Liga das Nações Seleção italiana

Fora de casa, a Itália venceu a Bélgica e garantiu vaga nas quartas da Nations League

Da água para o vinho. Depois de uma Euro 2024 decepcionante, Luciano Spalletti deixou de lado convicções pessoais, passou a valorizar o que diz o campo e reconstruiu a Itália. Desde o vexame na Alemanha, os azzurri se reciclaram e construíram uma excelente campanha na Nations League. Tanto é que, após vencerem a Bélgica por 1 a 0, em Bruxelas, nesta quinta, 14 de novembro, conquistaram a vaga antecipada nas quartas de final da competição da Uefa.

A Itália voltou a enfrentar a Bélgica no antigo estádio de Heysel, reformado e renomeado como Rei Balduíno em 1995. Dez anos antes de sua requalificação, a arena foi palco de uma das maiores tragédias do futebol: em 1985, antes da final da Copa dos Campeões, entre Juventus e Liverpool, 39 pessoas morreram numa confusão gerada por hooligans ingleses. Dentre os falecidos, 32 eram italianos. A delegação azzurra visitou o memorial do desastre na véspera da partida e prestou homenagem aos mortos, como de praxe em suas visitas a Bruxelas.

Para a partida de suma importância para sua sobrevivência no Grupo A2 da Liga das Nações, a Bélgica contou com a volta de Lukaku, que foi seu capitão contra os italianos, seus velhos conhecidos. Só a vitória interessava aos mandantes, que seriam eliminados com qualquer outro resultado. Do outro lado, a visitante Itália não teria Calafiori e Ricci, além do não convocado Pellegrini. Barella retornou ao time e fez a função do romanista, como meia mais próximo de Retegui, enquanto Rovella estreou pela seleção como regista.

Aos 11 minutos, na única boa chance do jogo até então, a Itália, que já controlava a posse de bola, envolveu a zaga da Bélgica e abriu o placar. Di Lorenzo tabelou com Barella e se infiltrou para receber o passe por elevação do meia interista. O lateral contou com o erro de corte de De Cuyper, dominou a pelota e a rolou por entre as pernas dos marcadores para encontrar Tonali, que só escorou para a baliza desguarnecida e anotou o seu primeiro gol pela Nazionale.

União e compactação: a classificação para as quartas da Nations League foi uma importante resposta da Itália após as más atuações na Eurocopa (AFP)

Depois de estufar a rede belga, a Itália reduziu o ritmo de jogo, já que o resultado era excelente e até mesmo um empate era suficiente para garantir sua passagem ao mata-mata da Nations League. Assim, a equipe azzurra se compactou e se limitou a fechar espaços para que os atacantes da Bélgica, isolados, nada pudessem produzir. Foi assim durante todo o primeiro tempo.

Donnarumma só foi trabalhar – e nem tanto – aos 50, quando o zagueiro Debast arriscou de fora da área. Na sequência, aos 51, Trossard finalizou por cima da baliza. As duas chegadas não assustaram a Itália, mas mostraram que a Bélgica voltou do intervalo determinada a imprimir um novo ritmo à partida: foram três arremates dos Diabos Vermelhos em seis minutos. Em toda a etapa inicial, os belgas produziram apenas um.

A nova atitude da Bélgica fez com que a segunda etapa se tornasse, em pouquíssimo tempo, mais quente do que a primeira. Assim, aos 54 minutos, num contra-ataque rápido, Frattesi acionou Retegui em profundidade e Casteels esticou o braço para fazer grande defesa, cedendo escanteio aos visitantes. Na sequência da cobrança, a Itália armou um salseiro na área belga, mas não conseguiu finalizar direito em três ou quatro ocasiões. Na última delas, Di Lorenzo cabeceou por cima do travessão.

Depois, dois erros da Itália na entrada da área geraram situações de perigo para a Bélgica. Aos 57 minutos, Tonali perdeu a bola e Trossard experimentou um voleio após corte de cruzamento, mas Donnarumma voou para espalmar para a linha de fundo. Já aos 61, foi a vez de Frattesi bobear. Na sequência da jogada, Openda tentou um arremate cruzado, que levou Donnarumma a esticou a perna para rebater.

A Itália teve uma atuação sólida contra a Bélgica e pouco sofreu (AP)

A compactação da Itália, que trocava passes e envolvia os seus jogadores, controlando a partida através da imposição de Barella, Rovella e Tonali, fez com que as emoções novamente rareassem em meados do segundo tempo. Em contra-ataques, os azzurri até incomodavam, mas Kean – que substituiu Retegui – não foi capaz de finalizá-los bem.

A Bélgica só voltaria a ameaçar a Itália nos 15 minutos finais, e em levantamentos à área. Aos 78, Castagne, ex-Atalanta, cruzou para Lukaku raspar de cabeça e mandar a bola à direita da meta italiana. Já na casa dos 83, Al-Dakhil ajeitou de testa e um chute forte do camisa 11 do Napoli foi desviado em escanteio por Di Lorenzo, seu companheiro de clube. Na cobrança, Faes raspou na pelota com o cocuruto e acertou a trave. Foi a última grande chance da partida, já que a Nazionale se fechou de forma mais eficiente após o susto.

Com uma boa atuação, a Itália pode dizer que neutralizou a Bélgica, já que Lukaku e Trossard raramente incomodaram a defesa azzurra. Apesar de algumas estocadas dos Diabos Vermelhos na segunda etapa, a Nazionale se portou bem e até poderia ter feito outro gol.

Agora, com a classificação assegurada, a trupe de Spalletti deve ser abraçada pelo público de San Siro no domingo, num duelo de muita rivalidade com a França – que não terá Mbappé, deixado de fora da convocação por opção de Didier Deschamps. Em Milão, a seleção italiana poderá até perder por um gol de diferença para os Bleus que manterá a primeira colocação do Grupo A2. E, de quebra, a tão aguardada posição de cabeça de chave nas eliminatórias europeias para a Copa do Mundo.

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