Milan e Inter entraram em campo nesta quarta-feira, 10 de maio, dispostos a darem o primeiro passo rumo a mais uma final de Champions League. Longe dos holofotes europeus por um longo tempo, os rivais de Milão travaram o maior embate da história recente dos clubes.
Formações iniciais
As escalações não apresentaram grandes surpresas: Stefano Pioli escolheu Saelamaekers como substituto de Rafael Leão, lesionado, e manteve Bennacer como uma peça mais avançada de meio-campo. Simone Inzaghi optou por manter o trio de meias com Çalhanoglu, Barella e Mkhitaryan, além de Dzeko no ataque, tendo Lukaku como opção no banco de reservas.
A postura da Inter
O início de jogo da Inter ficou marcado por uma postura bastante agressiva na marcação, com os jogadores subindo para pressionar a saída de bola rival e permitindo que Dimarco, em especial, ocupasse posições mais avançadas nessas situações. A ausência de Rafael Leão, principal ameaça em profundidade do Milan, fez que com os nerazzurri ficassem confortáveis para se defenderem com poucas peças na última linha de retaguarda.
No setor esquerdo, Dimarco saltava para pressionar Calabria quando a saída de bola era induzida a ocorrer por ali; pela direita, Barella e Dumfries se alternavam nesse mesmo tipo de ação. Esse mecanismo de pressão forçou o Milan a buscar lançamentos longos, facilmente controlados pelos zagueiros da Inter e com pelotas recuperadas pelo trio de meio-campo.
Essa sequência aconteceu também no lance que originou o segundo gol. Tonali e Krunic se moveram à frente da defesa no intuito de criarem espaço, mas foram acompanhados por Mkhitaryan e Barella, respectivamente. Na saída de bola, Maignan foi forçado a utilizar seu pé esquerdo pela corrida de Lautaro, enquanto Dumfries se preparava para pressionar Hernandez na lateral. O goleiro francês optou pelo passe longo, buscando Giroud – a partir daí, a Inter retomou a posse e finalizou seu ataque rapidamente.
O trio de meio-campo da Inter fez grande partida, vencendo boa parte dos duelos pelo centro e forçando erros do Milan. Juntos, os três somaram 18 recuperações de bola, três cortes, uma interceptação e oito tentativas de desarmes, sendo seis bem-sucedidas.
O placar favorável logo no início da partida deu ainda mais tranquilidade para a Inter, que aos poucos foi baixando a altura de seu bloco de marcação e passando a se defender mais próxima de sua própria área, em seu 3-5-2 tradicional. Dessa forma, os nerazzurri puderam explorar a fragilidade do Milan em transições defensivas, pela superioridade numérica que apresentavam pelo centro.
Buscando diminuir o prejuízo, Pioli optou por colocar Junior Messias pela ponta direita – o brasileiro entrou no lugar de Bennacer, lesionado, e Díaz foi deslocado para o centro. O Milan se viu forçado a atacar com mais jogadores e, por isso, ficou bastante vulnerável ao perder a posse de bola. Ao recuperar a pelota, a Inter encontrou muito espaço pelo centro e poderia ter ampliado o placar em uma de suas transições ofensivas. Tomori e Kjaer estiveram constantemente expostos nessas situações e, individualmente, também estiveram longe de seus melhores dias – foram superados facilmente pela dupla de ataque da Beneamata.

A organização defensiva da Inter também oferecia vantagem em transições ofensivas (BT Sport 1/editada)
Os problemas do Milan em posses longas
A ausência de Rafael Leão, como esperado, se provou um desfalque enorme para o Milan. Afinal, ofereceu conforto à defesa da Inter e Saelamaekers, seu substituto, não compartilha das mesmas características para oferecer perigo em profundidade ou através de combinações com Giroud em bolas longas. Isso significou que o Diavolo não tinha as armas necessárias para punir a marcação agressiva da Beneamata da maneira como se acostumou a fazer na temporada.
Quando construiu o placar e recuou suas linhas, a Inter limitou o espaço disponível para o Milan nas costas de sua retaguarda e evidenciou outro dos problemas da equipe de Pioli: a falta de criatividade diante de um bloco baixo. Até então, o time rossonero era o semifinalista da Champions League com mais ataques diretos – ou seja, jogadas em que a posse começa no campo de defesa e termina com finalização ou toque na área adversária em apenas 15 segundos. Diante da rival citadina, o Diavolo não teve qualquer ação do tipo concluída. O fracasso nessa estratégia pode ser explicado pela combinação entre a ausência de Rafael Leão e a eficácia da Beneamata em sua organização defensiva.
Tonali carrega o Milan no segundo tempo
O cenário do segundo tempo não mostrou grandes alterações estruturais, mas o Milan melhorou a partir das conduções e passes de Tonali. O volante italiano chamou a responsabilidade e foi o principal responsável por criar a melhor chance do Diavolo na partida, desperdiçada por Junior Messias aos 50 minutos. De maneira geral, o nível de competitividade dos rossoneri cresceu – muito porque Thiaw entrou na vaga de Kjaer, aos 59, e lidou melhor com as transições da Inter. Contudo, os problemas da etapa inicial continuaram.
Classificação quase assegurada
O resultado final deixa a Inter bem confortável: a equipe tem mostrado argumentos para ser considerada a melhor defesa da Champions League e sofrer três gols parece algo improvável nessa altura do campeonato – na atual edição do torneio, ocorreu por duas vezes, em empates com Barcelona e Benfica. Inzaghi foi muito bem planejando a partida e demonstrou ter consciência do que precisa fazer para bloquear o ataque do Milan, que fica na torcida pelo retorno de Rafael Leão, mesmo que não esteja 100% fisicamente. A Pioli, resta buscar alguma alternativa para furar o forte bloqueio nerazzurro no jogo de volta.






