Pasquale Sensibile, apenas seis meses depois de sua contratação como diretor esportivo do Novara, já tem em suas rédeas um time modelo. Após 19 rodadas da Prima Divisione e quatro eliminatórias na Coppa Italia, é o único italiano invicto na temporada. Os azuis do Piemonte formam um conjunto equilibrado, forte e consistente – e nem estamos falando aqui de avatares. Nada mal os cinco pontos de vantagem na liderança sobre a Cremonese. E muito menos ter tirado de combate Siena e Parma, dois times da Serie A, mesmo jogando longe de casa.
Maior entre os dois times da segunda cidade piemontesa mais populosa, o Novara Calcio foi fundado em 1908 por estudantes do colégio Carlo Alberto e desde o início já tinha a camisa azzurra em seus uniformes. Mas só depois da Primeira Guerra Mundial é que começou a colher bons resultados, o que se refletiu nacionalmente: seus principais jogadores começaram a ser convocados para a seleção italiana e a imprensa criou a alcunho do quadrilatero piemontese, que reunia as quatro potências do Piemonte Oriental daqueles anos: Novara, Pro Vercelli, Alessandria e Casale. Para 1929-30, com os torneios nacionais recauchutados, o Novara foi aceito na composição da primeira Serie B da história, onde ficou por sete anos até subir para a Serie A, em 1936.
Tudo bem que o Novara caiu logo em sua estreia, mas na temporada seguinte retornou de forma heróica. A Alessandria, até então líder absoluta da Serie B, só marcou um ponto nas últimas seis rodadas e foi alcançada por Novara e Modena. Com 43 pontos para cada, o trio disputou um spareggio para definir os dois promovidos e os azzurri conseguiram o resultado no jogo de Turim. A década de 1930 ainda marcaria o título da Coppa Italia perdido na final para a Ambrosiana-Inter.
Em 1947, o veterano artilheiro Silvio Piola foi contratado. E sua chegada foi fundamental para que o time vencesse a Serie B logo na primeira oportunidade para depois passar seis anos tranquilos na primeira divisão. Em 1951-52, o Novara treinado por Giovanni Varglien chegou em oitavo, melhor resultado de sua história, com Piola marcando 18 gols aos 38 anos. Hoje, seu nome está ligado de tal forma à cidade Novara que o nome do estádio o homenageia desde 1996, ano de sua morte. O Novara voltaria para a Serie B em 1956, cairia para a Serie C em 1962 e, de lá pra cá, só esteve na cadetteria mais 12 vezes, a última delas em 1976-77.
Sob o comando da família De Salvo desde 2006, o Novara ganhou seu primeiro centro de treinamentos próprio. Com um projeto ambicioso, mas sem resultados convincentes nos três primeiros anos de gestão, uma pequena revolução surgiu em julho para tornar o time o que é hoje: Sergio Borgo, diretor esportivo por oito anos, foi demitido e em seu lugar colocado Pasquale Sensibile, ex-chefe dos olheiros do Palermo. De cara, o novo diesse mandou embora vários jogadores experientes e contratou mais de um time novo, com destaque para o bomber Simone Motta, autor de 12 gols em 15 jogos pela Prima Divisone. Um time para, finalmente, voltar à Serie B depois de 33 anos. E lutar para manter sua invencibilidade frente ao Milan.
As temporadas
22 participações na Serie A, 30 na Serie B e 37 na Serie C.
Os rivais
Com o futebol do Piemonte em ebulição na primeira grande fase do Novara, não se espanta que as maiores rivalidades venham daí: Pro Vercelli, Alessandria e Casale, os mesmos que integravam o quadrilátero piemontês na década de 1920. Ainda por questões de proximidade, a torcida do Novara não é a melhor amiga de alguns times da Lombardia que se habituou a enfrentar nos últimos anos, como Varese e Mantova.
Os brasileiros
Desde 1955 está longe da Serie A, fica complicado para um time modesto da Itália investir em sul-americanos. O único brasileiro em seus registros é Juliano, regista no elenco atual. Revelado pelo Palmeiras, o meia disputou o Brasileirão por Coritiba, Flamengo e Juventude antes de chegar à Itália, onde foi muito bem por Lecce e Pisa. Após passagens frustadas por Marítimo, de Portugal, e Joinville, de Santa Catarina, Juliano voltou para onde se deu melhor e fechou com o Novara em julho.
Os selecionáveis
Silvio Piola, maior artilheiro da história da Serie A, ídolo da Lazio e considerado por muitos o inventor da bicicleta, terminou a carreira no Novara e fez dois jogos pela seleção enquanto vestia a camisa azzurra. Além dele, o Novara emplacou mais quatro jogadores na Nazionale, todos entre 1920 e 1923: os centro-médios Ettore Reynaudi e Mario Meneghetti e os atacantes Giustiniano Marucco e Enrico Migliavacca. O último, com três gols, foi o único deles a marcar pela seleção.
O onze histórico
Angelo Caimo; Duccio Rabaglio, Giovanni Udovicich; Luciano Marmo, Ezio Rizzotti, Filippo Porcari, Ettore Reynaudi; Silvio Piola, Otello Torri, Marco Romano, Raffaele Rubino. Técnico: Carletto Parola.
Quem mais jogou
Giovanni Udovicich, 516 jogos.
Quem mais marcou
Marco Romano, 96 gols.