Roberto Baggio, ainda aos 34 anos, disse: “Era 1973 quando meu pai disse que me levaria, pela primeira vez, a um estádio de futebol. Era o Estádio Menti, em Vicenza, e fazia muito frio. Era inverno. Um inverno tão rigoroso que proibia uma criança de apenas seis anos sair de casa. Mas, para essa criança, era um sonho poder ver seu ídolo, o craque Chinesinho, jogar.
Chinesinho (ou Cinesinho, como era chamado na Itália) formou um time inesquecível para os palmeirenses em 1959, após jogar pelo Internacional. Esta equipe do Palmeiras foi campeã paulista contra o Santos de Pelé. Jogador de seleção brasileira, o meia-esquerda defendeu 17 vezes a equipe nacional, mas não foi ao Mundial de 1962, no Chile – Mengálvio ficou com a vaga. Seu único título com a canarinho foi o dos Jogos Pan-Americanos de 1956 quando o Brasil foi representado pelo selecionado gaúcho e ficou com o ouro.
Após a Copa do Mundo de 1962, o jornalista-empresário italiano Geraldo Sanela, encantado pelo toque de bola refinado do gaúcho, levou o jogador para o Modena. Cinesinho ficou na equipe gialloblù apenas uma temporada e foi repassado ao Catania. Após dois anos terminando no meio da tabela da Serie A pelo time siciliano, o meia se transferiu para Turim. Apesar da posição intermediária na tabela, o brasileiro tinha moral: era o capitão da equipe.
Pela Juventus, o rapaz troncudo de olhos puxados precisou de duas temporadas para conquistar seu primeiro e único scudetto. Em 1966-67, Cinesinho ajudou a Velha Senhora, com a sua extraordinária capacidade de drible e assistências, a voltar a vencer a Serie A, após seis anos na fila. Em 1968, com 33 anos, o meia chegou ao Vicenza para substituir o atacante Luís Vinício, artilheiro da Serie A em 1965-66 e um dos maiores goleadores da história biancorossa.
Os torcedores locais que admiravam Vinício passaram a ter em Cinesinho seu novo ídolo, assim como Baggio. O jogador decidiu trocar de ares em 1972. Foi um dos primeiros brasileiros a defender o norte-americano New York Cosmos, antes de Pelé, Carlos Alberto e Marinho Chagas.
Após encerrar a carreira, Cinesinho tentou ser treinador. A falta de aptidão, porém, fez com que fracassasse em sua primeira temporada: no Lanerossi Vicenza, caiu para a Serie B. Na Itália, ainda comandou Foggia, Forlì e Bassano, entre os profissionais, e o Modena, na base. Nos juvenis dos canários, teve um tal de Luca Toni entre seus pupilos.
Sidney Júnior, filho do ex-meia, chegou a ter uma modesta carreira no país, atuando na base do Catania e no time adulto do Forlì, que disputava a terceirona na década de 1980. Chinesinho ficou entre o Brasil e a Itália naqueles anos, inclusive. Até treinou o Palmeiras em 14 jogos, em 1985. Ao se aposentar da carreira de técnico, o gaúcho voltou para Rio Grande e faleceu em 2011, aos 75, após lutar contra a Doença de Alzheimer. Foi homenageado, claro, pelo Catania, antes de uma partida contra a Lazio, pela Serie A.
Sidney Colônia Cunha, o Chinesinho
Nascimento: 28 de junho de 1935, em Rio Grande (RS)
Morte: 16 de abril de 2011, em Rio Grande (RS)
Posição: meio-campista
Clubes: Renner (1954), Internacional (1955-58), Palmeiras (1958-62), Modena (1962-63), Catania (1963-1965), Juventus (1965-68), Lanerossi Vicenza (1968-72), New York Cosmos (1972) e Nacional-SP (1973-74)
Títulos: Campeonato Gaúcho (1954 e 1955), Jogos Pan-Americanos (1956), Campeonato Paulista (1959), Taça Brasil (1960) e Serie A (1967)
Clubes como técnico: Lanerossi Vicenza (1975-76), Foggia (1978-79), Forlì (1979-81 e 1984), Palmeiras (1985) e Bassano (1985-87)
Seleção brasileira: 17 jogos e 7 gols