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A Inter bateu o Napoli e se sagrou tricampeã consecutiva da Supercopa Italiana

O melhor time confirmou seu favoritismo na Supercopa Italiana. A Inter chegou à Arábia Saudita como líder da Serie A e dona do futebol mais atrativo da Itália e, se perdeu a ponta do campeonato nacional porque a Juventus entrou em campo e ficou com um jogo a mais, ao menos levantou um título em seguida. A Beneamata foi dominante o tempo todo contra o Napoli, então detentor do scudetto, mas só marcou seu gol nos acréscimos do segundo tempo. O capitão Martínez decidiu e os nerazzurri conquistaram o tricampeonato consecutivo do torneio, algo inédito para a agremiação.

A Supercopa Italiana, no entanto, vinha sendo marcada por episódios vergonhosos extracampo e isso atingiu o ápice na decisão. Se as tribunas vazias do Al-Awwal Park na semifinal entre Napoli e Fiorentina trouxeram à tona o quanto a Liga Serie A preferiu o dinheiro saudita em detrimento da festa nas arquibancadas, o que aconteceu na final foi ainda mais vexatório, pois emporcalhou a memória de um dos maiores jogadores da história da Itália.

Durante a partida entre Napoli e Inter, o mundo ficou sabendo da morte de Luigi Riva, lenda do Cagliari e do futebol italiano, já que é o maior artilheiro da seleção. O ex-atacante faleceu aos 79 anos, após complicações de um infarto sofrido no domingo, e foi programado um minuto de silêncio em sua homenagem antes do início do segundo tempo. Porém, parte da torcida presente no estádio vaiou a cerimônia – e não foi a primeira vez, já que ocorreu o mesmo com Franz Beckenbauer, na Supercopa da Espanha que foi disputada em Riade.

Por questões culturais, sauditas não celebram os mortos com o silêncio e, por isso, o descontentamento pode ter sido evidenciado com as vaias. O que só ratifica o quanto a organização do torneio está em descompasso tanto com os locais quanto com os torcedores italianos. Um show de horrores por um punhado de euros a mais.

A Inter dominou o Napoli, mas só marcou o seu gol no finalzinho – com Lautaro, é claro (Getty)

Com a bola rolando, também não tivemos espetáculo. O jogo não foi feio, mas sim aguerrido. Walter Mazzarri escalou um Napoli bastante defensivo, apoiando-se na sua linha com três zagueiros, espelhando a rival. No ofensivo 3-5-2 de Simone Inzaghi, Bastoni foi poupado para a sequência da temporada, enquanto Lautaro e Thuram eram os homens de referência na frente e grandes esperanças de gol.

Mandando no jogo, a Inter teve domínio territorial e criou várias jogadas, apesar de ter encontrado dificuldades de direcionar a bola para o gol defendido por Gollini. Aos 15 minutos, Dimarco aproveitou sobra de cruzamento e tirou tinta da trave com um sem pulo. Mais tarde, Lautaro até balançaria as redes, mas o tento seria anulado por impedimento de Thuram. O francês também desperdiçaria oportunidade clara perto do intervalo.

No início do segundo tempo, após o episódio que manchou a lembrança a Riva, o Napoli teve a sua única chance do jogo. Aos 51, os azzurri assustaram Sommer e o fizeram trabalhar graças a um belo chute de Kvaratskhelia. Porém, logo um balde de água fria cairia sobre os partenopei: pouco mais de cinco minutos depois desse lance, Simeone levou o segundo cartão amarelo e foi expulso, para a ira de Mazzarri, que reclamou muito do árbitro Antonio Rapuano.

Com um jogador a mais, a Inter partiu para cima. Arnautovic, Thuram, Çalhanoglu e Lautaro: todos tentaram finalizar, mas pararam em Gollini – ou na falta de pontaria, no caso do francês. O goleiro do Napoli operou milagres durante todo o segundo tempo e tudo indicava que a decisão seria resolvida nos pênaltis. Isso até os acréscimos.

Decisivo pela terceira Supercopa Italiana consecutiva, Lautaro levantou sua primeira taça como capitão interista (Getty)

A Inter havia crescido bastante depois que Inzaghi optou por se desfazer do 3-5-2 e apostar num 4-3-1-2 ainda mais ofensivo, com o chileno Sánchez agindo de articulador entre os meias (Frattesi, Mkhitaryan e Çalhanoglu) e os atacantes (Lautaro e Arnautovic). E foi numa jogada de Alexis que a água mole furaria a pedra dura.

Aos 91 minutos, após Gollini salvar o Napoli, a bola voltou para a Inter, que recalculou a sua rota. A pelota passou por toda a defesa e ficou com Pavard, que tabelou com Sánchez e acelerou para receber na linha de fundo. O zagueiro cruzou rasteiro e Lautaro se movimentou de modo a aparecer quase na linha da pequena área para mandar para as redes e marcar o gol do título. Foi o 21º dele em 27 partidas nesta temporada e o 123º pela equipe, que lhe permitiram se igualar a Vieri como o nono maior artilheiro da história da Beneamata. Do outro lado, um extremamente irritado Mazzarri desceu para os vestiários assim que o argentino anotou o seu tento e não deu entrevistas após o jogo.

Vivendo o auge de sua carreira, Lautaro gravou a sua marca pela terceira Supercopa Italiana consecutiva, sendo fundamental para os três títulos da Inter. Este, no entanto, foi especial: afinal, momentos depois o argentino levantaria o seu primeiro troféu na condição de capitão da Beneamata.

Com a conquista, a Inter chegou a oito troféus da Supercopa Italiana, se isolando na segunda posição do ranking – a Juventus tem nove e o Milan, sete. A propósito, um tricampeonato consecutivo era algo que só o rival de Milão tinha obtido, entre 1991 e 1993, sob o comando de Fabio Capello. Don Fabio, vale dizer, também foi superado esta noite, tal qual o juventino Marcello Lippi. É que Inzaghi se tornou o treinador recordista de taças da competição, com cinco – sendo as duas primeiras pela Lazio e as três seguintes pela Beneamata. Agora, após a festa, as atenções dos nerazzurri se voltam à Serie A e à renhida disputa pelo scudetto com a Velha Senhora.

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