A Serie A voltou às atividades com situações bastante habituais. De um lado, a Juventus vence com o mínimo esforço; do outro, suas adversárias dão um jeito de complicar suas próprias trajetórias e abrem caminho para o título bianconero. Na 27ª rodada, a Velha Senhora jogou para o gasto contra o Bologna, mas conquistou os três pontos e ampliou sua vantagem na ponta da tabela porque Lazio e Inter deixaram pontos no caminho ante Atalanta e Sassuolo, respectivamente. Na jornada, também tivemos triunfos importantes de Roma, Napoli, Parma e Milan. Confira a análise das partidas da semana.
Bologna 0-2 Juventus
Gols e assistências: Ronaldo (pênalti) e Dybala (Bernardeschi)
Tops: Bernardeschi e Dybala (Juventus)
Flops: Denswil e Orsolini (Bologna)
Após dois jogos incolores neste mês de junho, a Juventus novamente não empolgou, mas voltou a marcar gols e conseguiu o necessário contra um histórico freguês, que bateu em 13 das 14 últimas vezes que encontrou. O triunfo sobre o Bologna mantém a equipe de Turim na liderança da Serie A, com 66 pontos, mas agora com quatro a mais que a Lazio. Os bolonheses continuam no meio da tabela, com 34.
Nesta segunda, a Velha Senhora teve uma postura mais assertiva do que nos compromissos da Coppa Italia e correu poucos riscos frente a um adversário agressivo, mas incapaz de incomodar a defesa bianconera. A partida, porém, acabou decidida em episódios: o pênalti de Denswil em De Ligt e a frouxa marcação do holandês no lance que possibilitou o golaço de Dybala.
Apesar da genialidade do argentino, a Juve ainda se ressentiu da falta de inspiração de Pjanic no meio-campo e de um Ronaldo pouco conectado: quando recebeu a bola, CR7 até levou perigo em algumas finalizações, mas só marcou mesmo de pênalti. A boa prestação de Bernardeschi também merece ser lembrada. Além da assistência de letra para o segundo gol, o camisa 33 acertou uma bola na trave e se movimentou bastante.
Atalanta 3-2 Lazio
Gols e assistências: Gosens (Hateboer), Malinovskyi (De Roon) e Palomino (Gómez); De Roon (contra), Milinkovic-Savic (Luis Alberto)
Tops: Malinovskyi e Hateboer (Atalanta)
Flops: Parolo e Luis Alberto (Lazio)
Nesta quarta, todos os olhos estavam voltados para Bérgamo, já que Atalanta e Lazio prometiam fazer o duelo mais interessante da jornada. As expectativas foram cumpridas, num jogo que rememorou o encontro das equipes no primeiro turno: naquela ocasião, a Dea abriu 3 a 0 no Olímpico e levou o empate; dessa vez, já perdia por 2 a 0 aos 11 minutos, mas se reorganizou e venceu de virada. Com o resultado, os celestes mantêm a vice-liderança, mas quatro pontos atrás da Juventus, enquanto os nerazzurri se aproximaram da Inter, terceira colocada – 54 contra 58.
A Atalanta começou o jogo com muita imprecisão. Logo aos cinco minutos, uma saída curta e rápida da Lazio pegou a defesa nerazzurra desorganizada e, na tentativa de cortar cruzamento de Lazzari, De Roon fez contra. Aos 11, erros da zaga ao afastar uma bola permitiram que Milinkovic-Savic tivesse espaço para finalizar da entrada da área e marcar um belo gol. A Atalanta não esmoreceu pela desvantagem, colocou a bola no chão e foi criando jogadas em seu estilo sufocante, de troca de passes e domínio do jogo – um trabalho bem realizado por Malinovskyi, Freuler e Gómez.
Melhor postada no jogo, a dona da casa começou a impedir que os visitantes iniciassem jogadas com velocidade. Ao mesmo tempo, se valeu de instrumentos habituais, como a utilização da amplitude, que resultou no cruzamento de Hateboer para o gol de cabeça de Gosens. Após o intervalo, a Dea foi construindo jogo e, pouco a pouco, conseguiu a virada: primeiro, com um míssil de Malinovskyi; depois, graças a um erro de Strakosha, que possibilitou que Palomino marcasse o terceiro. O placar poderia ter sido maior, mas o goleiro albanês estava atento em duas finalizações de Gómez.
Inter 3-3 Sassuolo
Gols e assistências: Lukaku (pênalti), Biraghi (Sánchez) e Borja Valero (Candreva); Caputo (Djuricic), Berardi (pênalti) e Magnani (Haraslín)
Tops: Djuricic e Müldür (Sassuolo)
Flops: Gagliardini e Borja Valero (Inter)
A chegada de Conte colocou a Inter em um patamar mais alto. Sem dúvidas, o treinador deu mais competitividade à equipe e suas ideias foram responsáveis pela atual colocação da equipe neste campeonato. Contra o Sassuolo, porém, o apuliano cometeu uma série de erros e leva a culpa por um tropeço importante, que deixa a Beneamata oito pontos atrás da Juventus. Da escalação à abordagem, passando pelas substituições: tudo o que foi apresentado pelos nerazzurri nesta quarta, sob a tutela do técnico, foi tenebroso.
O Sassuolo não perde em San Siro desde 2014 e logo mostrou porque é uma antiga pedra no sapato da Inter. Aos 4 minutos, após bote errado de Ranocchia, Caputo aproveitou para marcar. Depois do gol, os neroverdi se fecharam e ameaçaram em contra-ataques que sempre deixavam a defesa da casa em afã, mas que não resultavam em finalizações. Com Gagliardini e Borja Valero no meio-campo, além de Moses e Biraghi nas alas, a Beneamata produzia muito pouco, errava muito e era um autêntico deserto de ideias – em claro retrocesso ao apresentado contra Napoli e Sampdoria. Mesmo assim, em dois lances absolutamente fortuitos, a virada veio antes do intervalo, com Lukaku e Biraghi.
No segundo tempo, a Inter parecia ter o jogo controlado. Conte fez alterações, mas manteve os improdutivos Borja Valero e Gagliardini em campo. O espanhol até justificou a presença ao empurrar cruzamento de Candreva para as redes e marcar o gol do 3 a 2, cinco minutos após Berardi converter um pênalti infantil cometido por Young. O italiano poderia ter matado o duelo quando a Inter vencia por 2 a 1. Com a meta neroverde indefesa, porém, conseguiu perder o gol mais feito desse campeonato. O volante ainda dormiu na marcação e permitiu que o zagueiro Magnani empatasse a peleja. Se já estava ruim para a Inter, piorou nos minutos finais, quando Skriniar levou o cartão vermelho: o eslovaco desfalcará a equipe na viagem a Parma.
Verona 0-2 Napoli
Gols e assistências: Milik (Politano) e Lozano (Ghoulam)
Tops: Miguel Veloso (Verona) e Milik (Napoli)
Flops: Faraoni (Verona) e Zielinski (Napoli)
Verona e Napoli costumam fazer duelos incandescentes nas arquibancadas, por conta da rivalidade entre as torcidas – às vezes transformada em atos discriminatórios por parte dos veroneses. Sem público, a partida ocorreu em ritmo morno, não atingiu o seu ponto de fervura e teve um desfecho gelado para o time da casa. O Hellas controlou o adversário, mas sofreu dois gols em bola parada e saiu derrotado do Bentegodi: o resultado foi o suficiente para a ultrapassagem de Milan e Parma, que chegaram aos 39 pontos, contra 38 dos butei e 42 dos azzurri.
Auxiliado por Zaccagni, Miguel Veloso dominava as ações no meio-campo do organizado time de Juric. A partir dessa dupla, o Verona quase chegou ao primeiro gol aos 23 minutos. Verre recebeu cruzamento de Faraoni na pequena área, sem goleiro, mas errou ao escorar com o peito e mandou por cima da meta. O castigo veio na bola aérea: Rrahmani e Kumbulla deixaram Milik livre na área e ele guardou. Veloso ainda testou Ospina com um belo chute de longa distância e, já na etapa final, o Hellas chegou a empatar – contudo, um leve toque no braço de Zaccagni invalidou a jogada. O jogo continuou tendo domínio gialloblù nas ações, mas Gattuso conseguiu montar um sólido sistema defensivo, que segurou o ímpeto dos donos da casa. Nos acréscimos, um improvável gol de Lozano fechou a conta no Vêneto.
Lecce 1-4 Milan
Gols e assistências: Mancosu (pênalti); Castillejo (Çalhanoglu), Bonaventura, Rebic (Çalhanoglu) e Rafael Leão (Conti)
Tops: Çalhanoglu e Conti (Milan)
Flops: Lucioni e Calderoni (Lecce)
O “novo normal” do Milan terá um camisa 10 decisivo? Ao menos contra o Lecce, Çalhanoglu fez uma partida estrepitosa e deixou sua marca nos quatro gols dos rossoneri: deu assistência primorosa no primeiro, efetuou o chute que originou o segundo, foi esperto no lançamento para o terceiro e mostrou visão de jogo apurada no passe que gerou o cruzamento para o quarto. Se o turco mantiver um nível próximo ao do apresentado no Via del Mare no decorrer da temporada, crescem as chances de o Diavolo conseguir uma vaga na Liga Europa. No momento, o time de Milão divide a sétima posição com o Parma, com 39 pontos.
Embora a empolgação deva ser comedida, por conta da fragilidade da defesa do Lecce – disparada a pior do campeonato, com 60 gols sofridos –, o Milan mostrou um repertório muito interessante pelo lado direito, o que pode significar o fim da dependência de Hernandez. No flanco destro, Çalhanoglu, Castillejo, Bonaventura e Conti trabalharam bem a bola e construíram a maior parte das jogadas dos rossoneri. A equipe lombarda também não se assustou com o momentâneo empate salentino, o que sugere maior confiança dos jogadores nas ideias de Pioli.
Roma 2-1 Sampdoria
Gols e assistências: Dzeko (Pellegrini) e Dzeko (Cristante); Gabbiadini
Tops: Dzeko (Roma) e Jankto (Sampdoria)
Flops: Diawara (Roma) e Yoshida (Sampdoria)
O caos extracampo parece não afetar os comandados de Paulo Fonseca. Enquanto a Roma vive um caos societário, aditivado pela incerteza da passagem da propriedade de James Pallotta a outro acionista e por desentendimentos entre diretores, o time fez uma boa partida contra a Sampdoria e contou com a apurada técnica de finalização de Dzeko para virar contra a Sampdoria e se manter na quinta posição, seis pontos atrás da Atalanta.
Apenas Diawara parecia confuso. Na cabeça da área giallorossa, o guineano errou duas vezes na saída de bola: no primeiro passe equivocado, Gabbiadini abriu o placar; no segundo, Jankto acertou a trave. Para a sorte da Roma, essas desinteligências foram ficando para trás e a equipe pressionou bastante. Ainda no primeiro tempo, Veretout teve um lindo gol anulado por toque de mão de Pérez e Audero precisou ser reativo em finalizações de Pastore e Dzeko. Na segunda etapa, o aproveitamento capitolino melhorou: Kolarov acertou a trave e o capitão bósnio completou dois lançamentos sem deixar a pelota quicar no chão, estufando as redes. Nos lances dos dois golaços (veja aqui), Edin se livrou com tranquilidade dos zagueiros Yoshida e Tonelli.
Fiorentina 1-1 Brescia
Gols e assistências: Pezzella (Pulgar); Donnarumma (pênalti)
Tops: Ribéry (Fiorentina) e Tonali (Brescia)
Flops: Cáceres (Fiorentina) e Zmrhal (Brescia)
Na abertura da rodada, Fiorentina e Brescia fizeram um jogo movimentado, mas que não mudou as suas posições na tabela do campeonato. Enquanto a equipe violeta continua na 13ª posição, relativamente longe tanto de vagas europeias quanto da zona de rebaixamento, os lombardos prosseguem na lanterna da Serie A, com apenas 17 pontos.
A Fiorentina contou com o retorno de Ribéry, que estava fora de ação desde o final de novembro, e teve no francês o melhor jogador em campo. Franck dialogou bastante com Pulgar, criou oportunidades e ainda viu o jovem zagueiro Papetti lhe tirar a alegria do gol ao efetuar um corte em cima da linha. Chiesa, por sua vez, não teve uma tarde feliz, assim como os defensores toscanos – com exceção do capitão Pezzella, que marcou o gol de empate. Antes, Cáceres tinha cometido pênalti em Dessena e possibilitado que Donnarumma abrisse o placar para o Brescia. Na etapa complementar, o uruguaio foi expulso por falta em Torregrossa e Dalbert também correu risco de ir para o chuveiro mais cedo.
Genoa 1-4 Parma
Gols e assistências: Falque (pênalti); Cornelius, Cornelius (Laurini), Cornelius (Laurini) e Kulusevski (Cornelius)
Tops: Cornelius e Sepe (Parma)
Flops: Criscito e Romero (Genoa)
A ótima temporada do gigante Cornelius ganha contornos ainda mais celestiais quando ele encara o Genoa. O dinamarquês tem 11 gols nesta Serie A e anotou seis deles graças a uma tripletta em cada turno contra os grifoni. Dessa vez, o nórdico também contribuiu com uma assistência para a revelação Kulusevski, que vinha realizando uma partida discreta. O triunfo que levou os crociati para a zona de classificação à Liga Europa também contou com atuações sólidas do lateral Laurini, do veterano Bruno Alves e do brasileiro Hernani.
O Parma mostrou um futebol bastante objetivo e dominante por méritos próprios, mas também foi ajudado por uma vexatória atuação do Genoa: antigos destaques, como Romero e Criscito, estiveram bastante desconectados. O capitão chegou a desperdiçar um pênalti num momento importante da partida, proporcionando a segunda defesa de penalidade consecutiva para Sepe, mas não decepcionou só por isso: viu Laurini superá-lo no seu setor antes de sair machucado. No centro da defesa, tanto o promissor Romero quanto o veterano Masiello foram totalmente envolvidos por Cornelius. O dinamarquês se antecipou ao argentino em lances que resultaram em três gols e superou o italiano duas vezes – numa delas, anotou o seu primeiro. Por essas e por outras não é surpresa ver o Genoa flertando com o descenso.
Torino 1-0 Udinese
Gols e assistências: Belotti (Edera)
Tops: Sirigu e Belotti (Torino)
Flops: De Maio e Nestorovski (Udinese)
O Torino não vencia desde a 19ª rodada e por pouco não encerrou esse jejum. A equipe treinada por Longo encarou a Udinese de Gotti num confronto direto pela permanência na elite e venceu por detalhe. Com o triunfo, os grenás chegaram aos 31 pontos, deixando os friulanos com 28 – o Lecce, com 25, abre a zona de rebaixamento.
Para conquistar este importante triunfo, o Toro contou com seus dois pilares: Belotti e Sirigu. O atacante não só anotou o gol da vitória com uma bomba de canhota como incomodou constantemente os defensores bianconeri e o arqueiro Musso. Contudo, foi a Udinese que criou as chances mais claras da partida e, então, Sirigu precisou intervir. O veterano só pode torcer quando o chute de Stryger Larsen raspou sua trave, mas foi reativo ante De Maio e num petardo de Fofana. Além da derrota, a equipe de Údine teve de lamentar a lesão que Mandragora sofreu no joelho: exames indicarão a gravidade do ocorrido, mas o volante deixou o campo chorando e sem apoiar o pé no chão.
Spal 0-1 Cagliari
Gols e assistências: Simeone (João Pedro)
Tops: Olsen e João Pedro (Cagliari)
Flops: Petagna e Castro (Spal)
Caiu o maior jejum de vitórias da Serie A. O Cagliari não vencia desde o início de dezembro, quando fez 4 a 3 sobre a Sampdoria, pela 14ª rodada, e achou por bem mudar o comando para sair da má fase. Zenga assumiu o posto de Maran dias antes de a pandemia de covid-19 interromper as atividades esportivas na Itália e só pode estrear pelo clube em junho. A primeira vitória veio nos acréscimos do segundo jogo e manteve os sardos perto da zona de classificação para a Europa League. A Spal ainda é a penúltima colocada.
Sem dúvidas, Cagliari e Spal fizeram a pior partida da rodada, do ponto de vista técnico. Os dois times mostraram escassa inspiração, baixa intensidade e criatividade bem abaixo da crítica. Nas poucas vezes em que chegaram, com finalizações de fora da área, os casteddu encontraram o estreante Letica bastante atento – o goleiro croata substituiu Berisha, machucado. A Spal, por sua vez, contou com um Petagna muito apagado e que, em sua única chance, após sobre de bela defesa de Olsen – aos 85 minutos –, isolou. Aos 93, depois do desenrolar de mais um chute de longa distância, Simeone aproveitou para castigar os donos da casa.
Seleção da rodada
Sepe (Parma); Hateboer (Atalanta), Bonucci (Juventus), Bruno Alves (Parma), Laurini (Parma); Castillejo (Milan), Çalhanoglu (Milan), Malinovskyi (Atalanta), Bernardeschi (Juventus); Dzeko (Roma), Cornelius (Parma). Técnico: Roberto D’Aversa (Parma).