Definitivamente, não é fácil se empolgar com a seleção italiana. Depois de quatro vitórias e um empate nas cinco primeiras rodadas da Liga das Nações, a Nazionale recebeu a França, em Milão, num jogo de equipes já classificadas, podendo perder por até um gol de diferença para manter a primeira colocação do Grupo A2. Contudo, os torcedores que compareceram ao San Siro acompanharam uma atuação pobre, sem inspiração, e que culminou exatamente no único resultado que os italianos deveriam evitar. Com a vitória por 3 a 1, a França impôs aos azzurri a segunda derrota de sua história no Giuseppe Meazza e ultrapassou os rivais, que avançaram às quartas com a vice-liderança.
Pressionado após um empate decepcionante contra Israel, e muito questionado pela não convocação de Mbappé, Didier Deschamps mudou a França para o jogo contra a Itália. O 4-5-1 deu lugar a um 4-3-1-2 com as entradas de Nkunku e Thuram no ataque, substituindo os pontas Barcola e Olise. Do outro lado, repetindo o 3-5-1-1 que derrotou a Bélgica na última rodada, Luciano Spalletti promoveu apenas duas mudanças no time titular. No gol, Vicario recebeu uma oportunidade no lugar de Donnarumma, enquanto Locatelli assumiu a posição de Rovella no meio-campo. Mas, ao contrário da partida anterior, o time passou longe de demonstrar a mesma fluidez em campo.
Depois de tomar o gol mais rápido da história da Eurocopa, contra a Albânia, e o tento mais veloz até então registrado na Liga das Nações, para a própria França, na partida anterior entre as duas equipes, a Itália, sob o comando de Spalletti, mais uma vez permitiu que o adversário rapidamente assumisse a vantagem do placar. Está se tornando uma tradição?
Logo aos 2 minutos de partida, a bola parada começou a castigar os azzurri. Em cobrança de escanteio pela esquerda, Digne colocou a bola na cabeça de Rabiot. Sem dificuldades, o meia subiu mais alto que Buongiorno e abriu a contagem no San Siro.
Para conquistar a liderança do grupo, a França ainda precisava de mais um gol, mas assumiu um ritmo cadenciado após o primeiro tento. No toque de bola, a Itália teve a sua primeira chance aos 8 minutos, quando Maignan defendeu, sem dar rebote, uma finalização de fora da área de Barella. Após a tentativa, o jogo ficou morno.
Com mais briga do que lances de perigo, as equipes erravam muito e não conseguiam sobrepor o sistema adversário. Isso até os 32 minutos, quando uma nova bola parada e uma pitada de azar do goleiro Vicario trouxeram nova emoção ao jogo. Na entrada da área, Frattesi apelou para a falta para conter uma perigosa arrancada de Nkunku. Na cobrança, mais uma vez Digne mostrou a sua qualidade e precisão, com uma cobrança caprichada que superou a barreira e bateu no travessão do goleiro do Tottenham. Para a infelicidade do arqueiro, a pelota voltou em suas costas e morreu no fundo das redes.
Com o placar em 2 a 0, o cenário do grupo mudava. Mas a liderança dos franceses não durou nem três minutos. Aos 35, Dimarco recebeu de Tonali, foi ao fundo e cruzou. A bola encontrou o outro lateral, Cambiaso, que acertou belo chute de primeira para diminuir o marcador e devolver os azzurri ao topo da chave. Depois dos momentos de maior agito, o jogo voltou a entrar em um ritmo inferior. Até o final do primeiro tempo, as equipes não produziram mais oportunidades reais.
As equipes voltaram sem mudanças para o segundo tempo. Nos primeiros minutos, a Itália buscou manter a posse de bola, enquanto os Bleus subiam as linhas para recuperar a pelota e acelerar o jogo. Aos 58, Nkunku assustou a torcida rival com uma bomba de fora da área, com endereço certo. Vicario saltou no canto direito para praticar uma boa intervenção.
Sem conseguir pressionar, a Nazionale tinha dificuldades para superar as linhas francesas. Lenta e com poucas variações de jogadas, a equipe de Spalletti não conseguia assustar, na medida em que a França aumentava o seu tempo com a bola nos pés. O castigo pela morosidade veio aos 65 minutos. De novo bola parada, de novo Digne, de novo Rabiot. Desta vez em cobrança de falta, o lateral mais uma vez foi preciso ao acertar cruzamento na cabeça do ex-volante da Juventus. O cabeceio encobriu Vicario, que nada pôde fazer.
Assim como contra Israel, o arqueiro do Tottenham não teve uma noite feliz em substituição a Donnarumma. O mesmo vale para Locatelli, que voltou a ser titular depois de oito meses e cometeu vários erros. Além de lento na cabeça da área, foi antecipado pelo ex-companheiro de clube no terceiro tento.
Imediatamente após levar o terceiro gol, e ver a liderança do grupo voltar a ficar com a França, Spalletti fez três alterações. Kean, Raspadori e Rovella entraram nas vagas de Retegui, Frattesi e Locatelli. Três minutos depois, em jogada individual, Cambiaso quase deixou novamente a sua marca, em finalização de fora da área. O chute colocado passou a direita do goleiro do Milan.
Sem nenhuma inspiração, a Itália aumentou o ritmo do jogo, mas continuou errando. Maignan foi um mero espectador até os 94 minutos. Após sobra de bola na área, Kean bateu forte, rasteiro, no canto esquerdo do francês, que saltou para fazer um verdadeiro milagre e manter a vantagem da equipe de Deschamps. Foi a última chance do jogo.
A França terminou o Grupo A2 da Liga das Nações com 13 pontos e seis gols de saldo. Com a mesma pontuação, a Itália finaliza a primeira fase em segundo, por conta de um tento a menos no cômputo geral. No outro jogo da chave, Israel bateu a Bélgica por 1 a 0, resultado que não foi suficiente para que deixasse a lanterna e impedisse o seu rebaixamento à Liga B. Ambas as seleções terminaram empatadas em 4 pontinhos, mas o saldo dos Diabos Vermelhos era bem superior – por isso, os belgas jogarão a repescagem pela permanência na elite do torneio. Pensando nas quartas, a Nazionale já sabe que terá pedreira pela frente: Alemanha, Espanha e Portugal podem ser seus adversários.