais defensiva e passou a defender sua área com muita cautela. Por sua vez, o Atlético lançou as armas que tinha em seu banco de reservas, trocando Vitolo por João Félix e Herrera por Correa.
O Atleti pressionou, agrediu, buscou muito a ligação direta com Morata, acumulou 14 cruzamentos laterais na segunda etapa, mas acabou sucumbindo diante da boa marcação da Juventus. A única chance de real perigo dos visitantes aconteceu já nos momentos finais da partida, em cruzamento rasteiro que veio do lado direito, que Morata não conseguiu concluir para o gol.
Vitória da Juventus, que mesmo sem fazer uma boa partida, soube sofrer e garantiu seu primeiro lugar no grupo. Pela primeira vez desde 2005-06 a Velha Senhora conseguiu vencer nos três jogos caseiros da fase inicial da Champions League. Na última rodada, a Juve visita o Bayer Leverkusen, que ainda pode tomar a segunda posição do Atlético no Grupo D. Precisa bater a equipe italiana e torcer para que os colchoneros não vençam o eliminado Lokomotiv Moscou, na Espanha.
Tão difícil quanto a situação do Leverkusen é a condição da Atalanta – embora haja luz no fim do túnel para os bergamascos. Mesmo tendo entrado na rodada com apenas 1 ponto conquistado em quatro rodadas do Grupo C, a Dea recebeu o Dinamo Zagreb no San Siro com chances de classificação para as oitavas de final. O time de Bérgamo precisava antes de tudo vencer a partida, para depois contar com a ajuda do Manchester City contra o Shakhtar Donetsk. As duas coisas aconteceram e a equipe italiana continua sonhando com a segunda vaga da chave.
Visando equilibrar o duelo no meio-campo, Gasperini optou por começar o jogo com Pasalic jogando às costas de Papu Gómez e Muriel, deixando Ilicic e Malinovskyi como opção para a etapa complementar. A partida começou bastante truncada, com os visitantes buscando estabelecer jogo direto com seu centroavante e a Dea tentando construir suas jogadas a partir de uma zona mais recuada, como de costume, mas esbarrando no bom trabalho defensivo rival.
Pouco a pouco a Atalanta foi conseguindo circular a bola de um lado a outro, adiantou seus zagueiros pelas bordas do campo – Palomino pela esquerda e Rafael Toloi pelo direito –, recuou Gómez para atuar quase como regista da equipe e avançou Pasalic para o espaço deixado pelo argentino. Ali, o croata jogaria próximo a Muriel e buscaria infiltrações.
Com a crescente da Atalanta na partida, as chances de gol começaram a aparecer. A primeira delas veio aos 25 minutos, quando Toloi achou bom cruzamento pelo lado direito e Gosens completou num lindo bate-pronto, mandando a bola no travessão defendido por Livakovic. Na sequência do lance, Muriel foi derrubado dentro da área e o árbitro Sergei Karasev marcou pênalti. O próprio atacante colombiano pegou a bola e bateu com enorme categoria, deslocando o goleiro e marcando o 1 a 0.
Depois do primeiro gol, o jogo ficou ainda melhor encaixado para a Dea, já que os visitantes saíam com mais jogadores para o campo ofensivo e ofereciam espaço para a transição da equipe treinada por Gasperini. Cinco minutos depois do tento de Muriel, Gosens cruzou, Livakovic se adiantou aos atacantes, mas a bola sobrou nos pés de Hateboer, que completou para o gol, mas viu a defesa afastar em cima da linha.
Na volta para a segunda etapa, antes mesmo que o Dinamo Zagreb pudesse trabalhar os ajustes propostos por seu treinador no intervalo, Gómez recebeu a bola pelo lado direito, passou por dois marcadores – com direito a caneta – e finalizou cruzado, para marcar um lindo gol e aumentar a vantagem. Confortável no jogo, a Atalanta fez o tempo passar, trocou passes e permitiu aos croatas pouco além da ligação direta.
Com a vitória, a equipe italiana viu suas chances de classificação aumentarem consideravelmente. A Atalanta precisa vencer o Shakhtar o jogando na Ucrânia e torcer para que o Manchester City não perca para o Dinamo Zagreb. De todo modo, vencendo sua partida, a Dea garante ao menos um lugar na Liga Europa. Em Kharkiv, a Dea fará um dos jogos mais importantes de sua história.