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Eterna promessa do futebol italiano, Luigi Sartor ficou íntimo da cadeia

Luigi Sartor começou com o pé esquerdo: em sua estreia pela Juve, aos 17 anos, ele marcou um gol contra no goleiro Peruzzi. Foi a sua única partida na Serie A pelos bianconeri. Na Copa Uefa de 1992-93, entrou em campo e foi o atleta mais jovem da história da Juventus a atuar na competição. Poderia ser um recomeço? Não. O lateral até rodou por grandes equipes da Itália e chegou à seleção, mas nunca atingiu o seu verdadeiro potencial e ficou mais conhecido pelas sucessivas prisões depois de se aposentar.

Nascido em Treviso e oriundo das categorias de base do Padova, o lateral-direito já atuava pela seleção sub-17 quando chegou à Juventus. Com bom porte físico e boa noção defensiva, Sartor tinha tudo para se firmar no futebol italiano – o qual, na temporada seguinte, veria um garoto Panucci ganhar lugar no poderoso Milan.

Foi cedido à Reggiana, mas, em seis meses, nos quais disputou só cinco partidas, surgiu o Vicenza, da Serie B, em dezembro de 1994. O lateral, que já defendia a seleção sub-21, mas precisava se firmar no cenário nacional, logo se transferiu, e ajudou a equipe a subir para a divisão de elite logo de cara. Foi lá que Sartor também jogou de zagueiro–- e com êxito. Titular na lateral direita em suas duas primeiras temporadas, cobriu a saída do sueco Björklund no centro da defesa. Na temporada 1996-97, jogando na zaga, ajudou oslanerossi a conquistar a única Coppa Italia da história do clube.

Antes do inédito título, porém, o defensor havia ganhado uma outra competição importante: o Europeu Sub-21, na Espanha, com a Itália. Luigi Sartor foi reserva de, adivinhem só, Christian Panucci. Aquele elenco também contava com Buffon, Cannavaro, Nesta, Tommasi, Delvecchio e Totti. Alguns meses depois, também disputou a Olimpíada com o grupo sub-23. Este, porém, decepcionou, não passando da primeira fase. As participações internacionais nas seleções de base, somadas ao bom desempenho com o Vicenza, valorizaram o atleta, que assinou com a Inter na temporada 1997-98, aos 22 anos de idade.

Foi como jogador da Inter que o lateral vestiu a camisa da seleção maior pela primeira vez, pouco antes da Copa do Mundo de 1998. Com os nerazzurri, Sartor conquistou uma Copa Uefa – a segunda de sua carreira – e, mesmo sem se firmar, interessou ao Parma, para o qual se transferiu. Vale lembrar que, à época, os gialloblù eram um time de ponta no país e ocupavam as primeiras posições da Serie A. Sua primeira temporada no clube, porém, foi altamente comprometida por problemas físicos: só disputou 13 partidas em um ano. Já 1998-99 rendeu bons frutos: o Parma levou a Coppa Italia e a Copa Uefa.

Sartor chegou a defender clubes grandes, como a Inter, mas não decolou (imago/Baering)

Luigi Sartor, porém, não conseguiu em momento algum ser unanimidade. Mesmo sendo sua passagem mais longa por algum clube (quatro anos), ele não foi capaz de se impor num elenco de nível alto. Àquela época, o Parma pode contar com Thuram, Cannavaro e Sensini só na defesa. O lateral trevisano jogou, nessas quatro temporadas, o que um titular jogaria em duas. Em parte por lesões e em parte por falta de competência, já se encaminhava para o inglório rol das eternas promessas do esporte.

Apesar disso, surgiu a Roma, em 2002, para fechar com o jogador. Ele iria à capital para compor elenco e ser reserva do onipresente Panucci. Lá, Sartor teve poucas oportunidades, e, quando em campo, nunca mostrou grande impacto. Pelo contrário, o lateral foi tão ineficiente que chegou a ser largado no elenco, chegando a contabilizar zero atuação em seis meses. Posteriores empréstimos a Ancona e Genoa não salvaram o atleta, que continuava, além de tudo, sendo atrapalhado por contusões.

Quando seu contrato com a Roma expirou, em 2006, Sartor foi à Hungria para defender o Sopron. Um ano depois, assinou com o Verona e continuou sofrendo com lesões: em uma temporada, foram somente sete partidas disputadas. No início de 2008, novamente desvinculado, reforçou a Ternana, e, aos 33 anos, passou, ironicamente, por uma das melhores fases da sua carreira. Na Lega Pro Prima Divisione, o lateral disputou quase todos os jogos da equipe, ajudando a garantir a permanência do clube na terceira divisão do país. Sartor jogou mais meia temporada, arrumou mais uma lesão no joelho e se aposentou em seguida, aos 34 anos.

Fora dos gramados, a eterna promessa passou a ser um verdadeiro garoto problema. Em 2011, foi preso numa investigação sobre apostas ilegais, acusado de ser intermediário entre os criminosos na gestão financeira dos ilícitos e de lavar dinheiro para eles. Num primeiro momento, foi suspenso do esporte por cinco anos e se livrou das acusações por prescrição, em 2019. Sartor voltaria à cadeia outras duas vezes, por agressões a uma ex-namorada e por manter uma plantação de 106 mudas de cannabis sativa, destinadas ao tráfico de drogas.

Luigi Sartor
Nascimento: 30 de janeiro de 1975, em Treviso, Itália
Posição: lateral-direito
Clubes: Juventus (1992-93), Reggiana (1993-94), Vicenza (1994-97), Inter (1997-98), Parma (1998-2002), Roma (2002-04, 2004-05 e 2005-06), Ancona (2004), Genoa (2005), Sopron (2006), Verona (2006-07) e Ternana (2007-09)
Títulos: Copa Uefa (1993, 1998 e 1999), Europeu Sub-21 (1996) e Coppa Italia (1997, 1999 e 2002)
Seleção italiana: 2 jogos

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