Quando tudo apontava para a abertura gradual do campeonato, à la mercado chinês, Zanetti pegou a sobra de fora da área e mandou no canto de Doni. Com o empate, a diferença mantém-se em nove pontos, sendo que o primeiro critério de desempate, o confronto direto, é favorável à Inter. À Roma basta vencer todos os jogos possíveis e torcer para que a Inter perca pelo menos dez pontos. Mas aí fica a pergunta: é mais difícil a Roma engatar uma série de vitórias ou a Inter uma de derrotas?
A emoção que resta no título é saber se a Inter conseguirá repetir o feito do Milan e conquistar seu primeiro título invicto, logo no ano do centenário. Tarefa complicada, para quem ainda tem pela frente rivais como Juventus e Milan. E pode sentir o peso da Europa. De precisar poupar o time no torneio nacional visando a próxima fase ou reconstrui-lo psicologicamente após uma queda nas oitavas. Para a Roma, que reencontrou seu bom futebol no San Siro, resta a luta pela segunda colocação. Ser vice-campeão, ao menos, rende mais dinheiro da Mediaset e da Sky Italia, que detêm a transmissão da Serie A na Itália, e ainda vaga direta na Liga dos Campeões.
No percalço da Roma está a Juventus, que contou com uma expulsão infantil de Nedved (outra!) para tropeçar no dérbi de Turim. Por pelo menos três vezes o goleiro Sereni foi fundamental – assim como a trave para salvar Buffon de uma cobrança de falta de Rosina. O camisa 10 granata, aliás, começou o jogo no banco em mais uma das intermináveis escolhas não muito perspicazes de mister Novellino. Outra escolha cheia de arrependimento fez Mazzarri, ao poupar Cassano. Se Volpi logo abriu o placar em Bérgamo, um show de Cristiano Doni garantiu o poker da Atalanta sobre a Samp.
Tudo indica que a dupla de Gênova se contentará com briga pela Copa da Uefa. Torna-se meta plausível também para o Genoa, que bateu um Napoli em queda livre com mais um gol de Borriello, agora artilheiro da Serie A. Duas das três vagas para a segunda competição européia, porém, devem ficar com aqueles entre Milan, Fiorentina e Udinese que rodarem na luta pela Liga dos Campeões. Os friulani estão praticamente descartados após a derrota para o Parma, que volta a respirar na luta contra o rebaixamento.
Já a Fiorentina recuperou o quarto posto ao bater o Livorno com o primeiro gol de Papa Waigo pelo time. O Milan, que o tinha conquistado na última rodada, ficou no empate com um sempre indigesto Catania, na Sicília. Catania e Livorno, por sua vez, recobram a atenção após a combinação de resultados desta rodada. Cada um teve uma boa fase razoavelmente duradoura na competição, mas estão de volta à zona do limbo. O time de Camolese é o melhor entre os piores, o de Baldini vem logo a seguir. Quem se afasta um pouco é o Siena, após bater o Cagliari num jogo que complica ainda mais as chances de salvezza do time da Sardenha.
Palermo e Lazio, outros dois que saíram vitoriosos nesta quarta-feira, não têm muito o que comemorar. O protagonismo esperado no início da temporada jamais ocorreu e os dois times dificilmente conseguirão atingir alguma competição européia: o Palermo, pelo clima conturbado em seus bastidores; a Lazio, pelo elenco bastante curto. A lei do ex se fez valer em Lazio-Reggina, com Bianchi sedimentando o time calabrês na zona de rebaixamento ao marcar pela primeira vez com a camisa biancoceleste.
Poder sentir o peso da Europa, para quem, como eu, vê a Inter como uma mega-amarelona continental, é de uma ironia tremenda.
Não leva a Champions League por nada.
Não sei se sente o peso na Itália, até porque, convenhamos: não tem muita força em mínima paridade com eles nacionalmente falando.
Em campeonato que a Juve de Ranieri deve ficar com vaga para a próxima Champions…