Seleção italiana

Com mais um de Retegui, a Itália fez o simples e bateu Malta nas Eliminatórias da Euro 2024

Foi bonito? Não. Foi intenso? Não. Mas, se a Itália não produziu o mais belo futebol ou sequer encheu os olhos de alguém, ao menos venceu Malta, fora de casa, por 2 a 0 e sem qualquer dificuldade considerável. Com isso, se recuperou da derrota como mandante para a Inglaterra, na estreia das Eliminatórias da Euro 2024, e assumiu a vice-liderança do Grupo C, atrás dos britânicos.

A Itália, por incrível que pareça, costuma ser burocrática – e, por que não – diplomática contra a vizinha Malta. Em que pese a enorme disparidade entre as seleções, a Nazionale só marcou mais de dois gols em duas das nove partidas que fez contra os vermelhos: em 1987, quando aplicou 5 a 0, e em 1993, num 6 a 1. Não era razoável imaginar que os azzurri fugissem à regra neste domingo, considerando o enorme número de desfalques e o desentrosamento do time que Roberto Mancini mandou a campo.

Em relação ao jogo contra a Inglaterra, Mancio efetuou oito mudanças no time titular – só Donnarumma, Di Lorenzo e Retegui começaram jogando novamente. O técnico até costuma fazer muitas alterações na equipe durante as datas Fifa, mas dessa vez foi obrigado por conta de questões físicas, como as que envolveram o cortado Barella e o poupado Pellegrini, e pelo desempenho ruim da Itália no primeiro tempo contra os ingleses. Dessa forma, a Squadra Azzurra que se apresentou no Estádio Nacional, em Ta’ Qali, era praticamente uma formação C.

Treinada pelo italiano Michele Marcolini, ex-meia de Bari, Atalanta e Chievo, e com Davide Mandelli, ex-zagueiro de Torino e Chievo, como auxiliar, a seleção de Malta teve um início de partida surpreendente. Logo aos 5 minutos, Satariano recebeu lançamento nas costas da defesa e obrigou Donnarumma a fazer grande intervenção, espalmando a bola para escanteio. Porém, ficou nisso: os donos da casa praticamente não incomodaram mais o arqueiro, capitão azzurro neste domingo.

Aos 16 minutos, os malteses tiveram um choque de realidade. Após cobrança de escanteio de Tonali, Retegui se livrou da marcação de Borg e cabeceou para as redes – a bola bateu no travessão antes de entrar. Antes do ítalo-argentino, os últimos três jogadores que haviam marcado em seus dois primeiros jogos pela Itália foram Riccardo Orsolini (2020), Enrico Chiesa (1996) e Giorgio Chinaglia (1972).

Com gols de Retegui e Pessina, a Itália bateu Malta numa atuação sem esforço e sem brilho (Getty)

Logo após o gol, a Itália perdeu seu camisa 10. Herdeiro do número de Pellegrini, Gnonto teve de ser substituído por lesão no tornozelo, dando lugar a Grifo aos 21 minutos. A entrada do atacante do Freiburg pouco mudou a estrutura da Nazionale, que seguiu no comando do duelo e continuou buscando jogadas pelos flancos. Numa delas, Emerson Palmieri cruzou rasteiro, a bola desviou no meio do caminho, bateu em Pessina e entrou. Primeiro atleta do Monza convocado para a seleção, o meia também foi o primeiro do time a marcar.

Com a vantagem de dois gols no placar, a Squadra Azzurra começou a praticar um futebol extremamente burocrático, para deixar o tempo passar e economizar energia. Assim, só teve mais duas chances no restante da partida: aos 30 minutos, Grifo ficou com a bola, após jogada criada no lado direito e, mesmo sozinho e cara a cara com Bonello, chutou em cima do goleiro. Já aos 69, Scamacca, que acabara de substituir Retegui, tentou de meia-bicicleta e obrigou o arqueiro a fazer grande defesa.

Ao fim do jogo, Mancini cumprimentou o elenco pela vitória, mas também foi crítico: afirmou que a vantagem poderia ter sido gerenciada de forma melhor e que a equipe deveria ter produzido mais. A bem da verdade, esta data Fifa não foi das mais proveitosas para a Itália, considerando o todo.

A melhor notícia, obviamente, ficou por conta do sucesso de Retegui, uma aposta pessoal de Mancini. O atacante nem sabe falar italiano ainda e isso até foi alvo de críticas de alguns nacionalistas mais inflamados, mas o fato é que ele deu respostas em campo, superando a falta de entrosamento com colegas que acabara de conhecer – ou seja, a sua margem de melhora é grande. Em grande fase, o ítalo-argentino pode sanar a carência de goleadores que os azzurri atravessam ou, no mínimo, esquentar a briga por este posto. Pintou 0 9?

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