A fase não era boa – era péssima. Porém, ao longo dos últimos dias, o Milan conquistou duas vitórias magras que podem fazer a chave mudar e fazer o time campeão italiano em 2022 ressurgir. Após bater o Torino na Serie A, encerrando uma sequência de sete jogos sem triunfos, o Diavolo superou o Tottenham, por 1 a 0, no confronto de ida das oitavas da Champions League.
O Milan tinha, como obstáculo, um incômodo jejum pela frente: até esta terça, 14 de fevereiro, jamais havia batido o Tottenham em jogos oficiais. Para a quinta partida contra os Spurs válida por torneios Uefa, o Diavolo foi bombardeado com um mau agouro antes mesmo de a bola rolar, já que Tomori sentiu dores no aquecimento e a comissão técnica optou por não correr riscos, sacando-o do confronto. No entanto, o que poderia ser uma má notícia se transformou em grata surpresa. Afinal, Kjaer, seu substituto, teria uma grande atuação.
Com o xerife dinamarquês no centro da defesa, Stefano Pioli voltou a propor um esquema com três zagueiros, tal qual ocorreu na derrota no dérbi com a Inter e no triunfo sobre o Torino. Kalulu, pela direita, e Thiaw, pela esquerda, completavam a retaguarda rossonera, que se destacaria no duelo e evitaria as investidas de Kane e Son. Do outro lado, um Tottenham espelhado no 3-4-3 contava com vários velhos conhecidos do futebol italiano, a começar pelo técnico Antonio Conte – que escalou Romero, ex-Genoa e Atalanta; Perisic, ex-Inter, e Kulusevski, ex-Parma e Juventus.
O momento inicial de estudo entre os times foi rapidamente rompido por uma jogada no flanco esquerdo rossonero. Thiaw efetuou lançamento longo para o capitão Hernandez, que ganhou no corpo, pelo alto, de Romero. Na sequência do lance, o francês soltou uma bomba no peito do goleiro Forster e Díaz ia aproveitando o rebote, com um chute de chapa. O arqueiro inglês realizou uma defesaça, mas o próprio Brahim conseguiu se beneficiar de mais uma sobra e, de cabeça, entrou com bola e tudo no gol do Tottenham.
Depois do gol, o Milan conseguiu deixar o jogo num ritmo que lhe favorecia, já que – embora não mais ameaçasse concretamente a meta adversária – não corria riscos. No final do primeiro tempo, o Tottenham até levou perigo em duas jogadas, mas ambas tiveram impedimento registrado.
Esse mesmo contexto se manteve em quase todo o segundo tempo. O equilíbrio, aliás, só foi alterado em favor do Milan, que perdeu duas incríveis chances de ampliar, em sequência. Aos 78 minutos, Rafael Leão lançou à área, Giroud ajeitou de cabeça e, também numa testada, De Ketelaere errou o alvo. Antes de ir para fora, a bola tocou em Perisic e proporcionou o escanteio que deu origem ao erro seguinte, dessa vez de Thiaw – e, novamente, em cruzamento da joia portuguesa do Diavolo.
Na tentativa de reverter o resultado e vendo Kane incapaz de lidar com a marcação pesada de Kjaer, Conte lançou mão de Richarlison e Danjuma, que substituíram Kulusevski e Son. No entanto, Tatarusanu praticamente não sujou o uniforme e o Milan saiu de campo vitorioso, ainda que lamentando não ter construído uma vantagem mais confortável.
Ao que parece, a mudança de esquema e as chances dadas a Thiaw fizeram com que Pioli reencontrasse a solidez defensiva do Milan. Depois de ter sofrido gols em todos os jogos de 2023, até encerrar a sequência maldita contra o Torino, o time já acumula duas partidas com redes intactas. É a virada de chave esperada pela torcida na atual temporada? O duelo de volta contra o Tottenham, no dia 8 de março, ajudará a responder essa questão.