Jogos históricos

O ídolo polonês Grzegorz Lato sempre passou em branco contra a Itália

Altura diminuta, calvície precoce, velocidade e faro de artilheiro. Estas são algumas das características que definem Grzegorz Lato, um dos melhores jogadores poloneses da história. Embora não tenha atuado por nenhum grande clube europeu, o atacante brilhou a serviço de sua seleção nacional, com a qual alcançou o terceiro lugar nas Copas do Mundo de 1974 e 1982. Goleador pela Polônia, Lato balançou as redes de muitas adversárias ao longo de sua carreira, porém sempre passou em branco diante da Itália.

Lato ganhou notoriedade no futebol polaco na década de 1970. O jovem, que desde pequeno demonstrou seu amor pelo futebol, se tornou um dos principais destaques do modesto Stal Mielec, time que o revelou. Ele superou a morte prematura de seus pais e abriu mão da formação em mecânica para levar sua equipe da segunda divisão ao título do Campeonato Polonês, conquistado em 1973. Grzegorz foi o artilheiro na empreitada, com 13 gols.

Tamanho destaque pelo clube o levou, primeiro, à seleção de juniores da Polônia e, posteriormente, ao selecionado principal – em ambas as situações ele fora convocado pelo treinador Kazimierz Górski. Um ano depois de alcançar a glória máxima em solo nacional pelo Stal Mielec, Lato disputaria sua primeira Copa do Mundo. Vale ressaltar que, em setembro 1972, ele integrou o elenco que viajou até Munique e faturou os Jogos Olímpicos.

Lato venceu a Itália apenas uma vez na carreira, em duelo da Copa de 1974 (imago/WEREK)

No Mundial, a Polônia caiu no mesmo grupo da Itália. Argentina e Haiti eram os outros integrantes da chave. Titular da ponta direita no esquema 4-3-3, o veloz atacante teve um início de Copa fulminante. É que ele anotou uma doppietta em cima da Argentina, na estreia do torneio, e garantiu o triunfo por 3 a 2. Na segunda rodada, mais dois gols na conta do camisa 16, dessa vez na goleada por 7 a 0 sobre o Haiti.

No entanto, quando os poloneses enfrentaram a Itália, pela última rodada do Grupo 4, Lato não conseguiu superar Dino Zoff. De todo modo, os alvirrubros levaram a melhor sobre a Nazionale, vencendo o embate por 2 a 1. Andrzej Szarmach e Kazimierz Deyna anotaram os tentos dos polacos, ao passo que Fabio Capello descontou a favor dos italianos, à época comandados por Ferruccio Valcareggi, técnico responsável por conduzir a Squadra Azzurra ao único título de Eurocopa de sua história.

Com 100% de aproveitamento na fase inicial, a Polônia carimbou sua participação no quadrangular semifinal da Copa. No Grupo B, pegou Suécia, Iugoslávia e Alemanha: venceu as duas primeiras (Lato balançou as redes nos dois jogos) e perdeu para os alemães. Na disputa do terceiro lugar diante do Brasil, o camisa 16 marcou o único gol da peleja: aos 31 minutos do segundo tempo, ele passou pelo zagueiro Alfredo Mostarda, colocou a bola na frente e finalizou na saída do goleiro Leão. Foi o sétimo tento dele no Mundial, do qual foi artilheiro.

O duelo de calvos entre Graziani e Lato, na fase de grupos da Copa de 1982, terminou empatado (imago/Pressefoto Baumann)

Depois da Copa de 1974, a seleção polonesa de Lato voltaria a cruzar o trajeto da Itália duas vezes no ano seguinte, em jogos válidos pelo Grupo 5 das Eliminatórias para a Eurocopa de 1976. O ferrolho italiano prevaleceu sobre o forte ataque polaco e o placar permaneceu inalterado em ambas as partidas. No fim das contas, nem a equipe alvirrubra nem a Squadra Azzurra conseguiram se classificar para a Euro, disputadas por apenas quatro participantes naquela época.

O capítulo seguinte entre seleção italiana e o craque polonês ocorreria em jogo amistoso, realizado em abril de 1980. O duelo teve um primeiro tempo muito movimentado. Os azzurri pularam na frente, com gol do meia Franco Causio, logo aos dois minutos de jogo. Logo em seguida, Janusz Sybis igualou o marcador. O lendário zagueiro Gaetano Scirea voltou a dar a vantagem à Nazionale, mas, nove minutos depois, Szarmach empatou o embate novamente e deu números finais ao amistoso. Lato? Falhara em mais uma tentativa de estufar as redes de Zoff.

No verão europeu de 1982, já caminhando para o fim da carreira, Lato disputaria sua terceira e última Copa do Mundo. Quis o destino que a Itália, assim como no Mundial de 1974, caísse na mesma chave da Polônia. Assim, italianos e polacos ficaram frente a frente pelo primeiro jogo do Grupo 1. Entretanto, eles fizeram um jogo pegado e o zero não saiu do placar.

Polônia e Itália se enfrentaram nas semifinais do mundial de 1982, mas a insistência de Lato foi em vão (imago/WEREK)

Itália e Polônia voltariam a se encarar na semifinal, mas o artilheiro Paolo Rossi guardou uma doppietta e deu números finais a um confronto em que a Nazionale jamais se viu ameaçada. Ao time de Lato, restou a medalha de bronze, alcançada após derrotar a França por 3 a 2.

Em suma, Grzegorz Lato não foi para a Itália o bicho-papão que se mostrava a outras seleções. Tampouco assustou as equipes italianas, já que realizou poucos jogos em competições continentais – 28 no total – e não teve a oportunidade de atuar em grandes praças da Europa. Também nunca enfrentou um clube da Velha Bota em jogos oficiais.

O fracasso nos duelos com a Squadra Azzurra, porém, não diminui o tamanho do craque. Lembrado até hoje pela sua velocidade e por sua calvície prematura, Grzegorz marcou época no futebol polaco e em nível global. Único polonês a ter sido artilheiro de uma Copa do Mundo, Lato é o quarto jogador com mais partidas disputadas pela Polônia, e o terceiro maior goleador da alvirrubra, com 45 gols.

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