A tortuosa relação da Fiorentina com a Conference League prevê alguns vexames entre momentos de sucesso. Um desses pequenos motivos de vergonha foram registrados nesta quinta, 7 de novembro, em viagem dos italianos ao Chipre. Não tanto pelo resultado – uma derrota por 2 a 1 para o APOEL, que levou ao fim da invencibilidade da Viola, que vencera seus dois primeiros compromissos pela competição. O que chamou atenção negativamente na terceira rodada foi o indecoroso nível de atuação da equipe gigliata.
O APOEL começou mal a sua trajetória na Liga Conferência, com apenas um empate em dois jogos. Porém, o desempenho negativo do time treinado pelo português José Dominguez era inesperado, considerando que o time conta com alguns bons nomes – alguns nem jogaram contra a Fiorentina, como o alemão Meyer, que ficou no banco, e o lusitano Pizzi, que não foi relacionado. Entre os que atuaram, destaque para o ponta Donis, ex-Juventus, e o capitão Belec, goleiro com passagens por seis clubes italianos, sendo a Inter um deles. Ademais, os cipriotas contrataram o marroquino El-Arabi, carrasco da Viola na decisão do último torneio europeu, contra o Olympiacos.
O reencontro com o algoz não poderia ser mais amargo para a equipe italiana, que sucumbiu à falta de ideias num duelo em que o equilibrado 4-5-1 do APOEL impôs dificuldades contra um inócuo 4-2-3-1 violeta. Nesse sentido, o técnico Raffaele Palladino teve alguma responsabilidade pelo resultado devido às escolhas que fez. No rodízio que promoveu na Fiorentina, Kouamé comandou o ataque e, atrás dele, optou por um inédito tridente formado por Ikoné, Richardson e Parisi. A consequência direta dessas decisões foi a improdutividade ofensiva.
O primeiro tempo em Nicósia, capital do Chipre, foi um verdadeiro marasmo. Até os 37 minutos de jogo, não houve qualquer chance evidente de gol. A melhorzinha foi um chute de Kayode, facilmente defendido por Belec, na casa dos 25.
Até que o carrasco deu as caras. Aos 37 minutos, Donis avançou e encontrou El-Arabi, que saiu da área para puxar a marcação de Martínez Quarta e fez um excelente trabalho de pivô. Com habilidade, o marroquino devolveu a bola em profundidade para o ponta grego, que sustentou o tranco de Kayode, bateu de cavadinha na saída de Terracciano e abriu o placar para o APOEL.
O gol pareceu acordar a Fiorentina, que teve ótima chance logo aos 39 minutos. Kayode cruzou na medida para Richardson, que finalizou sozinho na marca do pênalti, mas direcionou a bola centralmente, para a segura defesa de Belec. Aos 43, o arqueiro esloveno apareceu bem de novo, espalmando um potente chute de Mandragora.
Nos acréscimos, a Fiorentina viu uma primeira etapa ruim, de futebol mal jogado e praticamente sem emoções, terminar com um passivo inesperado e até mesmo exagerado. Depois de um contragolpe, Abagna carregou a pelota e aproveitou o erro do jovem lateral Kayode, que chutou a bola em cima do capitão Biraghi. O meia ganês ficou com a sobra e ampliou o placar para o APOEL.
Palladino voltou do intervalo com uma equipe mais ofensiva, devido à entrada de Beltrán no lugar de Adli, para buscar o empate. Porém, quase nada mudou. O segundo tempo foi tão ruim quanto o primeiro: muito picotado por faltas, jogadas inconclusas e substituições que não mudaram o ritmo da partida.
Aos 74 minutos, no único lance digno de nota de toda a etapa complementar, a Fiorentina marcou. Laifis falhou ao cortar lançamento e a bola ficou com Ikoné, que tabelou com Kouamé e, já de dentro da área, bateu em diagonal para reduzir a desvantagem italiana. Depois disso, o jogo retomou a tendência anterior, com a Fiorentina efetuando passes para lá e para cá, ao melhor estilo “arame liso”, e despejando pelotas sem critério na área rival. Não havia mesmo como sair do Chipre vitoriosa dessa maneira.
Com a derrota, a Fiorentina perdeu a sua invencibilidade, mas continuou na zona de classificação direta para as oitavas de final da Conference League. A equipe italiana agora é a oitava, com 6 pontos, enquanto o APOEL subiu para o 17º lugar. Na próxima rodada, na busca por reencontrar o seu melhor futebol, que tem lhe levado a ser uma das sensações da Serie A, a Viola volta a enfrentar um adversário cipriota: dessa vez encara o Pafos, no Artemio Franchi.