Desde 1974 a seleção italiana não era eliminada na primeira fase de uma Copa do Mundo. Daquela vez, ao menos venceu uma partida (3 a 1 contra o Haiti). Esse ano, na África do Sul, nem isso. Em um dos grupos mais fracos do Mundial, os comandados de Lippi sucumbiram diante de seleções fracas como Nova Zelândia e Eslováquia. Não obstante, terminaram na última colocação do grupo.
Era a crônica de uma morte anunciada. Muito anunciada. Há tempos, imprensa e torcida questionavam a nazionale. Lippi, ao melhor estilo Dunga, ria e ignorava. Tinha total certeza de que o grupo campeão de 2006 era forte. Abraçou-o e protegeu-o como se fosse seu filho. O problema é que preferiu não enxergar os defeitos do próprio filho. Levou à África um grupo envelhecido e sem talento, com peças que alguns definiriam como ex-jogadores em atividade. Lippi preferiu ignorar a má fase de grande parte dos jogadores em prol de uma equipe unida. Só ao fim da péssima campanha percebeu o erro: “É tudo culpa minha”, assumiu após a derradeira partida contra a Eslováquia.
Lippi se mostrou perdido na África. Em três jogos, três esquemas táticos diferentes. Contra o Paraguai, na estreia, um 4-2-3-1 com Iaquinta, Gilardino e Pepe formando o tridente ofensivo, enquanto Pazzini, Di Natale e Quagliarella esquentavam banco. No meio, Montolivo e Marchisio, fora de posição, também não foram bem. Na segunda partida, contra a Nova Zelândia, o técnico escalou o mesmo time, mas recuou mais Pepe, formando um estranho 4-4-2, que não obteve sucesso em momento algum do jogo. E no último jogo, um 4-3-3, contra a Eslováquia, quando o time acordou tarde demais e perdeu a vaga para as oitavas.
Em todas as ocasiões, ficou clara a falta de criatividade do time italiano. A ausência de Pirlo pode até ter sido a responsável por isso, mas não era a obrigação de uma grande seleção ter um substituto a altura para um de seus principais jogadores? Em momento algum Lippi pensou dessa maneira. Sacrificou a habilidade de alguns em troca de confiança. “Totti ou Del Piero serviriam”, falou Maradona depois da eliminação. Balotelli, Cassano ou Miccoli também, diria uma outra centena de torcedores. Mas já era tarde demais, os 23 de Lippi já tinham marcado sua participação na Copa de 2010. E negativamente.
Erro também da Federação Italiana, que não teve paciência com a renovação de Donadoni e readmitiu Lippi, para que seguisse com seu projeto ultrapassado. Agora, fica para Prandelli a difícil missão de reconstruir todo um time, que praticamente não tem base. Ele já mostrou ser capaz disso. Mostrou também que valoriza a qualidade do jogador, acima de qualquer coisa. Basta ver se a Federação terá paciência e não o derrubará depois dos primeiros tropeços.
*O título é do jornal Libero, de Milão. É uma referência ao prêmio Bidone D’Oro, distribuído aos piores jogadores do Campeonao Italiano.
Confira aqui as capas dos jornais italianos no dia seguinte à eliminação.
Se deixarem Prandelli trabalhar em paz, ele concerteza ira formar uma boa seleçao, hj existem muitos novos talentos surgindo na Italia, e outros já com mas experiencia (24 a 27 anos) que concerteza podem somar muito.
Tenho uma pergunta, nao assisti todos os jogos da Azzurra e nem acompanhei todas as escalaçoes dos jogos, mas me diz ai o capitão Doriano, Palombo não entrou em nenhuma partida ???
Dantas, Palombo não entrou em nenhuma partida mesmo. ;]
Nessa parte aí final, discordo da parte da mudança de treinador. Donadoni foi medíocre e tinha mesmo que cair. O problema foi realmente a contratação de Lippi. Não lembro se fui eu quem fez o post, mas fui bem contra esse retorno.
O texto está ótimo, mas não é por nada não, ninguém vai falar da contratação de Rafael Benítez como treinador da Inter>>> Foi a primeira movimentação do Calciomercato italiano e nada se falou disso.
Tá no planejamento, sim. Vamos esperar as primeiras movimentações de Benítez pra evitar cair na mesmice 😉