Liga dos Campeões

Noite histórica: Atalanta se junta a Juventus e Napoli e jogará as oitavas da Champions League

O dia 11 de dezembro de 2019 ficará para sempre na história da Atalanta. O clube de Bérgamo conseguiu reverter uma situação muito adversa, bateu o Shakhtar Donetsk por 3 a 0 na Ucrânia e conseguiu uma vaga bastante improvável nas oitavas de final da Champions League. Em sua primeira participação no torneio continental, a Dea se junta ao Napoli, que venceu ontem, e à Juventus, que bateu o Leverkusen por 2 a 0 nesta quarta: os três times representarão a Itália no mata-mata europeu.

Em Carcóvia, a Atalanta entrou em campo diante do Shakhtar precisando vencer para avançar para as oitavas de final da Liga dos Campeões. Para buscar o resultado que lhe permitiria a classificação, Gasperini optou por meias bastante físicos e por Castagne na ala direita – ali, teria menos potência do que com Hateboer, mas ganharia nos cruzamentos laterais. Os mandantes jogaram no 4-1-4-1 característico de todo o trabalho de Luís Castro, sempre contando com o brasileiro Taison como dono dos principais argumentos criativos e atacando os espaços deixados entre os alas e os zagueiros da Atalanta.

O jogo começou dentro do cenário esperado, com o Shakhtar ficando mais com a bola e a Dea subindo muitos metros para pressionar em campo contrário. Logo nos primeiros minutos a ideia de jogo de Gasperini quase foi recompensada: Ismaily errou na hora de recuar para o goleiro, Gómez conseguiu a recuperação e a bola chegou para Pasalic, que se atrapalhou na hora do domínio e perdeu uma oportunidade de ouro de marcar. Nos minutos seguintes, o cenário permaneceu o mesmo.

Depois de 20 da primeira etapa, passamos a ver um Shakhtar mais confortável, fugindo bem da pressão rival, somando ações nas costas da dupla de volantes da Atalanta e criando situações de perigo. Na principal delas, Kovalenko apareceu livre na entrada da área e finalizou sem chances para Gollini. Contudo, Tetê estava em posição irregular na origem do lance e o VAR anulou o gol.

Toda a primeira parte ficou muito marcada por duas equipes que sabiam o que buscavam dentro do campo e que têm bons mecanismos para executar seus conceitos, mas que erravam em detalhes. Pelo lado da Atalanta, o grande problema a boa marcação de Gómez, feita por Stepanenko. Sem liberdade para Papu, a equipe não conseguia ativar os alas em posição de vantagem, visto que os pontas rivais pressionaram muito bem os zagueiros da equipe italiana. Por sua vez, o Shakhtar até superava a pressão da Dea em muitos lances, mas jamais conseguiu conectar uma progressão efetiva. O time ucraniano tinha dificuldade para circular a bola em campo ofensivo e criar chances de real perigo.

Celebração final: Gosens comemora o gol que encerrou a vitória da Atalanta sobre o Shakhtar (AFP/Getty)

O cenário foi o mesmo nos primeiros 15 minutos da segunda etapa, até o momento em que Gasperini teve a coragem necessária para fazer uma troca arriscada e buscar a vitória. O treinador trocou Masiello por Malinovskyi, abrindo mão de um dos seus zagueiros e aumentando a intensidade da pressão alta. Com Malinovskyi, Pasalic, Castagne, Gosens e De Roon pressionando em campo contrário ao mesmo tempo, toda a qualidade na saída de bola da equipe ucraniana ruiu e a partida passou a ser da Atalanta, que seis minutos depois da alteração, chegou ao seu gol.

Numa jogada bem característica dessa equipe, Gómez se associou com Gosens pelo lado esquerdo. O ala encontrou Muriel na entrada da área e o colombiano teve tranquilidade para, num toque de primeira, ativar Papu na pequena área. O argentino teve tempo de dominar a bola e achar Castagne livre para empurrar para o fundo da rede. O VAR checou um possível impedimento do camisa 10 no lance, mas o gol foi confirmado.

Depois do gol marcado pela Dea, os mandantes jamais conseguiram recuperar sua confiança dentro da partida e toda sua busca pelo gol de empate se deu através de transições rápidas, jogadas individuais e cruzamentos para o centroavante Júnior Moraes, que já havia incomodado Gollini no primeiro tempo. Gasperini, por sua vez, recompôs seu sistema defensivo, sacando Muriel – que deveria ter sido expulso por acúmulo cartões amarelos – para a entrada de Ibañez. Com a estabilidade recuperada, a Atalanta soube trabalhar sua construção ofensiva, superou com tranquilidade a pressão rival e teve espaço para contra-atacar.

Quando faltavam 10 minutos por jogar na Metalist Arena, Castagne sofreu falta pelo lado direito, quase na linha de fundo. Malinovskyi cobrou em direção ao gol, a meia altura, e Pasalic foi mais esperto que o sistema defensivo rival para se antecipar e completar para as redes. Com a vaga encaminhada, já que o Manchester City vencia o Dinamo Zagreb, os minutos finais foram tranquilos para a Atalanta, que viu o Shakhtar se lançar de qualquer modo para o ataque. A Dea teve ainda mais espaço para transitar e, nos acréscimos, contando com uma sequência de pixotadas da zaga ucraniana, Gosens fechou a conta.

A classificação histórica para as oitavas de final renderá um merecido reconhecimento para tudo o que Gasperini tem feito no comando dos nerazzurri. De uma equipe de meio de tabela, a Atalanta se transformou em uma das formações mais confiáveis da Itália e agora vai atrás de feitos ainda maiores.

Na Alemanha, Juve manteve invencibilidade

Ronaldo marcou o primeiro gol da vitória da Juventus sobre o Leverkusen (Getty)

Na BayArena, Leverkusen e Juventus fizeram um jogo morno – para dizer o mínimo. A partida só valia alguma coisa para os alemães, uma vez que a Velha Senhora já havia garantido a primeira posição no grupo. A equipe rubro-negra, contudo, rapidamente viu seus objetivos de classificação se esvanecerem.

A vaga nas oitavas só ficaria com o Leverkusen em caso de vitória sobre a Juve e tropeço do Atlético de Madrid contra o Lokomotiv Moscou. Como os colchoneros inauguraram o placar ainda aos 17 do primeiro tempo no Wanda Metropolitano, o jogo na Alemanha caiu vertiginosamente de ritmo depois que os aspirinas ficaram sabendo do resultado no outro confronto do Grupo D.

Na etapa inicial, fora um petardo de Diaby que explodiu na trave de Buffon, pouca coisa aconteceu. Após o intervalo, idem. O estado de torpor só foi interrompido depois que Dybala substituiu Bernardeschi e deu maior movimentação ao ataque da Juventus. La Joya, inclusive, cedeu assistências para os dois gols da vitória por 2 a 0.

No primeiro, o argentino recebeu na ponta esquerda após uma tabela na intermediária e só cruzou para Ronaldo empurrar para a meta escancarada. O segundo, já nos acréscimos, aconteceu após uma bola longa e uma troca de passes com Higuaín, que bateu firme e venceu Hrádecky. Com o triunfo, mesmo sem jogar bem, a Juventus atingiu a incrível marca de 16 pontos em 18 possíveis, como o Paris Saint-Germain. Só o Bayern de Munique, que teve 100% de aproveitamento, teve uma fase de grupos superior à realizada pelas duas equipes.

O sorteio dos confrontos das oitavas de final acontece na manhã de segunda-feira. Os times não podem enfrentar adversários provenientes do mesmo país ou do mesmo grupo. Sendo assim, a Atalanta pode encarar PSG, Bayern de Munique, Liverpool, Barcelona, Leipzig ou Valencia, ao passo em que o Napoli terá basicamente os mesmos adversários em potencial que a Atalanta – trocando o Liverpool pelo Manchester City na lista supracitada. Já a Juventus tem Real Madrid, Tottenham, Dortmund, Lyon e Chelsea como adversários em potencial.

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