O galês é uma língua oriunda de antigas línguas celtas e é falada no País de Gales, em alguns países de língua inglesa e em uma província argentina, segundo informações da Wikipédia. Muito complicado, o galês é capaz de formar palavras tão grandes como Llanfairpwllgwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch. Porém, para Maicon, talvez seja mais confortável tentar aprender a balbuciar na língua do País de Gales do que marcar o galês Gareth Bale.
Depois de duas excelentes atuações contra a Inter, nas quais aprontou dois verdadeiros carnavais em cima de Maicon, o meia externo galês começou a chamar mais atenção internacional (afinal, já vinha jogando bem pelo Tottenham na Premier League) e vai se consagrando como um dos principais nomes da posição em nível mundial. O galês, por sinal, já vinha sendo sondado pela Inter desde a época em que José Mourinho treinava o clube: Bale era um dos jogadores mais admirados pelo treinador português, mas nenhuma negociação foi efetivamente iniciada. Atualmente, com o aval do presidente Massimo Moratti, o diretor esportivo Marco Branca já iniciou negociações com o clube londrino para ter o jogador, que também interessa à Juventus, mas que dificilmente deve deixar o Tottenham.
Apesar da excelente forma de Bale, é inegável que o Maicon desta temporada vem bem abaixo do que podia. Após permanecer em Milão por mais uma temporada apesar de uma proposta do Real Madrid, há quem diga que o lateral não está mais com a cabeça focada na Inter. Fato é que o brasileiro ainda não fez nenhuma grande partida em 2010-11 e parece ter alguns problemas na gestão da carreira: existem rumores de que o jogador estaria insatisfeito com o trabalho do agente Antonio Caliendo e estaria acertando com o agente Mino Raiola, especialista em forçar saídas – foi ele, por exemplo, que forçou as saídas de Ibrahimovic de Inter e Barcelona.
Os problemas da Inter, porém, não se resumem apenas a má forma de Maicon. Especialmente na derrota de ontem, a Inter esbarrou na falta de opções para o meio-campo. Tomado por lesões musculares, o setor está desfalcado de Thiago Motta, Mariga, Stankovic, Cambiasso, Obi e Muntari – o ganês se lesionou no decorrer da partida no White Hart Lane e é a 16ª baixa na temporada por lesões de natureza muscular. Para um time construído com a noção de que a posse de bola deve ser prioridade, é complicado trabalhar com jogadores menos capacitados que os titulares. O jovem Nwankwo, que se saiu bem na base na última temporada, entrou na partida de ontem e sentiu o peso de enfrentar Bale e Modric – outro em grande noite, autor de uma bela assistência para o gol de van der Vaart.
Outro inexplicável erro de Benítez é o fato de a defesa jogar muito mais avançada do que na última temporada. Lúcio e Samuel nunca foram jogadores que se destacaram exatamente pela velocidade e, além disso, não são mais garotos. Colocá-los para atuar avançados significa fazer com que se cansem mais ao realizar mais coberturas e dar mais espaços para atacantes rápidos, que podem ganhar duelos de velocidade muito facilmente contra a dupla. Esperar cruzamentos e cortá-los com facilidade – como a dupla fazia na temporada passada com o posicionamento orientado por José Mourinho -, um dos fortes da equipe que levantou a tripletta, tornou-se tarefa mais complicada.
Além disso, é preciso lembrar que Maicon é um jogador que ataca bastante e deixa espaços com suas subidas, o que frequentemente pode deixar a defesa mais vulnerável. Zanetti, sempre escalado para cobrir as subidas do brasileiro, tem atuado mais centralizado a partir da chegada de Benítez e não tem oferecido o suporte necessário. Biabiany, que atuou pelo lado direito contra o Tottenham é deficiente na marcação e também não conseguiu ajudar a conter os avanços de Bale.
Se Chivu continua subindo pouco e ajuda a contrabalancear o ímpeto ofensivo do lado direito do time, a solidez defensiva da Inter de Mourinho praticamente não foi mantida por esta de Benítez. Embora nesta temporada, a equipe nerazzurra tenha registrado recorde do clube ao sofrer apenas quatro gols em sete rodadas, é notório que o time tem dado mais espaços e sofrido mais defensivamente. Levar três gols em duas partidas consecutivas não acontecia aos meneghini a bastante tempo.
Benítez sabia que seria muito difícil substituir José Mourinho à altura, após a tripletta na última temporada. O espanhol, até agora, parece isolado no clube: se não há declarações que o desabonem, por parte de jogadores e diretoria, também não é possível perceber que a cúpula interista e o elenco o apoiam firmemente. Por outro lado, a visita de Mourinho à Milão, nesta quarta, mexeu com a torcida e os jogadores: muitas faixas de agradecimento dos tifosi puderam ser vistas pela cidade da Lombardia, enquanto alguns jogadores da Inter fizeram uma visita ao ex-treinador. Mensagens (nem tanto) sutis para Benítez: não há contentamento pleno com o desempenho do time.
Para quem desejar se aprofundar ainda mais na parte tática, o blog Zonal Marking traz um excelente texto (em inglês) sobre o duelo tático da partida desta terça.
Clique aqui para ver o relato e os gols da partida.
Acho que vocês deveriam escrever um artigo sobre a clara decadência do futebol italiano frente as outras ligas. É iminente a perda da quarta vaga da UCL para os alemães e se continuar assim pode perder mais para outras ligas do continente. Uma pena!
Olá, Júlio.
O Braitner fez um texto sobre isso na última temporada. Leia aqui: http://www.quattrotratti.com/2010/03/uma-europa-menos-italiana.html
abraço!