Mais um fim de semana de gala se anuncia na Serie A. A oitava rodada do campeonato traz nada menos que a reedição da última disputa pelo scudetto, colocando frente a frente os dois campeões mais recentes da Itália num confronto direto que abre a possibilidade de uma nova mudança na ponta da tabela. Em clima de tensão na Campânia, o Napoli tenta reagir após uma sequência preocupante de resultados, marcada inclusive por uma goleada histórica sofrida diante do PSV Eindhoven pela Champions League. Do outro lado, a Inter chega embalada por sete vitórias consecutivas somando todas as competições, vivendo um momento de força e confiança. As duas equipes, vale lembrar, dividem a vice-liderança da tabela com a Roma e perseguem o Milan, que recebe o lanterna Pisa na abertura da jornada.
O grande embate entre Napoli e Inter, postulantes ao título, não é o único clássico da rodada. No fim de semana, a Fiorentina tentará afastar a crise e conquistar sua primeira vitória nesta Serie A contra um Bologna embalado, num raro Dérbi dos Apeninos em que o favoritismo é todo rossoblù. Por fim, o pressionado Igor Tudor voltará à capital italiana para enfrentar a Lazio, equipe que deixou em 2024, após rusgas com o elenco – do outro lado, Maurizio Sarri terá que lidar com um plantel dizimado por lesões em seu reencontro com a Juventus. Além disso tudo, fique de olho no relógio: com o fim do horário de verão na Itália, a partir de domingo os jogos do campeonato ocorrem uma hora mais tarde. Confira, a seguir, a prévia dos principais jogos do fim de semana.
O jogão
Sábado, 25/10, 13h
Napoli x Inter
Vice-líderes em conjunto da atual Serie A, Napoli e Inter voltam a se enfrentar em um duelo que, nos últimos anos, cresceu em termos de rivalidade: além do já conhecido antagonismo entre norte e sul da Itália, a disputa por títulos pelas duas equipes acirrou os ânimos entre as torcidas. Dessa vez, os azzurri, campeões italianos em 2025, tentarão reverter uma sequência negativa, com três derrotas em cinco jogos, entre os quais um 6 a 2 sofrido pelo PSV na Champions League, que representou a sua maior derrota em torneios Uefa e também o tropeço mais elástico de Antonio Conte como treinador. Já os nerazzurri parecem ver dissipadas as dúvidas sobre Cristian Chivu e emplacam sequência de sete vitórias.
O equilíbrio recente no confronto é absoluto: os três últimos encontros entre as equipes na Serie A terminaram com o mesmo placar, 1 a 1 — sequência que nunca se repetiu quatro vezes seguidas na história do duelo. O retrospecto histórico, no entanto, ainda favorece o time do sul. Em casa, o Napoli soma 38 vitórias em 79 partidas com a Inter, número que não alcança contra nenhum outro adversário no campeonato. Apesar disso, o domínio napolitano em seus domínios vem se enfraquecendo: nos derradeiros seis jogos no estádio Diego Armando Maradona, os azzurri venceram apenas uma vez, em 2023.
O time de Conte vive um momento de oscilação e, na Serie A, somou duas derrotas nas últimas três rodadas – o mesmo número de tropeços que havia sofrido nas 31 partidas anteriores do certame. Assim, o Napoli pode alcançar três quedas nas oito primeiras rodadas pela primeira vez desde 2009-10. Só que o desempenho em casa é motivo de otimismo. Desde a derrota para a Lazio, em dezembro de 2024, a equipe obteve 11 vitórias em 14 jogos do campeonato em Nápoles, incluindo três triunfos consecutivos nesta temporada. Um quarto sucesso seguido marcaria um feito raro: apenas em 1965 e 1966 os partenopei ganharam as quatro primeiras pelejas como mandantes em anos consecutivos.
Do outro lado, a Inter chega em alta. Depois das derrotas para Udinese e Juventus no início do campeonato, a equipe de Chivu engatou quatro vitórias consecutivas e figura entre os times mais consistentes da Europa neste momento – apenas Bayern de Munique e Olympique de Marseille têm uma sequência mais longa nas cinco principais ligas. Parte do segredo desse rendimento está na defesa: desde o início da temporada passada, os nerazzurri registraram 12 clean sheets fora de casa, marca que só a Atalanta iguala no continente. Nas últimas cinco partidas, foram quatro.
O estilo agressivo de pressão alta também é uma das marcas desta Inter. Nenhum outro time na Serie A finaliza tanto após recuperar a bola no campo ofensivo (14 vezes) nem marcou mais vezes a partir desse tipo de jogada (três). O Napoli, em seu corner, ainda não conseguiu transformar suas ações de pressão em bolas nas redes, o que evidencia uma menor agressividade do time de Conte. Além disso, a Beneamata é líder europeia em tentos de cabeça nesta temporada – cinco, igualando-se a Arsenal, Barcelona e Chelsea – e já havia terminado o último campeonato com o melhor desempenho nesse fundamento, com 16. Os azzurri, contudo, têm mostrado solidez pelo alto: desde a chegada do seu atual treinador, só foi vazado numa ocasião em lances do gênero.
Prováveis escalações
Napoli: Milinkovic-Savic; Di Lorenzo, Beukema, Buongiorno, Spinazzola; Gilmour; Politano, Anguissa, De Bruyne, McTominay; Lucca.
Inter: Sommer; Akanji, Acerbi, Bastoni; Dumfries, Barella, Çalhanoglu, Mkhitaryan, Dimarco; Bonny, Lautaro.
Fique de olho
Domingo, 26/10, 14h
Fiorentina x Bologna
O domingo em Florença promete tensão e contrastes no Artemio Franchi. De um lado, uma Fiorentina mergulhada em crise, vivendo um início de temporada que já entra para a história pelos motivos errados. Do outro, um Bologna em alta, que chega embalado e com um dos atacantes mais inspirados da Itália. Embora as duas equipes vivam momentos completamente opostos, com os bolonheses surgindo como favoritos, vale destacar que teremos um dos mais tradicionais embates regionais do futebol italiano – os times são rivais e fazem o chamado Dérbi dos Apeninos.
Os números não mentem: o Bologna é o adversário que a Fiorentina mais derrotou na história da Serie A – 58 vitórias em 146 confrontos, além de 46 empates e 42 triunfos rossoblù. Nos últimos encontros, porém, o equilíbrio tem sido total: quatro sucessos para cada lado nas oito partidas mais recentes, sem um único empate desde o 3 a 3 no Renato Dall’Ara em 2021. No Franchi, os gigliati têm sido soberanos, com 13 resultados positivos nas últimas 14 recepções ao rival, incluindo nove jogos sem sofrer gols. O único revés nesse intervalo aconteceu em 2023, quando Orsolini, destaque dos emilianos, foi às redes.
Desta vez, no entanto, o cenário é bem diferente para os donos da casa, que têm o técnico Stefano Pioli sob intensa pressão por uma reviravolta. A Fiorentina ainda não venceu em sete rodadas e repete um início de campeonato tão ruim quanto o de 1977-78 – ano em que também não triunfou nas oito primeiras partidas. Na era dos três pontos, iniciada em 1994, a equipe nunca tinha somado apenas três nos sete compromissos inaugurais do certame. A defesa frágil e o ataque estéril resultaram em um saldo de gols negativo (-5) que o time não via desde a temporada 2001-02, que terminou com rebaixamento. Para completar o quadro sombrio, os violetas perderam as três partidas que disputaram como mandantes, algo inédito em sua história na Serie A, e correm o risco de chegar à quarta derrota consecutiva em casa, o que só aconteceu em 1938 e 1977.
Enquanto isso, o Bologna, atual campeão da Coppa Italia, vive uma fase radiante. O time soma 13 pontos após sete jogos, igualando o início de boas campanhas, como as de 2000-01 e 2001-02, e pode chegar a 16 com um novo triunfo – marca que só alcançou numa ocasião nos últimos 30 anos. A equipe de Vincenzo Italiano, que não estará no banco de reservas no domingo porque está tratando uma pneumonia, vem de duas vitórias consecutivas sem sofrer gols e tenta repetir um feito que não acontece desde fevereiro de 1973: vencer três partidas seguidas mantendo a defesa intacta. O grande nome do momento rossoblù é Orsolini, que atravessa a melhor fase da carreira. O ponta já anotou cinco tentos neste campeonato (exatamente o mesmo número de toda a Fiorentina) e pode enfileirar cinco pelejas balançando as redes pela primeira vez na Serie A. Com 14 gols em 2025, ele é o artilheiro da liga neste ano.
Domingo, 26/10, 16h45
Lazio x Juventus
Está sentindo um cheirinho de empate? Entre o pragmatismo da Juventus e as incertezas da Lazio, que terá sete desfalques, o duelo de domingo promete mais equilíbrio do que brilho. E um campeonato tão apertado, cada ponto e cada gol podem fazer toda a diferença no rumo da temporada, mas o fato é que tanto Igor Tudor quanto Maurizio Sarri precisam triunfar sobre suas antigas equipes para tentarem sair da crise em que estão instalados. De um lado, a Juve vem caindo na tabela e ocupa a sexta posição da Serie A; de outro, o time romano é o 12º e terá que se desdobrar para superar as importantes ausências de Castellanos, Rovella, Cancellieri e Nuno Tavares, além de três reservas.
Lazio e Juventus empataram por 1 a 1 no último confronto, em maio, e poderão registrar duas igualdades consecutivas pelo campeonato pela primeira vez desde 2006. Parece um resultado raro no confronto, mas as formas atuais das duas equipes indicam que são grandes as chances de o duelo sair sem um vitorioso no domingo.
Os números recentes indicam leve vantagem para os biancocelesti quando o palco é o Olímpico. A Lazio só perdeu um dos cinco dos últimos seis jogos em casa contra a Juventus e nenhum dos três mais recentes. Um contraste evidente em relação à década anterior, quando perdera nove dos 10 confrontos anteriores em Roma. Ainda assim, a equipe de Sarri não atravessa um bom momento como mandante: venceu apenas duas das derradeiras 15 partidas em seu estádio pela Serie A, com nove empates e quatro derrotas. Ademais, não sofreu gols em apenas um desses compromissos.
Os sinais de irregularidade voltaram a aparecer nas últimas rodadas. A Lazio vem de dois empates seguidos – contra Torino e Atalanta – e não engata uma sequência maior desde 2018. O ataque, que outrora era o ponto forte da equipe, tem oscilado, e a esperança recai sobre Zaccagni. O ponta se tornou um verdadeiro amuleto: nas últimas duas temporadas, o time venceu todas as 10 partidas em que ele balançou as redes, e já soma 21 jogos de invencibilidade quando marca. A última derrota com gol do camisa 10 data de outubro de 2022.
Do outro lado, a Juventus chega sob pressão e cercada de dúvidas ofensivas. A equipe não marcou nas duas últimas rodadas, diante de Milan e Como, e pode ficar três partidas seguidas sem gols pela primeira vez desde setembro de 2024, quando emplacou uma sequência de três 0 a 0. A má fase ofensiva, aliás, tem resultado num grande número de igualdades para a Vecchia Signora. Desde o início da temporada passada, o time bianconero é o que mais empata nas grandes ligas europeias: 19 vezes em 45 jogos, um índice de 42%. Ainda assim, se há alguém capaz de quebrar a seca, é Vlahovic. O sérvio tem a Lazio entre suas vítimas preferidas desde que chegou à Itália, com sete tentos anotados em todas as competições.
Demais jogos
Sexta, 24/10, 15h45
Milan x Pisa
Sábado, 25/10, 10h
Parma x Como
Udinese x Lecce
Sábado, 25/10, 15h45
Cremonese x Atalanta
Domingo, 26/10, 8h30
Torino x Genoa
Domingo, 26/10, 10h
Verona x Cagliari
Sassuolo x Roma

