A temporada 2025-26 da Serie A terá apenas duas rodadas de meio de semana e uma delas ocorre agora, no fim de outubro. Embora os duelos entre Atalanta e Milan e Inter e Fiorentina apareçam com mais cartaz, vale ficar de olho no confronto bianconero entre Juventus e Udinese. Afinal, a Velha Senhora está em crise e sem técnico, de modo que vai receber os friulanos com um interino no banco de reservas.
Enquanto o jogo de Turim tem ares de incógnita, Milan e Inter terão compromissos complicados, ainda que Atalanta e Fiorentina tenham dificuldade de ganhar – a Dea segue invicta, mas empatou seis vezes em oito rodadas; já a Viola ainda não venceu. Napoli e Roma, que encaram os bem mais acessíveis Lecce e Parma, respectivamente, podem aproveitar para abrirem vantagem na ponta da tabela. Confira, a seguir, a prévia dos principais jogos da jornada.
O jogão
Quarta, 29/10, 14h30
Juventus x Udinese
A Juventus volta ao Allianz Stadium pressionada por uma sequência que começa a incomodar até os mais pacientes e com técnico interino: depois da demissão de Igor Tudor, Massimo Brambilla, da equipe Next Gen (sub-23), dirigirá a gigante. Ao menos, a adversária costuma trazer boa sorte para a formação piemontesa, que vem de oito jogos oficiais sem vencer e de quatro sem marcar sequer um gol – números que pesam demais para uma agremiação acostumada a figurar entre as protagonistas da Serie A. O duelo deste fim de semana contra a Udinese, com quem divide a sétima posição, surge, portanto, como uma oportunidade valiosa para resgatar confiança e deixar o ambiente um pouco menos atribulado para o próximo treinador iniciar seu trabalho.
Historicamente, o confronto pende amplamente para o lado de Turim. A Juventus venceu 70 dos 102 jogos contra a Udinese, uma de suas vítimas favoritas, na Serie A – um aproveitamento de 69%, o melhor índice do clube contra qualquer rival com pelo menos 35 partidas disputadas. Mais recentemente, os números são ainda mais expressivos: seis vitórias nas últimas sete partidas, com seis clean sheets nos triunfos e um saldo total de 11 a 1. Em casa, o domínio é quase absoluto. Desde o último empate no Piemonte, em março de 1990, foram 25 triunfos juventinos em 31 pelejas, contra apenas seis êxitos friulanos.
Mas o passado vitorioso contrasta com um presente repleto de incertezas. A Juventus vive uma das piores fases de sua história recente: desde a vitória sobre a Inter, em meados de setembro, acumula oito partidas sem triunfos e já iguala uma marca que só foi superada em 1955 (nove) 1956 (13) e 1962 (nove). Se não vencer, o time poderá atingir quase uma dezena de jogos consecutivos sem vitória, algo que não acontece há mais de seis décadas. O jejum de gols também é preocupante: são quatro jogos seguidos sem balançar as redes, e apenas uma vez na história, entre outubro e novembro de 1967, a equipe ficou cinco partidas oficiais sem marcar. Desde 1991 a gigante não vivia uma seca tão grande.
Além disso, o Allianz Stadium, tradicional fortaleza bianconera, perdeu parte de sua aura. A equipe empatou as três últimas partidas em casa e pode igualar o recorde negativo de 2006, quando ficou cinco jogos seguidos sem vencer em seus domínios. Tudor tentava encontrar soluções ofensivas, mas os problemas de fluidez e criatividade persistem, com nomes como Vlahovic, Koopmeiners, David e Openda ainda sem retomar o brilho de fases anteriores – só Yildiz e Conceição têm brilhado. Brambilla não terá tempo de inventar a roda e precisará fazer o básico na quarta.
Do outro lado, a Udinese de Kosta Runjaic chega embalada por uma boa campanha fora de casa, que lhe levou a empatar na tabela com a Juventus. Com duas vitórias, um empate e uma derrota em quatro jogos, a equipe friulana somou sete pontos longe de seus domínios – marca inferior apenas à da Roma (12) nesta Serie A. O equilíbrio entre ataque e defesa tem sido a marca do time, que soma cinco gols marcados e cinco sofridos fora de Údine.
Prováveis escalações
Juventus: Di Gregorio; Kalulu, Gatti, Kelly; McKennie, Locatelli, Thuram, Cambiaso; Conceição, Yildiz; Vlahovic.
Udinese: Okoye; Goglichidze, Kabasele, Solet; Zanoli, Piotrowski, Karlström, Atta, Kamara; Zaniolo, Davis.
Fique de olho
Terça, 28/10, 16h45
Atalanta x Milan
O reencontro entre Atalanta e Milan promete ser um dos duelos mais intrigantes da rodada, reunindo duas equipes em sequências invictas, mas com ambições e sequências distintas. De um lado, a Dea, que mantém viva a aura de invencibilidade através de uma miríade de empates; do outro, um Diavolo sólido, equilibrado e confiável fora de casa, determinado a provar que pode competir com consistência pelo título – apesar do inesperado tropeço caseiro no caçula, e então lanterna, Pisa.
O histórico recente favorece os comandados de Ivan Juric, embora os nerazzurri não formem mais o time ultracompetitivo de outrora: a Atalanta venceu as duas partidas contra os rossoneri na última temporada, e só uma vez em toda a sua história conseguiu emendar três triunfos consecutivos sobre o Milan na Serie A, entre 1940 e 1941. Apesar disso, os números dos duelos em Bérgamo também guardam desafios para os mandantes: o Diavolo perdeu as duas derradeiras visitas, é verdade, mas nunca foi derrotado em três compromissos seguidos no terreno da Dea, e marcou em 16 das mais recentes 17 partidas na casa da adversária pelo campeonato, com a única exceção sendo o humilhante 5 a 0 de dezembro de 2019.
Com duas vitórias e seis empates, a Atalanta é uma das únicas duas equipes invictas entre os cinco grandes campeonatos europeus – a outra é o Bayern de Munique –, e pode repetir o feito de 2022-23 ao iniciar a Serie A sem derrotas nas primeiras nove rodadas. Porém, falta ganhar. A Dea vem de quatro paridades consecutivas em todas as competições, algo que não acontecia desde 2011, e empatou as três últimas partidas em casa, as duas mais recentes por 0 a 0. Se repetir este placar em Bérgamo, pode encostar numa marca de 1982, quando somou quatro igualdades seguidas sem balançar as redes como mandante.
O Milan, por outro lado, chega em ascensão e com estatísticas que impressionam. É o único time dos grandes campeonatos europeus que ainda não sofreu gols fora de casa nesta temporada e pode alcançar quatro clean sheets consecutivos como visitante na Serie A pela primeira vez na história. Invicto há oito jogos, somando todas as competições, almeja alcançar uma sequência de nove, o que não ocorre desde 2023.
Individualmente, há personagens que prometem iluminar o confronto. Lookman, que ainda está zerado na temporada, tem no Milan um de seus alvos preferidos – já marcou em três oportunidades contra os rossoneri na Serie A, todas em Bérgamo, incluindo uma doppietta em dezembro de 2023. Pelo lado milanista, Rafael Leão atravessa um momento de brilho: anotou em três ocasiões nas últimas duas rodadas e pode balançar as redes em três jogos seguidos pela terceira vez na carreira. Além disso, o português participou diretamente de gols em cinco dos últimos sete duelos contra a Atalanta, com três tentos e duas assistências.

Após derrota para o Napoli em jogo com polêmicas envolvendo a arbitragem, a Inter encara a Fiorentina – que venceu em jogo de enredo similar (Getty)
Quarta, 29/10, 16h45
Inter x Fiorentina
No fim de semana, Inter e Fiorentina estavam envolvidas em duelos de peso que tiveram participação decisiva da arbitragem – os nerazzurri foram prejudicados no confronto direto pela liderança, contra o Napoli, e os violetas foram beneficiados no Dérbi dos Apeninos com o Bologna, podendo reagir e empatar. O árbitro Simone Sozza certamente estará pressionado e sob escrutínio geral.
Apesar da derrota para o Napoli, as estatísticas fazem crer que o clima na parte nerazzurra de Milão é de confiança pela reação. A Inter venceu sete dos últimos 10 confrontos pela Serie A contra a Fiorentina, somando 22 pontos no período – uma média notável de 2,2 por partida. Em casa, a hegemonia é ainda mais clara: nas últimas nove visitas à capital da Lombardia, a Viola conseguiu apenas um triunfo, com dois empates e seis derrotas, levando 20 gols – uma proporção de 2,2 por duelo.
O desempenho recente dos nerazzurri no Giuseppe Meazza também reforça o cenário favorável. A equipe venceu três das quatro partidas disputadas como mandante neste campeonato e, nas últimas 15 temporadas, só conseguiu começar tão bem em duas ocasiões: em 2017-18, quando venceu todas as cinco, e em 2022-23, quando conquistou quatro das cinco primeiras. Do outro lado, a Fiorentina ainda busca consistência fora de casa. Venceu apenas duas das derradeiras 12 partidas longe de seus domínios pela Serie A e nesta temporada soma três empates em quatro viagens. Apenas nas campanhas de 1999-2000 e 2000-01 os toscanos registraram quatro igualdades nas cinco partidas iniciais como visitante.
O ataque nerazzurro tem sido o grande diferencial da campanha da Beneamata até aqui. Com 19 gols marcados, é o mais produtivo do campeonato, sustentado por um volume impressionante de finalizações – 148 em oito jogos. Ainda assim, o time apresenta um paradoxo curioso: entre os oito primeiros colocados, é também o que mais foi vazado (11 vezes), evidenciando uma vulnerabilidade que a Fiorentina pode explorar caso encontre fluidez ofensiva. O que tem sido difícil, visto que os gigliati só balançaram as redes em sete ocasiões, tendo média de menos de um tento por rodada.
Entre os protagonistas, Çalhanoglu aparece como personagem especial neste duelo. A Fiorentina é a equipe contra a qual o turco mais marcou nos grandes campeonatos europeus (cinco gols) e também aquela diante da qual registrou sua melhor atuação como garçom: em maio de 2018, quando ainda defendia o Milan, distribuiu três assistências em um único jogo. O meio-campista, que balançou as redes no sábado, contra o Napoli, chega em forma e deve ser um dos pilares da Inter, sobretudo após a lesão de Mkhitaryan.
Demais jogos
Terça, 28/10, 14h30
Lecce x Napoli
Quarta, 29/10, 14h30
Como x Verona
Roma x Parma
Quarta, 25/10, 16h45
Bologna x Torino
Genoa x Cremonese
Quinta, 30/10, 14h30
Cagliari x Sassuolo
Quinta, 30/10, 16h45
Pisa x Lazio
