Liga dos Campeões

Na Champions League, Inter e Atalanta construíram empates com significados diferentes

Nesta terça-feira, 28 de outubro, Inter e Atalanta acabaram empatando seus jogos pela segunda rodada da Champions League. Os resultados deixaram ambas as nerazzurre na segunda posição em seus grupos, mas foram construídos de formas bem diferentes. Na Ucrânia, a Beneamata dominou o Shakhtar Donetsk e não correu qualquer risco, mas não foi capaz de ficar com os três pontos. Na Itália, a Dea reagiu contra o Ajax, seu principal oponente no grupo, e somou um pontinho que não pode ser desprezado, mas que não era o seu verdadeiro objetivo. Confira como foram as partidas.

Shakhtar Donetsk 0-0 Inter

A Inter foi até Kyiv, onde visitou o Shakhtar Donetsk, que vinha de excelente resultado contra o Real Madrid. O time ucraniano esperava repetir o mesmo padrão de jogo, somando saídas curtas, progredindo em campo com eficiência e levando muito perigo com a velocidade e a qualidade dos seus pontas. Contudo, Conte planejou muito bem a partida e a Inter realizou um primeiro tempo muito sólido.

O time nerazzurro foi a campo com o 3-5-2 já tão conhecido pelo torcedor e por quem acompanha os trabalhos de Conte. As novidades foram as voltas de Hakimi e Young ao time titular, dando força às alas. Sabendo da qualidade coletiva e do poder de fogo que o Shakhtar mostrou na partida anterior, a Inter entrou em campo muito concentrada e tratou de estabelecer o seu jogo, no intuito de somar um resultado melhor do que o empate com o Mönchengladbach.

A saída de bola era feita com D’Ambrosio e Bastoni alternando com projetações para uma zona mais avançada e Brozovic ou Vidal recuando para atuarem como passador primário pelo lado que Handanovic ou De Vrij decidissem iniciar a jogada. Depois de vencida a primeira zona de pressão dos mandantes, a Beneamata tinha a direita como lado forte, somando quase sempre D’Ambrosio, Hakimi e Barella pelo setor, além de contar com ajudas pontuais de Brozovic e Lukaku.

O time criava, assim, superioridade numérica e trocava passes. Vidal, Young e Lautaro ficavam à espera em lado contrário, esperando uma inversão para chegar até a grande área ou mesmo reiniciar a construção ofensiva, levando a bola de um flanco ao outro e abrindo espaços na defesa da equipe ucraniana. Dentro disso, obviamente existiram erros de execução – em passes ou domínios, por exemplo – e o Shakhtar se manteve bastante organizado, dentro de um 4-1-4-1 bem fechadinho.

Contudo, depois de cada recuperação da equipe mandante, Brozovic saltava para uma zona mais avançada e pressionava os adversários junto com Lukaku e Lautaro, enquanto Vidal era o responsável por controlar se o passe superasse essa primeira zona de pressão. Dessa maneira, a Inter sempre teve o jogo sob seu domínio no primeiro tempo. Uma etapa em que a Beneamata poderia ter construído uma vantagem expressiva no placar.

O primeiro lance de perigo da Inter na partida aconteceu aos 15 minutos, quando Vidal lançou Lukaku em profundidade e o atacante deixou Bondar para trás. O goleiro defendeu a finalização do belga e a bola sobrou para o próprio Romelu, que girou e tocou para Barella bater de primeira e acertar o travessão. Apenas dois minutos depois, D’Ambrosio e Hakimi se conectaram pela direita e o marroquino lançou Barella nas costas da linha de defesa. O meia nerazzurro invadiu a grande área, deu um corte no zagueiro e, com a perna esquerda, finalizou rasteiro para a defesa do goleiro Trubin.

Mesmo jogando fora de casa, a Inter era senhora do jogo e continuou indo para cima do Shakhtar Donetsk. Lukaku teve uma boa oportunidade após escanteio cobrado por Young, mas acabou cabeceando rente à trave direita ucraniana. Aos 41 minutos da primeira etapa, a Inter teve sua última grande oportunidade antes do intervalo, numa falta cometida sobre Vidal na entrada da área. Lukaku assumiu a responsabilidade de cobrar e bateu com força, no canto esquerdo, onde estava Trubin. O jovem goleiro interveio de maneira espetacular, desviando a bola, que tocou no travessão e saiu em escanteio.

O segundo tempo não teve grandes alterações em termos de desenhos táticos ou de proposta de jogo, mas de maneira geral o Shakhtar conseguiu lidar melhor com as ideias de Conte, graças a bons ajustes do treinador. Luís Castro preencheu o lado esquerdo de sua defesa e, com isso, evitou que Lukaku encontrasse linhas de passe com facilidade no pivô – ao mesmo tempo, o time da casa somou saídas de maior perigo. Mesmo assim, a Inter teve uma grande chance logo aos 10 minutos, quando Lukaku fez a parede para Brozovic, que bateu para boa defesa de Trubin. No rebote, Lautaro mandou a bola para fora, perdendo uma chance de ouro para abrir o placar.

Conte tentou aumentar a intensidade da primeira zona de pressão ao sacar Martínez e colocar Perisic no ataque; depois optou por uma dupla de força com Pinamonti e Lukaku, além de ter lançado Eriksen a campo para aumentar a criatividade e ganhar perigo na bola parada. Mas nada surtiu muito efeito e o jogo terminou mesmo em 0 a 0. O Grupo B continua com a liderança do Shakhtar Donetsk, dono de 4 pontos, enquanto Inter e Borussia Mönchengladbach estão logo atrás, com 2, e o Real Madrid tem 1.

O torcedor interista vê um filme repetido no começo de temporada da equipe: bom desempenho coletivo, dessa vez com ajustes necessários na consistência da defesa, superioridade nas partidas e muitas chances desperdiçadas. O time foi superior contra Lazio, Milan, Mönchengladbach e Shakhtar, mas em todos esses jogos perdeu chances de ouro e acabou não saindo com a vitória. O cenário para a classificação para as oitavas da Champions League começa a ficar mais complicado e a comissão técnica e os atletas precisam arrumar meios para darem a resposta exigida por direção e torcida.

Zapata marcou duas vezes e a Atalanta foi buscar o empate com o Ajax (AFP/Getty)

Atalanta 2-2 Ajax

Atalanta e Ajax, por suas semelhanças táticas e propostas ofensivas, prometiam fazer um dos grandes jogos da segunda rodada da Champions League. Italianos e holandeses, de fato, realizaram um bom confronto, ainda que o número de claras chances de gol tenha sido menor do que o que se imaginava.

Para enfrentar o 4-3-3 de Ten Hag, com David Neres e Antony nas pontas, Gasperini pode contar com Ilicic em seu 3-4-1-2. Foi justamente do esloveno a primeira grande oportunidade do confronto, aos 15 minutos: o zagueiro Djimsiti apareceu no lado direito da área holandesa e só rolou para Josip, mas ele mandou longe.

Quando chegou com perigo pela primeira vez, o Ajax marcou. Aos 29, Gosens cometeu pênalti sobre o jovem Traoré: o alemão até tocou na bola ao tentar cortar, mas a sua intervenção foi descabida, com um chute na altura do peito do atacante burquinabê. Tadic – que vem jogando em sua posição de origem, de forma mais recuada do que na brilhante campanha dos Godenzonen na Champions League 2018-19 – bateu no meio e converteu. Os visitantes ampliaram nove minutos depois, numa jogada pelo lado esquerdo. David Neres cruzou rasteiro, Sportiello não segurou e Traoré apareceu para dividir e empurrar para o gol.

A Atalanta não contava com a exibição mais criativa de Ilicic e Gómez, e, por isso, sofria. Aos 49, o esloveno apareceu numa forte cobrança de falta e obrigou Onana a efetuar uma difícil defesa. Na sequência, o zagueiro Schuurs teve uma excelente chance em progressão individual, mas não finalizou com precisão e viu Sportiello respondeu com bom tempo de reação.

O castigo dos holandeses veio rápido: aos 53, Gómez surgiu com um cruzamento açucarado para Zapata subir mais do que dois marcadores – um deles, o próprio Schuurs – e colocar nas redes. A Dea empatou sete minutos depois, num contragolpe mortal. Pasalic achou Zapata nas costas de Blind e o colombiano teve espaço para avançar e anotar sua doppietta com uma bomba.

Depois das estocadas atalantinas, a partida voltou ao estágio anterior, com elevados números de faltas e erros em passes-chave – bem mais do que os times estão acostumados. O Ajax teve duas chances de matar a partida aos 77 e aos 84, com o brasileiro Antony, que parou num atento Sportiello. Gasperini até tentou ganhar a partida ao colocar os descansados Malinovskyi e Muriel nos lugares dos veteranos Ilicic e Gómez, mas não funcionou. O ucraniano até finalizou com dois canhotaços, a seu estilo, mas não venceu Onana.

No fim das contas, a Dea saiu satisfeita pela metade. Afinal, a reação foi importante, mas o empate caseiro contra seu principal adversário pela segunda vaga do Grupo D nas oitavas de final não era o melhor resultado possível para a noite. O Liverpool lidera a chave com 6 pontos, seguido por Atalanta (4), Ajax (1) e Midtjylland (0).

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