Sequência de invencibilidade de 29 jogos; 10 vitórias consecutivas sem sofrer gols; 100% na Eurocopa, com seis gols marcados em duas partidas. Se só por números a Itália já poderia ser considerada uma das favoritas ao título do torneio, seu desempenho em campo não deixa nada a desejar. Com sua segunda partida avassaladora nesta Euro, a Squadra Azzurra não só carimbou a passagem para as oitavas de final como cativou ainda mais a parcela de brasileiros que não vinham acompanhando a Nazionale de perto.
No comando da máquina, Roberto Mancini fez apenas uma modificação no onze inicial que venceu a Turquia na primeira rodada. Florenzi, com uma lesão leve, foi poupado e deu lugar a Di Lorenzo. Verratti, em fase final de recuperação, ficou de fora também e não deve ter tanta certeza de sua titularidade, já que Barella, Jorginho e Locatelli vem apresentando um nível de desempenho altíssimo.
Assim como foi no primeiro jogo, e será no terceiro, a Itália jogou contra a Suíça no Olímpico com parte das arquibancadas ocupadas. Sem público total devido às restrições provocadas pela pandemia de covid-19, a seleção viu sua torcida mais uma vez dar show durante Fratelli d’Italia. Hino entoado, jogadores energizados e, novamente, muita intensidade.
Logo de cara, a Itália demonstrou que a postura seria a mesma adotada na primeira rodada. Marcando em cima, com uma pressão sufocante, poucas vezes deixou os adversários circularem a bola. Quando tinha a posse, sabia exatamente o que fazer e não demorou muito para chegar com perigo.
No jogo aéreo, vieram as primeiras oportunidades. Aos nove minutos, Spinazzola fez boa jogada pela esquerda, chegando ao fundo, e cruzou na área. Immobile, livre de marcação, cabeceou para fora, desperdiçando a chance. Pouco tempo depois, em escanteio, Insigne encontrou Chiellini, que subiu com dois defensores suíços, disputando a bola no alto, e ficou com a sobra de frente para a meta. Sem cerimônia, chutou forte para quase abrir o placar. A rede até balançou, mas o VAR anulou o lance por mão na bola do zagueiro da Juventus.
Sem seu nome no marcador, Chiellini precisou deixar o campo. O próprio defensor pediu substituição, por um desconforto na coxa, e deu lugar a Acerbi. A alteração não mudou o ímpeto do time de Mancini, que continuou em cima e conseguiu quebrar a defesa adversária graças à dupla neroverde da equipe.
Com 26 minutos, Berardi recebeu uma esticada precisa de Locatelli na direita, em um passe que veio de antes do meio-campo. O camisa 11 partiu para cima da marcação, invadiu a área, e cruzou rasteiro. Quem chegou para completar? Seu companheiro de Sassuolo, Locatelli, correu o campo todo e, na pequena área, só teve o trabalho de empurrar a pelota para dentro.
Quem estava bem representado também era o Napoli. Insigne, bastante à vontade, teve liberdade para criar e representou perigo constante para a Suíça, com suas investidas e passes precisos. Com 33 minutos, deixou Immobile na cara do gol, mas o lançamento foi um pouco longo. O centroavante dividiu com Sommer e a sobra acabou voltando para Lorenzo, que tentou colocar por cima. Akanji, bem posicionado, fez uma boa cobertura e evitou o 2 a 0.
Aproveitando bastante os espaços deixados pela Suíça, a Nazionale continuou a engatar contra-ataques perigosos, com Insigne, Berardi e Spinazzola dando muito trabalho. O lateral-esquerdo foi quem teve a última grande chance antes do intervalo, finalizando de bico para fora.
No segundo tempo, Locatelli mostrou que estava em noite inspirada e assinou mais uma pintura, coroando sua exibição de gala. Com apenas 6 minutos, Barella encontrou o meia do Sassuolo na entrada da área, após boa subida de Di Lorenzo. Próximo à meia-lua, tendo espaço de sobra, o camisa 5 armou a canhota e acertou um torpedo no cantinho. Sommer, imóvel, só observou a bola estufar a bochecha da rede. Mais tarde, o meio-campista de 23 anos – que se tornou apenas o terceiro italiano a anotar uma doppietta numa Euro, após Casiraghi e Balotelli – seria aplaudido de pé por todo o estádio ao ser substituído, um momento que certamente levará em sua memória.
A vantagem confortável fez com que a Itália baixasse um pouco o ritmo e precisasse contar com a única intervenção notável de seu goleiro. Zuber, aos 17 minutos, conseguiu espaço pela esquerda e bateu forte no gol. Donnarumma fez a defesa dando rebote, mas conseguiu se recuperar a tempo de interceptar o cruzamento do jogador suíço.
Na metade do segundo tempo, Mancini fez as duas mudanças mais significativas, dando espaço às entradas de Chiesa e Rafael Toloi nos lugares de Insigne e Berardi. O time passou para um 3-5-2 nos últimos minutos, com uma postura mais conservadora, apesar de não deixar de ameaçar os adversários em contragolpes – ainda mais pela fome de gol de seu centroavante.
Em uma busca incessante de colocar o nome no marcador, Immobile perdeu algumas chances antes de balançar as redes. Aos 27, foi lançado em profundidade por Bonucci, num de seus típicos passes longos, saiu pela esquerda da área e bateu cruzado para fora. Dois minutos depois, mais uma finalização pela linha de fundo, agora servido por Chiesa.
De tanto insistir, no finzinho da partida, seu segundo gol na Euro veio. Toloi desarmou uma saída de bola errada da Suíça e a sobra, na entrada da área, ficou com Immobile. De costas, ele dominou, girou e bateu forte, no cantinho, com a perna direita – a boa – dessa vez. Sommer até triscou com as pontas dos dedos, mas não conseguiu evitar o terceiro tento. Apesar de ter tido dificuldade em acertar a pontaria, Ciro vem contribuindo muito com a seleção: participou de 13 gols nos 11 últimos jogos pela Nazionale, marcando oito e servindo cinco.
Para a Itália, mais um 3 a 0, mais uma vitória dominante. Do outro lado, a Suíça amarga agora 28 anos sem vencer os rivais da Bota e também viu a sua invencibilidade de oito partidas cair por terra. Na última rodada, joga contra a Turquia na busca pela classificação para próxima fase, enquanto o time de Mancini enfrenta o País de Gales, precisando apenas de um empate para garantir a primeira posição do grupo. Confortável e dona de um futebol vistoso, a Squadra Azzurra segue prometendo voos altos e deve ir longe se mantiver esse nível de exibição.